From Indigenous Peoples in Brazil
News
Celebração em frente ao STF
11/12/2008
Fonte: CB, Brasil, p. 17
Celebração em frente ao STF
Representantes das tribos festejam com ritual de dança. Produtores de arroz criticam posição da Corte e sonham com alteração do resultado
Rodrigo Couto
Da equipe do Correio
O resultado da sessão no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a demarcação da reserva Raposa Serra do Sol, que terminou com o voto favorável à manutenção da delimitação contínua das terras, foi comemorado pelos cerca de 50 índios que viajaram de Roraima a Brasília para acompanhar o julgamento. A celebração foi feita com um ritual de dança em frente ao prédio da Suprema Corte. Mesmo que o julgamento tenha sido interrompido mais uma vez, os indígenas se sentiram vitoriosos.
A preocupação agora é com a segurança na região, segundo Joenia Wapichana, advogada do Conselho Indígena de Roraima. Ela afirmou que teme represálias dos produtores de arroz e que espera que os órgãos responsáveis, como a Funai, reforcem a segurança na reserva. "É preciso proteger a integridade física das comunidades indígenas da Raposa Serra do Sol." Ao final dos votos dos ministros, Wapichana participou das comemorações dos índios em frente ao Supremo. "Apesar de o pedido de vista (do ministro Marco Aurélio Mello) ter vindo numa hora inapropriada, é hora de comemorar, pois foram oito votos de ministros mantendo a área de demarcação contínua, rechaçando todos os argumentos falhos dos arrozeiros".
O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, comemorou com os índios que se concentravam em frente à Praça dos Três Poderes. "É uma grande vitória para o povo brasileiro." Meira enumerou os pontos principais considerados pelos ministros do STF: a área da reserva é contínua, o que vale para todas as terras indígenas; uma reserva nas regiões de fronteiras não constitui ameaça à soberania; a terra dos índios não prejudica o pacto federativo; e Raposa Serra do Sol não prejudica a economia de Roraima.
Esperança
Autor da ação julgada pelo STF, o senador Augusto Botelho (PT-RR) minimizou a decisão dos ministros. Botelho afirmou que o julgamento ajudou para que estados e municípios sejam mais respeitados. "O ministro Cezar Peluso frisou bem que isso é uma falta de respeito para com a nossa federação, na medida em que chega a União e tira um pedaço do território para fazer uma área de reserva indígena. Os estados e municípios precisam ser ouvidos. Daqui a pouco, vão querer emendar tudo que é área", argumentou.
O produtor de arroz e prefeito de Pacaraima (RR), Paulo César Quartiero (DEM), disse que, com essa decisão, o governo está vendendo a Amazônia. "Agora, (o governo) está lutando para entregá-la a novos proprietários (ONGs internacionais)."
Esperançoso na reversão do resultado, o presidente da Associação dos Arrozeiros de Roraima, Nelson Itikawa, não viu o resultado como derrota, "pois a esperança é a última que morre". "Queremos ficar trabalhando lá dentro. E temos documentos que provam que não é área dos índios", disse. Itikawa criticou o preço oferecido pelas terras dos produtores de arroz e frutas, além de pequenos pecuaristas. "Eles querem pagar apenas 5% do valor de uma área de 25 mil hectares." A avaliação dos arrozeiros é que as propriedades tenham valor de mercado acima dos R$ 100 milhões.
CB, 11/12/2008, Brasil, p. 17
Representantes das tribos festejam com ritual de dança. Produtores de arroz criticam posição da Corte e sonham com alteração do resultado
Rodrigo Couto
Da equipe do Correio
O resultado da sessão no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a demarcação da reserva Raposa Serra do Sol, que terminou com o voto favorável à manutenção da delimitação contínua das terras, foi comemorado pelos cerca de 50 índios que viajaram de Roraima a Brasília para acompanhar o julgamento. A celebração foi feita com um ritual de dança em frente ao prédio da Suprema Corte. Mesmo que o julgamento tenha sido interrompido mais uma vez, os indígenas se sentiram vitoriosos.
A preocupação agora é com a segurança na região, segundo Joenia Wapichana, advogada do Conselho Indígena de Roraima. Ela afirmou que teme represálias dos produtores de arroz e que espera que os órgãos responsáveis, como a Funai, reforcem a segurança na reserva. "É preciso proteger a integridade física das comunidades indígenas da Raposa Serra do Sol." Ao final dos votos dos ministros, Wapichana participou das comemorações dos índios em frente ao Supremo. "Apesar de o pedido de vista (do ministro Marco Aurélio Mello) ter vindo numa hora inapropriada, é hora de comemorar, pois foram oito votos de ministros mantendo a área de demarcação contínua, rechaçando todos os argumentos falhos dos arrozeiros".
O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, comemorou com os índios que se concentravam em frente à Praça dos Três Poderes. "É uma grande vitória para o povo brasileiro." Meira enumerou os pontos principais considerados pelos ministros do STF: a área da reserva é contínua, o que vale para todas as terras indígenas; uma reserva nas regiões de fronteiras não constitui ameaça à soberania; a terra dos índios não prejudica o pacto federativo; e Raposa Serra do Sol não prejudica a economia de Roraima.
Esperança
Autor da ação julgada pelo STF, o senador Augusto Botelho (PT-RR) minimizou a decisão dos ministros. Botelho afirmou que o julgamento ajudou para que estados e municípios sejam mais respeitados. "O ministro Cezar Peluso frisou bem que isso é uma falta de respeito para com a nossa federação, na medida em que chega a União e tira um pedaço do território para fazer uma área de reserva indígena. Os estados e municípios precisam ser ouvidos. Daqui a pouco, vão querer emendar tudo que é área", argumentou.
O produtor de arroz e prefeito de Pacaraima (RR), Paulo César Quartiero (DEM), disse que, com essa decisão, o governo está vendendo a Amazônia. "Agora, (o governo) está lutando para entregá-la a novos proprietários (ONGs internacionais)."
Esperançoso na reversão do resultado, o presidente da Associação dos Arrozeiros de Roraima, Nelson Itikawa, não viu o resultado como derrota, "pois a esperança é a última que morre". "Queremos ficar trabalhando lá dentro. E temos documentos que provam que não é área dos índios", disse. Itikawa criticou o preço oferecido pelas terras dos produtores de arroz e frutas, além de pequenos pecuaristas. "Eles querem pagar apenas 5% do valor de uma área de 25 mil hectares." A avaliação dos arrozeiros é que as propriedades tenham valor de mercado acima dos R$ 100 milhões.
CB, 11/12/2008, Brasil, p. 17
The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source