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PF: número de garimpeiros mortos pode ser 41

19/04/2004

Fonte: O Globo, O Pais, p.8



PF: número de garimpeiros mortos pode ser 41
Jailton de Carvalho

BRASÍLIA. Depois da confirmação, na sexta-feira, do massacre de 29 garimpeiros na reserva Roosevelt, em Rondônia, a Polícia Federal está fazendo buscas para encontrar mais 12 corpos de trabalhadores também supostamente assassinados por um grupo de cem índios cintas-largas. Com isso, o número de mortos poderá subir para 41. Os policiais devem iniciar hoje e provavelmente concluir amanhã o resgate dos corpos de mais 26 garimpeiros cujas mortes foram confirmadas pela Funai na sexta-feira. A PF suspeita que, desses 26, 24 tenham sido morto com golpes de bordunas e dois a tiros. A PF começou a trabalhar com a hipótese de que há pelo menos mais 12 corpos espalhados na selva depois de receber de dirigentes do Sindicato dos Garimpeiros de Rondônia uma segunda lista detalhada com a relação de todos os que estavam extraindo diamante na área da chacina. Na primeira lista, os sindicalistas apresentaram 62 nomes de desaparecidos. Mas depois de checar as informações, o número de desaparecidos caiu para 38. Como 26 corpos já foram localizados, faltaria encontrar mais 12 mortos. Outros três corpos já tinham sido resgatados na segunda-feira passada. — Não temos nada confirmado, mas é possível que pelo menos mais 12 garimpeiros tenham sido assassinados — disse o delegado da PF Mauro Spósito, chefe da operação de resgate. Governador culpa a Funai O delegado, um dos mais experientes da PF, ficou impressionado com o relato que recebeu sobre a chacina. Segundo ele, tudo indica que pelo menos 24 garimpeiros foram dominados e espancados até a morte. Pelas informações dos garimpeiros, de 60 a cem índios participaram do massacre. Spósito acredita que, para cada garimpeiro cercado e morto a pauladas, seriam necessários, no mínimo, três índios. — Nunca vi uma brutalidade como esta — disse. O governador de Rondônia, Ivo Cassol, responsabilizou a Funai pelo massacre. Segundo ele, o chefe da Funai na área, Walter Blós, impediu a entrada da Polícia Federal na reserva no momento em que os garimpeiros estavam presos, mas ainda vivos, dentro da reserva. Cassol sustenta que, se a PF tivesse entrado na reserva antes de um cinta-larga ter sido amarrado numa árvore na praça central de Espigão do Oeste, a matança poderia ter sido evitada. — O culpado disso tido é o Walter Blós. Ele não deixou a PF entrar quando os garimpeiros ainda estavam lá amarrados e presos — disse Cassol, pouco antes de se reunir com um grupo de garimpeiros em Espigão do Oeste. O governador também reagiu às declarações do presidente da Funai, Mércio Pereira, que relacionou o massacre à defesa da terra pelos índios. Segundo ele, se este raciocínio for levado ao pé da letra, fazendeiros poderão, de agora em diante, matar os sem-terra que invadirem suas propriedades. A assessoria de imprensa do Ministério da Justiça disse que Mércio não defendeu o massacre. Ele teria apenas explicado que, se os garimpeiros não tivessem invadido a reserva, a chacina certamente não teria acontecido. A fase inicial da operação de resgate começou no sábado. Na tarde de ontem, 40 policiais e funcionários da Funai ainda estavam abrindo uma clareira perto da Gruta do Sossego, nas imediações no massacre. Só hoje à tarde ou amanhã os policiais começarão a fazer o resgate dos corpos, que deverão ser levados para o Instituto Médico-Legal de Porto Velho para serem submetidos ao exame de necropsia e identificados.
O Globo, 19/04/2004, p. 8
 

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