From Indigenous Peoples in Brazil
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Protesto pode reunir 5 mil índios no local da usina
18/04/2010
Fonte: OESP, Economia, p. B6
Protesto pode reunir 5 mil índios no local da usina
Movimento tem o apoio de ambientalistas e acadêmicos, que questionam os estudos sobre o impacto de Belo Monte na região
Os povos indígenas da região do Rio Xingu planejam uma ação conjunta contra a Hidrelétrica de Belo Monte, mesmo que o leilão seja realizado na terça-feira. A intenção é montar uma tribo multiétnica no local onde será erguida a barragem. "Queremos reunir 5 mil índios de várias etnias", afirma o cacique da tribo Arara, que fica na Volta Grande do Xingu.
O movimento, que pode ocorrer nos próximos dias, tem o apoio de ambientalistas e acadêmicos. Para eles, todo o processo de Belo Monte está sendo feito de forma atropelada, sem o devido cuidado que uma obra dessa dimensão exige. "Houve má-fé no EIA-Rima (Estudos Ambientais)", afirma a professora da Universidade Federal do Pará, de Altamira, Janice Muriel-Cunha.
Segundo ela, os estudos de ictiofauna (conjunto das espécies de peixes), por exemplo, estão incompletos e não contemplam todas as espécies do rio. Além disso, não tratam de forma contundente os impactos que o aumento da população vai provocar na região, como o avanço da violência e do desmatamento. Para outro professor da universidade, Hermes Fonseca de Medeiros, até agora o projeto não se mostrou viável do ponto de vista econômico e ambiental. "Só no ponto que envolve o efeito estufa, Belo Monte demoraria 50 anos para se pagar. Já em relação à diversidade amazônica, ela nunca se pagaria", diz o acadêmico, que ao lado de Janice estudou os impactos de Belo Monte.
São 230 páginas divididas em sete tópicos sobre o reflexo da usina no rio e na região. Além dos dois professores, outros 40 especialistas participaram do trabalho. O resultado do estudo coincide com vários pontos identificados pelo procurador do Ministério Público Federal (MPF) em Altamira, Bruno Alexandre Gütschow, que entrou com as duas ações contra a obra.
Ele afirma que o MPF planeja outras ações contra o projeto, mesmo se o leilão for realizado. A base desses questionamentos são documentos de técnicos do Ibama, no fim do ano passado, afirmando que ainda não era possível atestar a viabilidade do projeto e seria necessário mais tempo para analisar os impactos. Outro ponto levantado pelo procurador é a obrigatoriedade de manter o nível do rio em 8 mil metros cúbicos (m³) por segundo, no período de abril.
"Para conseguir esse nível, seria necessário passar 14 mil m³ de água por segundo pela barragem para gerar a capacidade prevista. Mas, estatisticamente, em 70% dos anos pesquisados, o rio não tem toda essa vazão", diz ele. Isso significa que a usina teria de produzir menos que a previsão.
Outro fator que causa polêmica entre os especialistas é a expectativa de a usina alagar área maior que a prevista. Antes, falava-se em cerca de 500 km². Agora, em 600 km². Para Gütschow, o redução do nível do rio pode provocar prejuízos não só à ictiofauna, mas também à vida humana. A explicação está no leito do rio, que pode liberar substâncias tóxicas.
OESP, 18/04/2010, Economia, p. B6
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100418/not_imp539726,0.php
Movimento tem o apoio de ambientalistas e acadêmicos, que questionam os estudos sobre o impacto de Belo Monte na região
Os povos indígenas da região do Rio Xingu planejam uma ação conjunta contra a Hidrelétrica de Belo Monte, mesmo que o leilão seja realizado na terça-feira. A intenção é montar uma tribo multiétnica no local onde será erguida a barragem. "Queremos reunir 5 mil índios de várias etnias", afirma o cacique da tribo Arara, que fica na Volta Grande do Xingu.
O movimento, que pode ocorrer nos próximos dias, tem o apoio de ambientalistas e acadêmicos. Para eles, todo o processo de Belo Monte está sendo feito de forma atropelada, sem o devido cuidado que uma obra dessa dimensão exige. "Houve má-fé no EIA-Rima (Estudos Ambientais)", afirma a professora da Universidade Federal do Pará, de Altamira, Janice Muriel-Cunha.
Segundo ela, os estudos de ictiofauna (conjunto das espécies de peixes), por exemplo, estão incompletos e não contemplam todas as espécies do rio. Além disso, não tratam de forma contundente os impactos que o aumento da população vai provocar na região, como o avanço da violência e do desmatamento. Para outro professor da universidade, Hermes Fonseca de Medeiros, até agora o projeto não se mostrou viável do ponto de vista econômico e ambiental. "Só no ponto que envolve o efeito estufa, Belo Monte demoraria 50 anos para se pagar. Já em relação à diversidade amazônica, ela nunca se pagaria", diz o acadêmico, que ao lado de Janice estudou os impactos de Belo Monte.
São 230 páginas divididas em sete tópicos sobre o reflexo da usina no rio e na região. Além dos dois professores, outros 40 especialistas participaram do trabalho. O resultado do estudo coincide com vários pontos identificados pelo procurador do Ministério Público Federal (MPF) em Altamira, Bruno Alexandre Gütschow, que entrou com as duas ações contra a obra.
Ele afirma que o MPF planeja outras ações contra o projeto, mesmo se o leilão for realizado. A base desses questionamentos são documentos de técnicos do Ibama, no fim do ano passado, afirmando que ainda não era possível atestar a viabilidade do projeto e seria necessário mais tempo para analisar os impactos. Outro ponto levantado pelo procurador é a obrigatoriedade de manter o nível do rio em 8 mil metros cúbicos (m³) por segundo, no período de abril.
"Para conseguir esse nível, seria necessário passar 14 mil m³ de água por segundo pela barragem para gerar a capacidade prevista. Mas, estatisticamente, em 70% dos anos pesquisados, o rio não tem toda essa vazão", diz ele. Isso significa que a usina teria de produzir menos que a previsão.
Outro fator que causa polêmica entre os especialistas é a expectativa de a usina alagar área maior que a prevista. Antes, falava-se em cerca de 500 km². Agora, em 600 km². Para Gütschow, o redução do nível do rio pode provocar prejuízos não só à ictiofauna, mas também à vida humana. A explicação está no leito do rio, que pode liberar substâncias tóxicas.
OESP, 18/04/2010, Economia, p. B6
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100418/not_imp539726,0.php
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