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Índios douradenses invadem fazenda em Itaporã

24/11/2006

Fonte: Maracajú News



Cerca de 30 famílias da aldeia Jaguapirú em Dourados invadiram na noite de ontem uma fazenda no distrito Carumbé, no município de Itaporã. A previsão é de novos grupos de índios douradenses se desloquem ainda na tarde desta sexta-feira para o local, reforçando ainda mais o movimento.

Lideranças indígenas afirmam a falta de água e de espaço para plantar obriga as famílias a deixarem as aldeias de Dourados para escaparem da fome e do fantasma da desnutrição, que já ronda as aldeias.

De acordo com o capitão da aldeia Jaguapirú, Renato de Souza as terras invadidas pertencem a comunidade indígena. "Centenas de famílias moravam naquela localidade há 60 anos atrás, os fazendeiros foram aos poucos tirando os índios da colônia. Estamos reivindicando nossos direitos", explica.

Renato disse que a intenção dos invasores é fazer um acordo com os fazendeiros. "Queremos que a União compense o dinheiro investido para os compradores e nos devolva a terra". O capitão lembra que a comunidade vêm buscando alternativas para conseguir a ampliação da aldeia, mas nenhuma providência foi tomada. "O certo não é o índio ficar invadindo terra, o Incra que deveria buscar formas de garantir o bem-estar indígena, evitando conflitos até mortes. Corremos este risco para garantir nossos direitos mas acabamos desenvolvendo uma ação que não é de nossa responsabilidade. Infelizmente não dá mais para esperar por nossos representantes fome", disse.

A área invadida, com mais de 40 quilômetros de extensão liga a aldeia Jaquapirú até o distrito de Corumbé. Ano passado o antropólogo Marcos Homero, do Ministério Público Federal apresentou um laudo de identificação em que afirma que as terras eram ocupadas tradicionalmente por índios. A tese ainda não foi acatada.

Realidade indígena

A reserva indígena de Dourados conta com 3.470 hectares. No local residem cerca de 13 mil indígenas. Com tanta gente falta espaço para garantir o sustento diário. O capitão Renato explica que a situação da aldeia Jaguapirú é precária. A falta de água é constante. As hortas deram lugar as casas, já que a população cresceu. "O projeto de ampliação das aldeias infelizmente não sai do papel e a comunidade padece", disse. Conforme o capitã, as residências estão todas amontoadas. "Há tantas casas que a aldeia está parecendo cidade, com isso, onde vamos plantar?", indaga.
O índígena disse que a crise da falta de água se deve as conseqüência do homem, que está debilitando a natureza. "O homem não respeita os limites do meio ambiente. As matas, que são as principais causadoras das chuvas estão sendo destruídas, e a justiça dos homens não faz nada. Nós que dependemos da natureza para sobreviver e vemos com tristeza o descaso humano".
 

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