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Clima de transamazonica

01/02/2005

Fonte: CB, Brasil, p.14



Clima de tensão na Transamazônica
Ullisses Campbell
Da equipe do Correio
Índios, colonos e produtores rurais da Transamazônica estão em clima de tensão por conta da criação da segunda reserva dos índios Arara, entre os municípios de Altamira, Uruará e Placas, no sudoeste do Pará. Organizações não-governamentais que atuam na região estão com receio de que a possível retirada de mais de mil famílias de agricultores que moram na área gere conflitos. A área é uma das mais violentas do país.
A Fundação Nacional do Índio (Funai) já realizou um estudo definindo os limites da reserva indígena, mas, a pedido dos produtores da Transamazônica, uma decisão judicial anulou o levantamento. O diretor de assuntos fundiários da Funai, Arthur Nobre, anunciou ontem que a demarcação da reserva está suspensa. “Neste momento, estamos fazendo outro estudo para redefinir os limites da reserva”, ressaltou Nobre.
A área que a Funai pretende transformar em reserva indígena se chama Cachoeira Seca e tem 760 mil hectares. A primeira reserva dos Arara, já demarcada e homologada pelo Ministério da Justiça, a Laranjal, tem cerca de 300 mil hectares e foi criada em 1989. A intenção da Funai, agora, é unir as duas reservas e retirar os colonos da região.
Um dos maiores opositores a demarcação é a Igreja Católica, em Uruará. “Hoje, do jeito que a colonização avançou, não tem mais como tirar os colonos da área. É preciso a Funai resolver essa situação com os índios e com os colonos, pois a reserva já deveria ter sido demarcada e homologada”, diz o padre Blásio Henz , da Comissão Pastoral da Terra (CPT). O padre lembra que nunca na história da Transamazônica houve casos de conflitos entre índios e colonos.
Títulos definitivos
Na região em questão, existem três associações de produtores, cujos membros já receberam títulos definitivos de terra do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e financiamentos do Banco do Brasil e Banco da Amazônia (Basa) para plantação. Segundo Jaime Antoninho Zaffari, presidente da Associação Agro-Extrativista da Transamazônica, se os produtores forem expulsos do local, a maioria conseguirá recomeçar os negócios. “Estou assentado na área há 20 anos. Planto cacau, pimenta do reino e café, alem da cultura de subsistência. Para onde eu iria, caso fosse expulso?”, questiona Zaffari.
Na semana passada, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Uruará, Carlindo Lima da Silva, organizou um protesto junto aos colonos, que culminou com o fechamento por dois dias da rodovia Transamazônica, na altura do Rio Curuatinga, no município de Placas. O protesto era para a Funai parar o estudo para a nova demarcação da reserva. “O acordo foi que a demarcação seria suspensa até que se fizesse um estudo antropológico, ouvindo a comunidade. A análise foi feita, mas a comunidade não foi ouvida”, reclama Carlindo.
Segundo levantamento do Incra, na área demarcada pela Funai há 25 escolas com mais de 700 alunos, 1.356 instalações e construções rurais; 42.310,45 hectares de pastagens; 6.068,5 hectares de pomares, culturas perenes, semi-perenes, temporárias e sistemas agroflorestais; 9.076 hectares de capoeira; 630 quilômetros de estradas vicinais, 105 quilômetros de ramais intensos, 160 quilômetros de cerca de arame; posto de saúde com 21 agentes comunitários de saúde; 18 igrejas católicas. 12 igrejas evangélicas; 40 mil cabeças e gado vacum e 350 máquinas agrícolas.

CB, 01/02/2005, p. 14
 

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