From Indigenous Peoples in Brazil
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"Olhares Cruzados" é lançado na aldeia Mãe Terra do povo Terena
06/08/2008
Autor: Egon Heck
Fonte: Cimi - www.cimi.org.br
A história se escreve no chão, na mente, no coração. Mas a história de um povo, de uma comunidade, de uma aldeia, de Mãe Terra também se registra, se documenta, se apreende em belas imagens do real, do cotidiano. A história igualmente se projeto no futuro como sonho longo e forte que se lança ao horizonte. É o que está acontecendo em Mãe Terra Terena de Cachoeirinha, no Pantanal sul matogrossense.
As crianças estão radiantes. Os adultos orgulhosos de sua luta e de mais uma conquista. Na aldeia/retomada está sendo lançado o primeiro registro mais amplo, bonito, contendo e contando um pouco da história, da cultura e do intercambio entre dois povos: Terena do Mãe Terra e Aymara, de Challapampa, da ilha do Sol, no lago Titicaca, na Bolívia. No inicio uma mensagem do presidente Lula "As crianças agraciadas com o privilegio de participar do projeto Olhares Cruzados, certamente jamais se esquecerão dessa experiência. Olhando para a cultura, os hábitos e as esperanças do outro, vêem a si próprios no espelho e se aproximam em suas semelhanças, mas também na compreensão e aceitação de suas diferenças...Nossos povos compartilham os valores da democracia e o respeito aos direitos humanos".
Um dos direitos básicos pelos quais estão lutando é a garantia da terra. E é isso que os Terena, assim como os Kaiowá Guarani deste estado estão esperando do governo Lula.
A publicação "Brasil-Bolivia, Olhares Cruzados, Miradas Cruzadas, Mãe Terra-Challapampa" é o resultado de um trabalho feito no ano passado por crianças dessas duas comunidades, dentro do projeto "Olhares Cruzados", coordenado por Dirce Carrion.
A terra é a luta
O jornal local Guaicuru, de Miranda, de 29 de julho a 4 de agosto trouxe a manchete de capa: Seis mil indígenas aguardam para tomar posse de 36 mil hectares. O corpo da matéria reproduz apenas o resultado de uma votação na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, controlada pela bancada ruralista e que já tem aprovado vários projetos de Decretos Legislativos sustando portarias declaratórias de terras indígenas, especialmente em Santa Catarina. Conforme o advogado do Cimi, para a comunidade, não existe razão para preocupação, pois esses decretos são inconstitucionais. Portanto esse projeto de Decreto Legislativo 70/07 de autoria do deputado Valdir Neves, que consta como proprietário de fazenda dentro da referida terra indígena de Cachoeirinha, certamente será barrado nas próximas instâncias por ser inconstitucional. A matéria apenas tenta argumentar a inconstitucionalidade da portaria declaratória da Terra Indígena Cachoeirinha. Porém os argumentos aludidos não se sustentam, diante dos artigos 231 e 232 da Constituição e da portaria 1775/6 que regulamenta o processo de regularização das terras indígenas.
Enquanto isso, as lideranças desta terra indígena estavam reunidas com o procurador da Funai para esclarecer os próximos passos que são a demarcação física e posterior homologação pelo presidente da República.
Olhares Cruzados e emoção
Por ocasião da oficina de uma semana realizada na aldeia o cacique Zacarias dizia "Esse vai ser nosso primeiro livro". Mas era apenas uma promessa. O tempo foi passando e de vez enquanto perguntavam "O livro vai sair?". Um tanto desconfiados, com justa razão, de tantos enganos e desenganos na sua relação com o mundo não indígena, continuaram esperando.
Finalmente foi anunciado o dia em que o livro seria trazido à comunidade por Dirce, responsável pela iniciativa. Expectativa. Quando, finalmente, a equipe do Cimi, Suki (jornalista) e Dirce chegaram. O clima estava agradável. Havia chovido no dia anterior, após mais de um mês de seca. As roças e plantas pareciam sorrir seu verde olhar embaladas pelo vento. Emoção no olhos puxados, brilhantes reluzindo, alegres e esperançosos.
Tudo muito simples e singelo. O nome das trinta crianças que participaram da oficina foram sendo chamados. Receberam cada qual o álbum com as fotos que tiraram e um exemplar da publicação.
Depois as falas expressando gratidão e confiança pela importância do momento e da bela história que vai sendo forjada e escrita por essa comunidade Terena, que ousou retomar parte de seu território tradicional, e agora vai colhendo frutos e semeando novas luzes no chão e no horizonte.
