From Indigenous Peoples in Brazil

News

Funai e polícia discordam

21/08/2001

Autor: Jorge Gouveia

Fonte: Jornal do Tocantins- Palmas-TO



Ainda se recuperando do ferimento a bala, sofrido em uma emboscada na última sexta-feira, na região da Fazenda Gorgulho, quando fazia cumprir um mandado de prisão, o delegado Ricardo Moreira Salles, explicou ontem que não entrou na reserva indígena Xerente e que o guia deles, um índio, teria passado próximo a uma placa indicando a reserva, para chegar até a casa do acusado de pistolagem José Martins dos Reis, o Paixão.
Nós estávamos sendo guiados por uma pessoa que conhece bem a região e quando me deparei com a placa indicando a reserva eu disse que por alí não podíamos passar. Foi quando esse morador da região explicou que outro caminho seria de quase 8 quilômetros para fora da reserva, mesmo assim eu preferi ir por ele. Quando estávamos a cerca de 200 metros dessa casa que pertence ao Neca, em direção a casa do Paixão, fomos emboscados e após ser ferido, minhas duas pistolas caíram no chão e não consegui ver mais nada. Um dos agentes também sofreu um tiro e dei ordem de retirar, explica o delegado, acrescentando que quer tudo apurado, principalmente a acusação da Funai, uma vez que no local, ele afirma que não havia placas e nem indicativo de reserva. A Funai deveria vistoriar as aldeias para ver se existem lá pistoleiros e armas, argumenta.
Funai
O administrador da Fundação Nacional do Índio (Funai), Gilson Garcia Nunes, informou ontem que esteve no local onde teria ocorrido o conflito. Ele acusa a polícia de ter cometido uma ação desastrosa dentro das terras indígenas. Para Nunes eles deveriam ter procurado pela Funai antes. Não existe essa coisa de pistoleiros dentro das terras indígenas, quando o delegado chegou havia na casa apenas o Ranulfo, um cunhado dele e o Paixão, que teria corrido na hora. Depois é que vieram os outros índios, explica.
O dirigente da Funai alega que os índios usam apenas armas de caça e não têm armas pesadas como os policiais haviam afirmado e também não houve emboscada, os policiais é que invadiram atirando e os índios teriam revidado. O paixão se entregou a mim, ele explicou que realmente tem um processo em São Félix do Xingu e que é tratado pelos índios como um vizinho que os ajuda, informou.
Prisão
Com a chegada da Polícia Federal na região ainda no sábado, os próprios índios entregaram o acusado de pistolagem José Martins dos Reis, que nega a participação na emboscada. Reis e o índio Ranufo Xerente (Neca), acusado de atirar contra os policiais foram trazidos para a sede da Polícia Federal por medida cautelar.
 

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