From Indigenous Peoples in Brazil

News

Denúncia mostra fragilidade da Funasa

27/02/2008

Autor: João Rocha

Fonte: Dourados Agora



Uma série de denúncias feitas por índios das Aldeias Jaguapiru e Bororó mostram a fragilidade da Funasa, com relação a saúde indígena na Reserva de Dourados. Nos postos faltam materiais básicos para curativos e vários tipos de medicamentos.

O filho de 10 anos da índia terena Alessandra Alves, que reside na Aldeia Jaguapiru, caiu de uma árvore e sofreu fratura exposta do fêmur. O curativo, que era para ser feito na quarta-feira passada, só pode ser realizado nesta segunda-feira, cinco dias depois. "Só conseguimos os materias, porque meu outro filho chegou da fazenda com dinheiro e foi até a farmácia comprar. Nos postos aqui da reserva não tem", afirma a mãe.

Na mesma situação está o filho de Roberto Aedo, que tem 18 anos. Ele foi assaltado e ferido com um golpe de facão na cabeça. Ele depende de três tipos de medicamentos, que combatem a crise do pânico, dores crônicas, depressão e fobias. "Quando não toma os remédios tem fortes dores de cabeça. E, ele já está sem há mais de 30 dias, porque nos postos de saúde aqui da Reserva não tem", relatou o pai.

Dos 134 itens da cesta básica de medicamentos da Funasa, a maioria já está em falta nos postos de saúde da Reserva. Medicamentos como analgésicos, anti-inflamatórios e injetáveis, não tem de nenhum tipo; só uma espécie de antibiótico. Muitos dos índios doentes vão aos postos, são consultados, mas voltam para casa sem o remédio para o tratamento.
Procurado pelo O PROGRESSO, o coordenador das equipes técnicas da Funasa em Dourados, Zelik Trajber, afirma que existe muita burocracia para a aquisição dos medicamentos dos indígenas e que não sabe ao certo os verdadeiros motivos do atraso na entrega. "No processo licitatório é preciso obedecer muitas regras. Pode ter havido uma contestação durante a licitação. Eu fico pressionando para que tudo funcione. Acredito que amanhã esses remédios já estarão em Dourados", declarou Trajber.

A reportagem ainda entrou em contato por telefone com o chefe do Distrito Sanitário Especial Indígena da Funasa no Estado, Nelson Olazar. Ele disse que o atraso na aquisição e na entrega dos medicamentos aconteceu por conta de uma reorganização na área da saúde indígena do órgão. "Agora as compras não são mais feitas pelo Estado, mas sim por Brasília. Desta vez o órgão comprou medicamento para os pólos indígenas de todo o país. A licitação teve problemas por conta do volume e variedades muito grande de medicações", relatou.

Olazar explica ainda que um farmacêutica da Funasa do Estado está em Brasília ajudando no processo de distribuição dos remédios e materiais de procedimentos médicos e que 50% dos ítens pedidos na licitação já chegaram no Estado e estão sendo preparados para distribuição. "Estes que chegaram, acredito que ainda esta semana estarão sendo entregues em Dourados. Os 50% restantes deverão chegar na semana que vem", finaliza o chefe do distrito sanitário da Funasa no Estado.
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source