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PF descobre jazida de diamantes próxima à reserva

28/04/2004

Fonte: OESP, Nacional, p.A9



PF descobre jazida de diamantes próxima à reserva
Agentes recolheram 200 quilates e prenderam líder do garimpo

EDSON LUIZ

BRASíLIA - A Polícia Federal Federal descobriu uma jazida de diamantes próxima da reserva indígena Roosevelt, onde 29 garimpeiros foram assassinados na Semana Santa. A PF apreendeu 200 quilates de diamantes e duas armas e prendeu três pessoas - entre elas um possível líder do grupo, que agenciava moradores de Espigão D'Oeste para trabalhar na área.
A descoberta da mina se deu por acaso. Uma patrulha da PF fazia ronda próximo da entrada da Reserva Roosevelt quando perceberam uma grande movimentação na região conhecida por Garimpo da Viúva. Além de diversos mineradores, havia máquinas funcionando.
O garimpo está sendo comandado por um garimpeiro de Espigão D'Oeste, que recrutava pessoas na própria cidade. A PF não descarta a existência de outras jazidas, mas ressaltou que os diamantes não estavam e nem foram retirados de terras indígenas. Ontem, policiais federais continuavam fazendo incursões pela Reserva Roosevelt para proibir os índios de garimparem. Na semana passada, durante sobrevôo pela região, o general Jorge Félix, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, descobriu que, mesmo após o massacre de 29 pessoas, há 21 dias, os cintas-largas continuavam a extrair diamantes.
As investigações da PF indicam que pelo menos cinco caciques cintas-largas podem estar envolvidos no massacre dos garimpeiros. Os investigadores já estão programando os depoimentos dos índios. É preciso, no entanto, autorização da Fundação Nacional do Índio (Funai).
Câmara - A comissão externa da Câmara que apura o assassinato dos garimpeiros em Rondônia levantou indícios de que o coordenador regional da Funai, Walter Bloss, estaria comandando um esquema de recebimento de propina para facilitar o contrabando de diamantes na Roosevelt. Estariam envolvidos, ainda, outros funcionários da Funai e membros das Polícias Federal e Florestal.
Depois de interrogar sobreviventes da chacina, a comissão pediu ontem ao presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), que chame para depor o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e o presidente da Funai, Mércio Pereira. Bloss, que tem negado sistematicamente a acusação, será interrogado pela comissão nos próximos dias.
Os sobreviventes informaram que mais de 100 garimpeiros continuam desaparecidos desde a Semana Santa, quando foram emboscados por cintas-largas no garimpo clandestino em que retiravam diamantes. Eles disseram que pagavam aos caciques entre R$ 3 mil e R$ 10 mil por carteirinhas que lhes davam direito de entrar na reserva e garimpar.
Informaram ainda que, por dia, são extraídos entre US$ 3 milhões a US$ 4 milhões em diamantes de alta qualidade, exportados ilegalmente.
O relator da comissão, Luiz Carlos Heinze (PPB-RS), cobra uma solução para o contrabando. "O Brasil está sendo roubado de forma escancarada. Já roubaram todo o nosso ouro e mogno. Agora estão levando os diamantes."
Protesto - A Coordenação da União das Nações e Povos Indígenas de Rondônia, Noroeste de Mato Grosso e Sul do Amazonas (Cunpir) divulgou ontem nota acusando o governo de Rondônia de incentivar, junto com políticos, o processo de invasão da Reserva Roosevelt. "Os grupos empresariais interessados no diamante, fruto da garimpagem ilegal, têm utilizado os indígenas cintas-largas e os garimpeiros como testa de ferro de seus interesses. Eles apostam que, quanto mais conflitos gerarem, melhor será a pressão para a regularização da garimpagem", diz a nota. "As invasões de garimpeiros, madeireiros, pescadores e outros vêm provocando a desestruturação nas comunidades indígenas, deixando-as à mercê da própria sorte." (Colaborou Vannildo Mendes)

OESP, 28/04/2004, p. A9
 

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