From Indigenous Peoples in Brazil
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Sentença dos ministros, qualquer que seja, pode causar conflito entre grupos
26/08/2008
Fonte: OESP, Nacional, p. A4
Sentença dos ministros, qualquer que seja, pode causar conflito entre grupos
Roldão Arruda
A expectativa em torno da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a demarcação da Raposa Serra do Sol provoca crescentes tensões nos dois lados envolvidos na polêmica. O produtor de arroz João Paulo Quartiero, que liderou a resistência à presença da Polícia Federal na região, em abril, disse ao Estado que uma decisão favorável à manutenção da reserva em área contínua - isto é, sem ilhas territoriais para grupos não indígenas - o deixará duplamente desempregado.
"Vou perder a fazenda de arroz e o cargo de prefeito de Pacaraima", explicou o arrozeiro, referindo-se ao município situado na fronteira do Brasil com a Venezuela, a 215 quilômetros da capital, Boa Vista. A cidade está destinada a desaparecer do mapa, uma vez que se encontra no interior da polêmica reserva indígena. É pouco provável, porém, que isso ocorra de maneira pacífica, uma vez que a maior parte da população local defende a exclusão do território municipal da área da reserva.
Do outro lado, o macuxi Dionito José de Souza, coordenador do Conselho Indigenista de Roraima (CIR), teme uma onda revanchista contra os índios da região caso o STF autorize as ilhas territoriais não indígenas. Ele disse que as famílias que já foram retiradas da área ameaçam voltar para os lugares que ocupavam anteriormente - e que hoje estão nas mãos dos índios. "Temos ouvido muitas ameaças", afirmou Souza. "Pode acontecer um massacre por aqui."
O governo federal começou a retirar as famílias não indígenas da área no ano passado. Segundo levantamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na zona rural existiam 180 famílias - das quais 130 requeriam lotes de 100 a 500 hectares e as outras 50 reivindicavam parcelas de até 100 hectares. No total seriam 33 mil hectares, distribuídos entre os municípios de Boa Vista, Bonfim e Amajari.
Em abril deste ano quase todas as famílias já tinham sido retiradas. Restava, porém, um foco de resistência: um pequeno grupo de grandes produtores de arroz, sob a liderança de Quartiero. Tropas da Força Nacional de Segurança e da Polícia Federal foram então despachadas para a região, com a missão de retirar o grupo, mas acabou enfrentando resistência.
No processo de formação da reserva, povoados foram esvaziados - e logo em seguida ocupados por famílias indígenas. Essas mudanças foram marcadas por polêmicas, manifestações de protesto, ações judiciais, conflitos que ainda não estão cicatrizados e que podem ser reabertos.
OESP, 26/08/2008, Nacional, p. A4
Roldão Arruda
A expectativa em torno da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a demarcação da Raposa Serra do Sol provoca crescentes tensões nos dois lados envolvidos na polêmica. O produtor de arroz João Paulo Quartiero, que liderou a resistência à presença da Polícia Federal na região, em abril, disse ao Estado que uma decisão favorável à manutenção da reserva em área contínua - isto é, sem ilhas territoriais para grupos não indígenas - o deixará duplamente desempregado.
"Vou perder a fazenda de arroz e o cargo de prefeito de Pacaraima", explicou o arrozeiro, referindo-se ao município situado na fronteira do Brasil com a Venezuela, a 215 quilômetros da capital, Boa Vista. A cidade está destinada a desaparecer do mapa, uma vez que se encontra no interior da polêmica reserva indígena. É pouco provável, porém, que isso ocorra de maneira pacífica, uma vez que a maior parte da população local defende a exclusão do território municipal da área da reserva.
Do outro lado, o macuxi Dionito José de Souza, coordenador do Conselho Indigenista de Roraima (CIR), teme uma onda revanchista contra os índios da região caso o STF autorize as ilhas territoriais não indígenas. Ele disse que as famílias que já foram retiradas da área ameaçam voltar para os lugares que ocupavam anteriormente - e que hoje estão nas mãos dos índios. "Temos ouvido muitas ameaças", afirmou Souza. "Pode acontecer um massacre por aqui."
O governo federal começou a retirar as famílias não indígenas da área no ano passado. Segundo levantamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na zona rural existiam 180 famílias - das quais 130 requeriam lotes de 100 a 500 hectares e as outras 50 reivindicavam parcelas de até 100 hectares. No total seriam 33 mil hectares, distribuídos entre os municípios de Boa Vista, Bonfim e Amajari.
Em abril deste ano quase todas as famílias já tinham sido retiradas. Restava, porém, um foco de resistência: um pequeno grupo de grandes produtores de arroz, sob a liderança de Quartiero. Tropas da Força Nacional de Segurança e da Polícia Federal foram então despachadas para a região, com a missão de retirar o grupo, mas acabou enfrentando resistência.
No processo de formação da reserva, povoados foram esvaziados - e logo em seguida ocupados por famílias indígenas. Essas mudanças foram marcadas por polêmicas, manifestações de protesto, ações judiciais, conflitos que ainda não estão cicatrizados e que podem ser reabertos.
OESP, 26/08/2008, Nacional, p. A4
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