From Indigenous Peoples in Brazil

News

Hospitais públicos de São Paulo se adaptam ao parto indígena

18/08/2008

Fonte: Uol Ciência e Saúde - cienciaesaude.uol.com.br



São Paulo - Quando dão à luz, elas precisam enterrar a placenta em terra fértil. Depois do parto, o cardápio só pode ser composto por frango recém abatido, arroz, mingau e milho. O que parecem hábitos exóticos são, na verdade, tradições indígenas, que, por não serem respeitadas, levam as índias a rejeitar as maternidades mesmo em uma gestação de risco. Para mudar esse quadro, dez hospitais públicos de São Paulo abriram as portas para a tradição guarani, principal etnia indígena do Estado.

"Foi uma demanda que as próprias índias trouxeram. Expressamos às tribos a nossa preocupação com o fato de 80% das grávidas terem filhos nas aldeias e elas fizeram essa reivindicação", diz Augusta Sato, coordenadora do Povo Indígena da Secretaria de Estado da Saúde.

Inserir a cultura dos índios na rotina hospitalar onde nascem os "cara pálidas" é uma estratégia para reverter os índices de mortes das crianças. Segundo os dados do Departamento de Saúde Indígena (Desai), a taxa de mortalidade infantil entre os índios é de 48 em cada mil nascidos vivos, mais do que o dobro da marca geral brasileira, que ficou em 23 para cada mil nascidos. No Estado, a mesma disparidade de registros é identificada quando comparados os números de mortalidade de brancos e negros com os bebês nascidos nas 20 aldeias povoadas por 2.500 índios guaranis, sendo 60% mulheres.

Para definir quais unidades de saúde seriam capacitadas para receber as índias grávidas, o Projeto de Resgate da Medicina Tradicional da População Indígena selecionou as unidades mais próximas das aldeias. Dos dez hospitais participantes, dois são na Capital: o Hospital Geral de Pedreira e o Hospital Interlagos.

Outro aspecto que reforça a necessidade de atrair as índias aos hospitais é que, por sua cultura , as mulheres das aldeias engravidam com idade entre 13 e 16 anos, idade precoce que aumenta a incidência de partos de risco.

Ritual

Nos hospitais participantes do projeto, muda a dieta e a placenta é entregue à parturiente em um saco branco leitoso, possibilitando o ritual. "Os índios acreditam que o ritual de enterro da placenta interfere no ritmo de vida do recém-nascido", explica Augusta Sato. Os partos nos hospitais só são realizados se for de interesse das gestantes e dos dirigentes das aldeias. As parteiras das aldeias também podem acompanhar o nascimento dos "curumins".
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source