From Indigenous Peoples in Brazil
Noticias
Peões expulsos por índios perambulam por Iguatemi
29/01/2004
Fonte: OESP, Nacional, p. A10
Peões expulsos por índios perambulam por Iguatemi
Vivendo em pensões e sem seus pertences, eles temem ficar desempregados
José Maria Tomazela
Enviado especial
Móveis de sala, quarto e cozinha, televisão, geladeira, fogão, ventilador, bicicleta e algumas malas de roupas, tudo o que o tratorista Osmar do Amaral conquistou em dez anos de trabalho em fazendas da região de Iguatemi, em Mato Grosso do Sul, cabe agora em duas folhas de papel. A casa e tudo o que havia no interior ele foi obrigado a deixar para trás para sair vivo da Fazenda São Jorge, invadida no dia 22 de dezembro pelos índios caiovás-guaranis. Vivo, mas não ileso: Amaral afirma ter sido surrado a pauladas por cinco índios e ainda está fazendo tratamento fisioterápico para se livrar das dores e das contusões. Ele vive com a mulher Claudivânia, de 28 anos, e os filhos Vanessa, de 7, e Rafael, de 3, num quarto de pensão. A hospedagem e o tratamento estão sendo custeados pelo patrão, que também pagou seu último salário. Se os índios não deixarem logo a fazenda, o tratorista ficará desempregado.
Outros 35 trabalhadores rurais da região vivem o mesmo drama. Expulsos pelos índios que ocupam 14 fazendas, perambulam pela cidade atrás de trabalho.
Amaral relacionou os bens que ficaram na fazenda e espera um dia poder reaver pelo menos as tralhas usadas nas montarias, como arreios, esporas, joelheiras, luvas, capas e pelegos. Nos rodeios, costuma montar bois e cavalos. Ele reconheceu o colete escuro no corpo de um índio pelas fotos de jornais. A menina Vanessa só espera recuperar a boneca que não pôde levar de casa. "Era grande assim."
Amaral conta que foi agredido porque não tinha as armas que os índios queriam. "Eles diziam que eu era pistoleiro." O tratador Lindomar Novaes Alves, de 34 anos, foi expulso da Fazenda São José. "Dá vontade de fazer uma bobagem", revolta-se. Ele mudou-se do Paraná há 8 meses com a mulher e 4 filhos atraído pelo que considerava um bom emprego. "Tinha uma casa confortável e bem aparelhada, mas os índios entraram e foram quebrando tudo." Além de ficarem com o que havia no imóvel, os invasores exigiram que ele entregasse o relógio e o telefone celular. "Nem a polícia entra assim numa casa sem um mandado do juiz."
Ajuda - Alves está apreensivo com a situação do gado pelo qual era o responsável. "Imagino aqueles bois passando fome e sede ou sendo carneados pelos índios e fico ainda mais revoltado." O braçal Pedro Gomes Ferminiano, de 47 anos, usa roupas que mal servem no corpo. Foram emprestadas pelos colegas da pensão onde fica hospedado. Todos os seus bens estão na Fazenda São Jorge, de onde saiu perseguido por índios que, segundo ele, pretendiam matá-lo. "Larguei até as botinas para trás e atravessei o rio a nado."
O Rio Iguatemi, que Ferminiano foi obrigado a atravessar, tem 80 metros de largura. Ele ficou sabendo que sua casa foi desmontada. "Tiraram as telhas e as paredes de madeira." O capataz da Fazenda Remanso, Genivaldo Santos Pereira, de 37 anos, também saiu de casa com a roupa do corpo. "A gente que sempre trabalhou e cuidou da própria vida fica envergonhada de ter que pedir ajuda para amigos e parentes."
OESP, 29/01/2004, Nacional, p. A10
Vivendo em pensões e sem seus pertences, eles temem ficar desempregados
José Maria Tomazela
Enviado especial
Móveis de sala, quarto e cozinha, televisão, geladeira, fogão, ventilador, bicicleta e algumas malas de roupas, tudo o que o tratorista Osmar do Amaral conquistou em dez anos de trabalho em fazendas da região de Iguatemi, em Mato Grosso do Sul, cabe agora em duas folhas de papel. A casa e tudo o que havia no interior ele foi obrigado a deixar para trás para sair vivo da Fazenda São Jorge, invadida no dia 22 de dezembro pelos índios caiovás-guaranis. Vivo, mas não ileso: Amaral afirma ter sido surrado a pauladas por cinco índios e ainda está fazendo tratamento fisioterápico para se livrar das dores e das contusões. Ele vive com a mulher Claudivânia, de 28 anos, e os filhos Vanessa, de 7, e Rafael, de 3, num quarto de pensão. A hospedagem e o tratamento estão sendo custeados pelo patrão, que também pagou seu último salário. Se os índios não deixarem logo a fazenda, o tratorista ficará desempregado.
Outros 35 trabalhadores rurais da região vivem o mesmo drama. Expulsos pelos índios que ocupam 14 fazendas, perambulam pela cidade atrás de trabalho.
Amaral relacionou os bens que ficaram na fazenda e espera um dia poder reaver pelo menos as tralhas usadas nas montarias, como arreios, esporas, joelheiras, luvas, capas e pelegos. Nos rodeios, costuma montar bois e cavalos. Ele reconheceu o colete escuro no corpo de um índio pelas fotos de jornais. A menina Vanessa só espera recuperar a boneca que não pôde levar de casa. "Era grande assim."
Amaral conta que foi agredido porque não tinha as armas que os índios queriam. "Eles diziam que eu era pistoleiro." O tratador Lindomar Novaes Alves, de 34 anos, foi expulso da Fazenda São José. "Dá vontade de fazer uma bobagem", revolta-se. Ele mudou-se do Paraná há 8 meses com a mulher e 4 filhos atraído pelo que considerava um bom emprego. "Tinha uma casa confortável e bem aparelhada, mas os índios entraram e foram quebrando tudo." Além de ficarem com o que havia no imóvel, os invasores exigiram que ele entregasse o relógio e o telefone celular. "Nem a polícia entra assim numa casa sem um mandado do juiz."
Ajuda - Alves está apreensivo com a situação do gado pelo qual era o responsável. "Imagino aqueles bois passando fome e sede ou sendo carneados pelos índios e fico ainda mais revoltado." O braçal Pedro Gomes Ferminiano, de 47 anos, usa roupas que mal servem no corpo. Foram emprestadas pelos colegas da pensão onde fica hospedado. Todos os seus bens estão na Fazenda São Jorge, de onde saiu perseguido por índios que, segundo ele, pretendiam matá-lo. "Larguei até as botinas para trás e atravessei o rio a nado."
O Rio Iguatemi, que Ferminiano foi obrigado a atravessar, tem 80 metros de largura. Ele ficou sabendo que sua casa foi desmontada. "Tiraram as telhas e as paredes de madeira." O capataz da Fazenda Remanso, Genivaldo Santos Pereira, de 37 anos, também saiu de casa com a roupa do corpo. "A gente que sempre trabalhou e cuidou da própria vida fica envergonhada de ter que pedir ajuda para amigos e parentes."
OESP, 29/01/2004, Nacional, p. A10
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