From Indigenous Peoples in Brazil

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Entrevista - Cacique Ambrósio fala sobre Guyra Roka e de sua participação no filme Terra Vermelha

25/03/2010

Fonte: Pontão de Cultura Guaicuru - http://www.pontaodeculturaguaicuru.org.br




Ambrósio Vilhava é o cacique da aldeia Guyra Roká, no município de Caarapó (MS). É uma pessoa que gosta de conversar e que trata todas as outras com amabilidade. Durante alguns anos viveu fora da aldeia, e para sobreviver se dedicou a diversos trabalhos, mas de acordo com ele, a experiência profissional mais prazerosa que já teve na vida foi como ator de cinema. Apesar do tempo que viveu fora da aldeia Guyra Roka, jamais perdeu seu sentimento de pertencer a sua terra e ao seu povo. Aqui ele fala um pouco mais sobre sua aldeia e a experiência com o cinema, confira:

Projeto Ava Marandu - Você gostaria de falar de algum problema da aldeia Guyra Roka?

Cacique Ambrósio Vilhalva - Sim. Um índio assassinado não tem valor. Já teve um menino de 11 anos que morreu por aqui. Inclusive eu tenho a fotografia desse menino. No lugar onde ele foi enterrado hoje tem um buracão. Tem tanto lugar pra tirar terra e vão tirar logo daqui. Eu queria entender na justiça como funciona isso e de onde vem essa falta de respeito.

Projeto Ava Marandu - O quê você pensa sobre as oficinas de fotografia e cinema realizadas na aldeia Guyra Roka?

Ambrósio Vilhalva - Pra mim isso integra as pessoas daqui... E os meninos dão os primeiros passos, estão aprendendo. Eles sempre pedem pra mim a continuidade disso. Sempre perguntam o que vai ser depois. E eu sempre falo pra eles, primeiro vocês têm que aprender o que vocês querem.

Projeto Ava Marandu - O filme Terra Vermelha mudou o tratamento dos não índios em relação a você?

Ambrósio Vilhalva - Esse filme foi ótimo no sentido de as pessoas poderem enxergar o que é índio e o quais são os problemas dos índios. Esse filme representa para os não índios, uma imagem na parede da porta. Toda vez que você passa pela porta você vai lembrar. Não sou diferente de branco, negro, de fulano ou de outro. Não sou diferente de ninguém, porque o que muda mesmo é a pele, os cabelos e o olhar. A mudança pra mim é trabalhar junto, em parceria. Porque o mesmo que eu preciso, os outros precisam também, que é viver em paz, tranquilidade e a terra em primeiro lugar. Porque tudo que a gente come é também da terra.

Projeto Ava Marandu - Depois do Nádio, em Terra Vermelha, que outro personagem você faria?

Ambrósio Vilhalva - Eu faria Ñanderuvusu, com esse personagem poderia fazer o filme aqui, na Argentina, no Paraguai, na Bolívia, em qualquer lugar onde tenha guarani. Ñanderuvusu é uma pessoa que une todo o sul, um pai da gente. E uma vez no Paraguai respondi essa mesma questão para umas pessoas e o pessoal olhou um pro outro e disseram que não dá pra encontrar esse personagem (risos).

Projeto Ava Marandu - Como foi participar de um filme?

Ambrósio Vilhalva - Isso era meu sonho desde 10 anos de idade. Sempre torci pra que isso desse certo um dia, e deu. Gostei (risos).

http://www.pontaodeculturaguaicuru.org.br/avamarandu/noticia.php?not_id=33
 

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