From Indigenous Peoples in Brazil
News
Funcionário da Funai recebe ameaça
11/04/2002
Autor: Carla Fialho
Fonte: A Tarde-Salvador-BA
O funcionário da Fundação Nacional do Índio (Funai), Dermerval Oliveira Cardoso, 39 anos, está ameaçado de morte por, segundo ele,
Gil Constituinte, líder do Movimento dos Sem Terra no assentamento de Corumbau, no
município de Prado, no extremo sul da Bahia. Dermeval, mais conhecido como Deco, procurou a Sucursal de A TARDE para falar do drama que está vivendo.
"Estou com muito medo. Já vi uma família sendo assassinada em maio do ano passado, temo que tenha o mesmo destino", afirma. Ele morava em Itamaraju desde 1997, vendeu a casa que tinha comprado pela metade do preço e tirou de lá a esposa e as filhas, que estão protegidas na casa de familiares em Pau Brasil.
De acordo com ele, o motivo para as ameaças está em um dos vários conflitos na região,
ocorridos em janeiro. Índios e trabalhadores do MST tiveram uma das piores brigas, em anos de conflito. Os índios acusavam os trabalhadores de terem derrubado uma ponte de acesso à aldeia e tentavam, para se vingar, derrubar uma ponte de concreto que dava acesso do assentamento à Vila de Corumbau. Na época, Dermerval, que ainda trabalhava na Aldeia Nova Vida, no município de Camamum, foi deslocado para o local pelo administrador regional da Funai, com o objetivo de intermediar o conflito.
"Quando cheguei os índios estavam quebrando a ponte e tinham feito um trabalhador do
movimento como refém. Eles iam matá-lo, mas abracei o rapaz e não deixei que ninguém
tocasse a mão nele. Desde então venho sendo ameaçado de morte. O Gil Constituinte, um
mês depois, me parou na rua e avisou para eu me cuidar porque iam me matar por ter sido o
mentor do conflito. O que não é verdade, pois sou lotado em outra aldeia, que não tem nada a ver com Corumbau. Recentemente, abordaram dois colegas meus da Funai, Antônio Manoel e Hermélio Barreto, perguntando onde eu estava. E avisaram que iam me matar em Itamaraju.
Fiquei apavorado e lá não piso mais os pés. Não entendo o porque, pois fui eu quem salvou a vida do trabalhador", relata Dermerval.
O conflito na região de Corumbau entre índios e trabalhadores Sem Terra é longo e ainda
parece estar longe de ser resolvido. O Incra desapropriou uma área para o assentamento dos
Sem Terra, que os índios afirmam ser dentro do território indígena. Segundo Dermerval, um estudo técnico feito por antropólogos comprovou que a área está localizada, realmente, em território indígena, mas os trabalhadores não aceitam deixar o local e exigem que os índios saiam. Já os índios não cedem e o conflito continua.
Há duas semanas mais um episódio marcou o drama. Um trabalhador Sem Terra ficou
internado em estado grave, depois de ser agredido, na versão dos líderes do movimento, pelos índios. "A situação faz da região um barril de pólvora. É preciso que a Funai, o Ministério da Justiça e a Procuradoria se unam para resolver este problema para proteger a vida dos índios e
Gil Constituinte, líder do Movimento dos Sem Terra no assentamento de Corumbau, no
município de Prado, no extremo sul da Bahia. Dermeval, mais conhecido como Deco, procurou a Sucursal de A TARDE para falar do drama que está vivendo.
"Estou com muito medo. Já vi uma família sendo assassinada em maio do ano passado, temo que tenha o mesmo destino", afirma. Ele morava em Itamaraju desde 1997, vendeu a casa que tinha comprado pela metade do preço e tirou de lá a esposa e as filhas, que estão protegidas na casa de familiares em Pau Brasil.
De acordo com ele, o motivo para as ameaças está em um dos vários conflitos na região,
ocorridos em janeiro. Índios e trabalhadores do MST tiveram uma das piores brigas, em anos de conflito. Os índios acusavam os trabalhadores de terem derrubado uma ponte de acesso à aldeia e tentavam, para se vingar, derrubar uma ponte de concreto que dava acesso do assentamento à Vila de Corumbau. Na época, Dermerval, que ainda trabalhava na Aldeia Nova Vida, no município de Camamum, foi deslocado para o local pelo administrador regional da Funai, com o objetivo de intermediar o conflito.
"Quando cheguei os índios estavam quebrando a ponte e tinham feito um trabalhador do
movimento como refém. Eles iam matá-lo, mas abracei o rapaz e não deixei que ninguém
tocasse a mão nele. Desde então venho sendo ameaçado de morte. O Gil Constituinte, um
mês depois, me parou na rua e avisou para eu me cuidar porque iam me matar por ter sido o
mentor do conflito. O que não é verdade, pois sou lotado em outra aldeia, que não tem nada a ver com Corumbau. Recentemente, abordaram dois colegas meus da Funai, Antônio Manoel e Hermélio Barreto, perguntando onde eu estava. E avisaram que iam me matar em Itamaraju.
Fiquei apavorado e lá não piso mais os pés. Não entendo o porque, pois fui eu quem salvou a vida do trabalhador", relata Dermerval.
O conflito na região de Corumbau entre índios e trabalhadores Sem Terra é longo e ainda
parece estar longe de ser resolvido. O Incra desapropriou uma área para o assentamento dos
Sem Terra, que os índios afirmam ser dentro do território indígena. Segundo Dermerval, um estudo técnico feito por antropólogos comprovou que a área está localizada, realmente, em território indígena, mas os trabalhadores não aceitam deixar o local e exigem que os índios saiam. Já os índios não cedem e o conflito continua.
Há duas semanas mais um episódio marcou o drama. Um trabalhador Sem Terra ficou
internado em estado grave, depois de ser agredido, na versão dos líderes do movimento, pelos índios. "A situação faz da região um barril de pólvora. É preciso que a Funai, o Ministério da Justiça e a Procuradoria se unam para resolver este problema para proteger a vida dos índios e
The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source