From Indigenous Peoples in Brazil
News
Outro bebe indio morre de desnutricao
23/03/2005
Fonte: O Globo, O Pais, p.14
Outro bebê índio morre de desnutrição
Paulo Yafusso
Especial para O GLOBO
A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) não conseguiu salvar a vida da criança indígena Vitória Acosta, nascida prematura aos 7 meses e que no último dia 14 tinha sido transferida de avião de Dourados para a Santa Casa de Campo Grande, a 220 quilômetros de distância. Ela morreu na manhã de ontem, de desnutrição. Só neste ano, 12 crianças indígenas morreram, sendo nove por problemas nutricionais graves.
Vitória foi a segunda criança indígena internada por problemas nutricionais no Hospital da Mulher a ser transferida para a Santa Casa de Campo Grande, depois que a Funasa levantou a suspeita de que crianças internadas naquele hospital estavam morrendo por causa de infecção hospitalar. O primeiro foi Alex Arce, de 8 meses, que chegou à capital um dia antes de Vitória. Ele continua internado na Santa Casa.
O Ministério da Saúde também antecipou a inauguração da pediatria do Hospital Universitário de Dourados, ocorrido no último dia 14.
A transferência da indiazinha nascida prematura foi uma operação arriscada e contra o tempo. Desde que nasceu, com pouco mais de um quilo, ela era mantida numa incubadora no Hospital da Mulher. Segundo a Funasa, o que teria motivado a transferência foi uma transfusão de sangue inadequada. Para fazer a transferência, a Funasa contratou uma empresa de táxi aéreo que teve que adaptar a aeronave para funcionar como uma UTI neonatal.
Duas crianças índias morreram no fim de semana
No fim de semana, a Funasa registrou a morte de duas crianças índias. Uma delas era de uma família que há anos morava numa área próxima à rodovia, num viveiro de mudas. A criança, de 1 ano e 2 meses, havia sido internada no início do mês, mas foi retirada do hospital pelos pais, que assinaram um termo se responsabilizando pela suspensão no atendimento hospitalar. A outra era de Amambaí e morreu antes de ser atendida no hospital da cidade.
E ontem em Dourados, na audiência promovida pela Comissão Externa da Câmara Federal que investiga as causas da desnutrição indígena em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, várias autoridades foram ouvidas pelos deputados federais. Ao prestar depoimento, o prefeito de Dourados, Laerte Tetila (PT), disse que o problema da saúde nas aldeias indígenas é a explosão de natalidade. Segundo ele, por ano nascem em média 500 crianças indígenas na região, e a prefeitura não tem condições de atender.
Já o médico pediatra Zelik Trajber, que atua na área de saúde indígena desde a criação do Centro de Reabilitação Nutricional (Centrinho), além da redução do território indígena, outro problema grave que contribui para o surgimento de doenças entre as crianças é a falta de saneamento básico, principalmente água.
O Globo, 23/03/2005, p. 14
Paulo Yafusso
Especial para O GLOBO
A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) não conseguiu salvar a vida da criança indígena Vitória Acosta, nascida prematura aos 7 meses e que no último dia 14 tinha sido transferida de avião de Dourados para a Santa Casa de Campo Grande, a 220 quilômetros de distância. Ela morreu na manhã de ontem, de desnutrição. Só neste ano, 12 crianças indígenas morreram, sendo nove por problemas nutricionais graves.
Vitória foi a segunda criança indígena internada por problemas nutricionais no Hospital da Mulher a ser transferida para a Santa Casa de Campo Grande, depois que a Funasa levantou a suspeita de que crianças internadas naquele hospital estavam morrendo por causa de infecção hospitalar. O primeiro foi Alex Arce, de 8 meses, que chegou à capital um dia antes de Vitória. Ele continua internado na Santa Casa.
O Ministério da Saúde também antecipou a inauguração da pediatria do Hospital Universitário de Dourados, ocorrido no último dia 14.
A transferência da indiazinha nascida prematura foi uma operação arriscada e contra o tempo. Desde que nasceu, com pouco mais de um quilo, ela era mantida numa incubadora no Hospital da Mulher. Segundo a Funasa, o que teria motivado a transferência foi uma transfusão de sangue inadequada. Para fazer a transferência, a Funasa contratou uma empresa de táxi aéreo que teve que adaptar a aeronave para funcionar como uma UTI neonatal.
Duas crianças índias morreram no fim de semana
No fim de semana, a Funasa registrou a morte de duas crianças índias. Uma delas era de uma família que há anos morava numa área próxima à rodovia, num viveiro de mudas. A criança, de 1 ano e 2 meses, havia sido internada no início do mês, mas foi retirada do hospital pelos pais, que assinaram um termo se responsabilizando pela suspensão no atendimento hospitalar. A outra era de Amambaí e morreu antes de ser atendida no hospital da cidade.
E ontem em Dourados, na audiência promovida pela Comissão Externa da Câmara Federal que investiga as causas da desnutrição indígena em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, várias autoridades foram ouvidas pelos deputados federais. Ao prestar depoimento, o prefeito de Dourados, Laerte Tetila (PT), disse que o problema da saúde nas aldeias indígenas é a explosão de natalidade. Segundo ele, por ano nascem em média 500 crianças indígenas na região, e a prefeitura não tem condições de atender.
Já o médico pediatra Zelik Trajber, que atua na área de saúde indígena desde a criação do Centro de Reabilitação Nutricional (Centrinho), além da redução do território indígena, outro problema grave que contribui para o surgimento de doenças entre as crianças é a falta de saneamento básico, principalmente água.
O Globo, 23/03/2005, p. 14
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