From Indigenous Peoples in Brazil

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Álcool está destruindo indígenas de Dourados

12/11/2007

Fonte: Folha de Dourados



A morte de crianças indígenas Guarani-kaiwás causaram comoção no Brasil e fora do país, por onde chegaram as imagens de crianças esqueléticas, em quadro grave de desnutrição. Mas no último domingo (04), o repórter Waldemar Russo e o repórter fotográfico Ademir Almeida, do jornal Diário MS, flagraram a verdadeira imagem da miséria indígena: uma índia aparentando pouco mais de 50 anos dormindo à margem da Rodovia MS-156, por volta das 24 horas, totalmente embriagada e inconsciente. Ao lado da mulher, apenas um "corote" de pinga, que compunha um quadro de absoluta violência à dignidade humana. A cena, embora não seja rara no dia-a-dia indígena, choca pela realidade revelada nas lentes do fotógrafo. No dia seguinte, circulando pelo interior da reserva, mais um flagrante. Desta vez, um casal ingeria cachaça à luz do dia.

A indígena estava deitada nas proximidades da entrada da Fazenda Cristal e poderia ter sido mais uma das inúmeras vítimas de atropelamento naquela rodovia que corta a reserva indígena, pois ela liga Dourados à Itaporã e o fluxo de veículos, tanto de cargas pesadas como de automóveis e ciclomotores, é muito grande em qualquer horário, seja de dia ou de noite.

Embora a imagem de um adulto em situação de miséria não provoque os mesmo sentimentos que a imagem de uma criança faminta, na realidade dos Guarani-Kaiuás o álcool e outras drogas têm sido responsáveis por muito mais morte que a falta de alimentos. Em quase todos os casos de morte por assassinato ou de violência praticados dentro das aldeias indígenas a ingestão de cachaça foi um elemento fundamental.

Uma rápida analise dos boletins policiais de ocorrências dentro da reserva ou envolvendo indígenas, demonstra que a maior "causa mortis" entre indígenas é o álcool. No dia 04 de setembro três indígenas (dois adolescentes de 12 e 16 anos) foram presos acusados de estuprarem uma moça indígena de 21 anos. Na confissão, eles contaram que praticaram a violência depois de beberem quatro "baquinhas" de cachaça, adquirida na própria reserva. No dia 16 Mario Machado, Edílson Arce e um menor de 16 anos consumiam cachaça, quando iniciou-se uma briga e o menor desferiu pauladas contra a cabeça de Mário, que morreu na hora. O motivo da briga teria sido um copo de pinga. No dia 19 Timóteo Vilhalva foi agredido também a pauladas pelo sogro, que chegou na sua residência embriagado e forçou a entrada na casa. Não se sabe se Timóteo escapou com vida da agressão. No dia 26 Leonildo Rios Fernandes, 18 anos, foi morto com pelo menos 26 facadas, há indicio de que o assassino estivesse embriagado.

Cenas como a da índia demonstra e comprovam que se a desnutrição infantil é uma triste realidade nas aldeias de Dourados e um grande problema para ser sanado, as lideranças das duas comunidades têm diversas razões para apontar o álcool e o consumo de drogas, em especial a maconha e o crack como o de maiores transtornos entre as famílias indígenas.

Em reportagem já publicada pela folha de dourados o capitão indígena Luciano Árevalo denunciou explicitamente o comércio de bebida alcoólica na sua comunidade, inclusive com superfaturamento, pois segundo ele, um frasco de 600ml de cachaça produzida no Paraguai que não custa mais do que R$ 0,60, dentro da sua aldeia chega a ser vendido a três reais cada um.

Diante do exposto registrado pelas lentes do fotografo, demonstra que necessário se faz com urgência, que as autoridades competentes, entre elas, a Funai (Fundação Nacional do Índio) e principalmente o MPF (Ministério Público Federal) tomem em conjunto com as autoridades policiais, sejam eles civis, militares e federais, medidas para combater com a máxima urgência os comerciantes inescrupulosos, que desafiando as leis, vendem bebidas alcoólicas sem medo algum de serem punidos.

O repórter Waldemar Russo e o fotografo Ademir Almeida despertaram a mulher e a ajudaram a se levantar e encaminhar-se para longe da estrada, diante do risco eminente de atropelamento. A indígena não teve se quer forças para falar o seu nome, a idade, e de qual etnia pertencia.
 

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