From Indigenous Peoples in Brazil
News
Garimpos foram destruídos com granadas
15/10/2009
Autor: CYNEIDA CORREIA
Fonte: Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br/fbv/noticia.php?id=72206
O clima na reserva indígena Raposa Serra do Sol volta a ser de conflito. Desta vez o alvo dos índios é o Exército Brasileiro, que jogou granadas e destruiu com fogo maquinários de um garimpo ilegal existente na comunidade Flexal. Revoltados, os indígenas que vivem no local começaram a fazer armas, estão pintados e portando arcos e flechas, segundo eles, para guerrear com os militares.
Eles reclamam da forma "truculenta" com que foram abordados e dizem que ninguém mais entra na comunidade indígena sem autorização. A reportagem da Folha foi ontem até a comunidade, localizada cerca de 360 quilômetros de Boa Vista, e verificou que realmente toda a área da serra utilizada pelos índios para a garimpagem foi destruída pela ação das granadas e do fogo. A visita foi realizada em helicóptero do governo, usado para transportar o deputado federal Márcio Junqueira, que foi até o local representando o Executivo estadual.
Os barracos foram queimados, assim como os mantimentos e utensílios de cozinha utilizados pelos garimpeiros. Já os motores para dragagem foram quebrados e depois queimados pelos integrantes da operação batizada de Escudo Dourado, que une Polícia Federal e Exército para combater o garimpo ilegal em terras indígenas.
O tuxaua Abel Barbosa afirmou que o garimpo era dos índios, que utilizavam a exploração de ouro e diamante para sustentar suas famílias. Conforme sua contagem, somente no Flexal há 72 famílias que são mantidas pela atividade.
Barbosa garante que a exploração de minério no local é feita há bastante tempo, inclusive por seus antepassados. "O garimpo não é ilegal. A terra é nossa. Temos o direito de usufruir de seus minérios".
De acordo com o ex-presidente da Sociedade em Defesa dos Índios Unidos do Norte de Roraima (Sodiur), o índio macuxi Lauro Barbosa, que mora no Flexal, o garimpo existente na área é antigo e representa um dos meios de sobrevivência dos índios.
Lauro explicou que a garimpagem é feita no igarapé do Sol e que todo o equipamento utilizado é de propriedade dos índios. Ele mostrou à Folha a nota fiscal de compra dos equipamentos em nome dos tuxauas e da comunidade. "Esse é o meio de sustentarmos nossas famílias. Não temos emprego e trabalhamos honestamente. O material que tem lá [no garimpo] é nosso, comprado com o nosso dinheiro. O que vamos fazer agora? Matar? Roubar?", questionou.
Segundo ele, em média, cinco índios garimpam no rio diariamente. O lucro é repartido com todos após serem retirados os recursos para manutenção dos equipamentos e aquisição de combustível.
Conforme Lauro, ele retira do garimpo, por semana, cerca de cinco gramas. O grama do ouro é vendido na sede de Uiramutã, a cidade mais próxima da comunidade, a R$ 51,00 e em Boa Vista, a R$ 63,49. "Estou em minha terra e posso nela garimpar, fazer o que for preciso para sustentar minha família", reafirmou.
O tuxaua Lauro afirmou que os índios querem ser indenizados pelo Exército e disse que o maquinário tem de ser restituído para a comunidade. "Eles colocaram armas na cabeça dos índios e nos obrigaram a deixar o local. Perguntei se eles iriam atirar num homem desarmado e eles não atiraram, mas quando percebi, já tinham jogado as granadas e destruído tudo, casas, máquinas e área de preservação", relatou.
OPERAÇÃO - A Operação Escudo Dourado é realizada pelas duas instituições desde segunda-feira, nas terras indígenas Raposa Serra do Sol, São Marcos e Yanomami, para coibir a garimpagem, o tráfico de drogas e crimes considerados transnacionais. O Exército não informou quantos homens emprega na ação, mas somente na segunda-feira prendeu oito garimpeiros na Raposa Serra do Sol.
A fiscalização no local é rígida, inclusive nos locais de acesso à reserva. Ontem, outra equipe da Folha constatou que na entrada para o Surumu, a partir da BR-174, há um forte esquema de segurança, que revista minuciosamente todas as pessoas que entram e saem da Raposa Serra do Sol.