Mãe Terra se sente orgulhosa não apenas por ter esse singelo registro de sua luta, uma palavra amiga do presidente Lula, mas por conhecer e se sentir mais próximo do povo Aymara, do qual é o presidente da Bolívia, Evo Morales. Na véspera de um importante e difícil referendum sobre a própria continuada de na presidência desse país irmão.
As crianças estão radiantes. Os adultos orgulhosos de sua luta e de mais uma conquista. Na aldeia/retomada está sendo lançado o primeiro registro mais amplo, bonito, contendo e contando um pouco da história, da cultura e do intercambio entre dois povos: Terena do Mãe Terra e Aymara, de Challapampa, da ilha do Sol, no lago Titicaca, na Bolívia. No inicio uma mensagem do presidente Lula "As crianças agraciadas com o privilegio de participar do projeto Olhares Cruzados, certamente jamais se esquecerão dessa experiência. Olhando para a cultura, os hábitos e as esperanças do outro, vêem a si próprios no espelho e se aproximam em suas semelhanças, mas também na compreensão e aceitação de suas diferenças...Nossos povos compartilham os valores da democracia e o respeito aos direitos humanos".
Um dos direitos básicos pelos quais estão lutando é a garantia da terra. E é isso que os Terena, assim como os Kaiowá Guarani deste estado estão esperando do governo Lula.
A publicação "Brasil-Bolivia, Olhares Cruzados, Miradas Cruzadas, Mãe Terra-Challapampa" é o resultado de um trabalho feito no ano passado por crianças dessas duas comunidades, dentro do projeto "Olhares Cruzados", coordenado por Dirce Carrion.
A terra é a luta
O jornal local Guaicuru, de Miranda, de 29 de julho a 4 de agosto trouxe a manchete de capa: Seis mil indígenas aguardam para tomar posse de 36 mil hectares. O corpo da matéria reproduz apenas o resultado de uma votação na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, controlada pela bancada ruralista e que já tem aprovado vários projetos de Decretos Legislativos sustando portarias declaratórias de terras indígenas, especialmente em Santa Catarina. Conforme o advogado do Cimi, para a comunidade, não existe razão para preocupação, pois esses decretos são inconstitucionais. Portanto esse projeto de Decreto Legislativo 70/07 de autoria do deputado Valdir Neves, que consta como proprietário de fazenda dentro da referida terra indígena de Cachoeirinha, certamente será barrado nas próximas instâncias por ser inconstitucional. A matéria apenas tenta argumentar a inconstitucionalidade da portaria declaratória da Terra Indígena Cachoeirinha. Porém os argumentos aludidos não se sustentam, diante dos artigos 231 e 232 da Constituição e da portaria 1775/6 que regulamenta o processo de regularização das terras indígenas.
Enquanto isso, as lideranças desta terra indígena estavam reunidas com o procurador da Funai para esclarecer os próximos passos que são a demarcação física e posterior homologação pelo presidente da República.
Olhares Cruzados e emoção
Por ocasião da oficina de uma semana realizada na aldeia o cacique Zacarias dizia "Esse vai ser nosso primeiro livro". Mas era apenas uma promessa. O tempo foi passando e de vez enquanto perguntavam "O livro vai sair?". Um tanto desconfiados, com justa razão, de tantos enganos e desenganos na sua relação com o mundo não indígena, continuaram esperando.
Finalmente foi anunciado o dia em que o livro seria trazido à comunidade por Dirce, responsável pela iniciativa. Expectativa. Quando, finalmente, a equipe do Cimi, Suki (jornalista) e Dirce chegaram. O clima estava agradável. Havia chovido no dia anterior, após mais de um mês de seca. As roças e plantas pareciam sorrir seu verde olhar embaladas pelo vento. Emoção no olhos puxados, brilhantes reluzindo, alegres e esperançosos.
Tudo muito simples e singelo. O nome das trinta crianças que participaram da oficina foram sendo chamados. Receberam cada qual o álbum com as fotos que tiraram e um exemplar da publicação.
Depois as falas expressando gratidão e confiança pela importância do momento e da bela história que vai sendo forjada e escrita por essa comunidade Terena, que ousou retomar parte de seu território tradicional, e agora vai colhendo frutos e semeando novas luzes no chão e no horizonte.
Mãe Terra se sente orgulhosa não apenas por ter esse singelo registro de sua luta, uma palavra amiga do presidente Lula, mas por conhecer e se sentir mais próximo do povo Aymara, do qual é o presidente da Bolívia, Evo Morales. Na véspera de um importante e difícil referendum sobre a própria continuada de na presidência desse país irmão.
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