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POLÍCIA FEDERAL E FUNAI ENTRAM PELA MADRUGADA NEGOCIANDO LIBERAÇÃO DE CORPOS DE GARIMPEIROS ASSASSINADOS NA RESERVA ROOSEVELT, EM RONDÔNIA

06/04/2006

Fonte: Tudorondonia.com.br



Até a madrugada desta sexta-feira a Polícia Federal e a Funai permaneciam negociando a remoção dos corpos dos dois garimpeiros assassinados dentro da reserva Roosevelt, dos índios cinta-largas, num conflito entre garimpeiros e índios nessa quinta-feira 6. Os mortos são Francisco das Chagas, o Macarrão, e Nismar Nunes da Silva, Pernambuco. A expectativa é de que os corpos cheguem ainda na madrugada desta sexta ao município de Cacoal.

A briga entre índios e garimpeiros - provavelmente por causa dos diamantes da reserva - voltou a explodir nesta quinta. O garimpeiro Arionilson Bispo da Silva, que conseguiu escapar com vida da reserva - embora ferido a bala -, disse que tudo aconteceu na aldeia do cacique João Bravo, que, depois do massacre de 2004, havia ameaçado promover uma nova chacina caso os garimpeiros insistissem em permanecer no local. Arionilson, no entanto, disse que não houve chacina, mas uma briga entre índios e garimpeiros, na qual ele mesmo estava envolvido. Arionilson disse também que foi socorrido por um grupo de índios, que o levou até os limites da reserva.

A Polícia Federal encerrou em novembro de 2004 as investigações sobre as mortes de 29 garimpeiros na reserva indígena Roosevelt, em abril do mesmo ano, com o indiciamento de dez índios cintas-largas, entre eles caciques e guerreiros.

Segundo a polícia, foram indiciados sob a acusação de serem mandantes dos crimes o gerente do garimpo que funcionava dentro da terra indígena, Panderê Cinta Larga, os caciques Nacoça Pio Cinta Larga e Carlão Cinta Larga e o guerreiro Zé Paulo Cinta Larga, entre outros.
Crimes

Os crimes aconteceram em 7 de abril, nas proximidades do garimpo do Laje, que fica dentro da reserva, em Espigão d'Oeste (534 km de Porto Velho). O massacre ocorreu devido à disputa por jazidas de diamantes, cuja a extração é feita ilegalmente.

Os cintas-largas afirmaram que as mortes ocorreram porque precisavam defender o território indígena, as mulheres e as crianças.

Os guerreiros também estariam irritados com as supostas ameaças do garimpeiro Baiano Doido (Francisco das Chagas Alves Saraiva, 40, um dos mortos), que teria dito, nos dias que antecederam os assassinatos, que mataria qualquer índio que o questionasse dentro da reserva Rooselvet.

Os laudos dos peritos anexados ao inquérito indicam que as mortes foram premeditadas. "Eles [os peritos] entendem que sim [ocorreu premeditação], porque os garimpeiros foram todos amordaçados, todos amarrados. O amordaçamento já é algo que implica, de certa forma, o entendimento que o cara [o garimpeiro] não reagisse", disse o delegado da PF que presidiu o inquérito.

Segundo o IML (Instituto Médico Legal) de Porto Velho, dos 29 mortos, 26 foram encontrados com as mãos amarradas com cipós e tiveram como causa mortis pancadas de instrumentos como tacapes. Três apresentam marcas de tiros. "Os laudos afirma que houve requinte de crueldade e uma chacina. Todos os corpos têm diversas perfurações. Os índios dizem também que não havia armas com os garimpeiros", afirmou o delegado.
 

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