OUTRO LADO - A Folha entrou em contato com a assessoria de imprensa da 1ª Brigada de Selva, na noite de ontem, quando a equipe de reportagem chegou da reserva, mas até o fechamento da matéria a instituição não se pronunciou sobre as reclamações feitas pelos índios da região.
Eles reclamam da forma "truculenta" com que foram abordados e dizem que ninguém mais entra na comunidade indígena sem autorização. A reportagem da Folha foi ontem até a comunidade, localizada cerca de 360 quilômetros de Boa Vista, e verificou que realmente toda a área da serra utilizada pelos índios para a garimpagem foi destruída pela ação das granadas e do fogo. A visita foi realizada em helicóptero do governo, usado para transportar o deputado federal Márcio Junqueira, que foi até o local representando o Executivo estadual.
Os barracos foram queimados, assim como os mantimentos e utensílios de cozinha utilizados pelos garimpeiros. Já os motores para dragagem foram quebrados e depois queimados pelos integrantes da operação batizada de Escudo Dourado, que une Polícia Federal e Exército para combater o garimpo ilegal em terras indígenas.
O tuxaua Abel Barbosa afirmou que o garimpo era dos índios, que utilizavam a exploração de ouro e diamante para sustentar suas famílias. Conforme sua contagem, somente no Flexal há 72 famílias que são mantidas pela atividade.
Barbosa garante que a exploração de minério no local é feita há bastante tempo, inclusive por seus antepassados. "O garimpo não é ilegal. A terra é nossa. Temos o direito de usufruir de seus minérios".
De acordo com o ex-presidente da Sociedade em Defesa dos Índios Unidos do Norte de Roraima (Sodiur), o índio macuxi Lauro Barbosa, que mora no Flexal, o garimpo existente na área é antigo e representa um dos meios de sobrevivência dos índios.
Lauro explicou que a garimpagem é feita no igarapé do Sol e que todo o equipamento utilizado é de propriedade dos índios. Ele mostrou à Folha a nota fiscal de compra dos equipamentos em nome dos tuxauas e da comunidade. "Esse é o meio de sustentarmos nossas famílias. Não temos emprego e trabalhamos honestamente. O material que tem lá [no garimpo] é nosso, comprado com o nosso dinheiro. O que vamos fazer agora? Matar? Roubar?", questionou.
Segundo ele, em média, cinco índios garimpam no rio diariamente. O lucro é repartido com todos após serem retirados os recursos para manutenção dos equipamentos e aquisição de combustível.
Conforme Lauro, ele retira do garimpo, por semana, cerca de cinco gramas. O grama do ouro é vendido na sede de Uiramutã, a cidade mais próxima da comunidade, a R$ 51,00 e em Boa Vista, a R$ 63,49. "Estou em minha terra e posso nela garimpar, fazer o que for preciso para sustentar minha família", reafirmou.
O tuxaua Lauro afirmou que os índios querem ser indenizados pelo Exército e disse que o maquinário tem de ser restituído para a comunidade. "Eles colocaram armas na cabeça dos índios e nos obrigaram a deixar o local. Perguntei se eles iriam atirar num homem desarmado e eles não atiraram, mas quando percebi, já tinham jogado as granadas e destruído tudo, casas, máquinas e área de preservação", relatou.
OPERAÇÃO - A Operação Escudo Dourado é realizada pelas duas instituições desde segunda-feira, nas terras indígenas Raposa Serra do Sol, São Marcos e Yanomami, para coibir a garimpagem, o tráfico de drogas e crimes considerados transnacionais. O Exército não informou quantos homens emprega na ação, mas somente na segunda-feira prendeu oito garimpeiros na Raposa Serra do Sol.
A fiscalização no local é rígida, inclusive nos locais de acesso à reserva. Ontem, outra equipe da Folha constatou que na entrada para o Surumu, a partir da BR-174, há um forte esquema de segurança, que revista minuciosamente todas as pessoas que entram e saem da Raposa Serra do Sol.
OUTRO LADO - A Folha entrou em contato com a assessoria de imprensa da 1ª Brigada de Selva, na noite de ontem, quando a equipe de reportagem chegou da reserva, mas até o fechamento da matéria a instituição não se pronunciou sobre as reclamações feitas pelos índios da região.
The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source