From Indigenous Peoples in Brazil
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Três visões da Amazônia em crise
22/07/2010
Fonte: OESP, Caderno 2, p. D5
Documentos anexos
Três visões da Amazônia em crise
Encenação discute problema climático em tom didático e causa impacto visual mesclando arte, ciência e tecnologia
Lauro Lisboa Garcia
Em 1982, o compositor paraibano Vital Farias profetizava a tragédia ambiental cada vez mais próxima do ponto irreversível na obra-prima Saga da Amazônia. Mesclando arte, ciência e tecnologia, o espetáculo Amazônia - Teatro Música em Três Partes ocupa o Sesc Pompeia até domingo enfatizando o quadro aterrador que Farias já pintava na canção. Anteontem, na sessão de pré-estreia para convidados, ao fim de mais de três horas (contando o tempo de dois intervalos), a impressão que ficou foi a de que o fim da aventura humana na Terra já está determinado. Por mais que se sugiram ações emergenciais, problemas decorrentes da superpopulação que demanda consumo de alimento em quantidades caudalosas - o que motiva a devastação da floresta em ritmo desesperador para cultivo de lavoura e criação de gado - parecem sem solução.
Dirigida por Michael Scheidl e Christiane Riedel, a ópera é dividida em três partes e dois ambientes. A produção intercontinental é do Sesc em parceria com o Instituto Goethe e o Teatro São Carlos de Lisboa, o ZKM (Centro de Arte e Mídia de Karisruhe, Alemanha), a Hutukara Associação Yanomami e a Bienal de Munique, onde estreou em maio.
Não é exatamente uma ópera nos padrões que se conhece do gênero, com dramalhão amoroso, interpretações empostadas e figurinos cafonas. É uma encenação nada convencional, mas tem tragédia, canto lírico (polifônico), é multimídia e às vezes pesada. Principalmente na primeira parte, Tilt, que trata da visão do colonizador, com libreto baseado num relato de Sir Walter Raleigh, de 1596. É um ato longo, minimalista, complexo e um tanto cansativo. No mesmo espaço de convivência, o segundo ato, A Queda do Céu, é sobre o olhar dos indígenas e convida o público à interatividade, como se passasse uma noite na floresta, com seus ruídos e luzes estranhas, com música de vanguarda (do brasileiro Tato Taborda) mais interessante e impactante que da primeira.
O terceiro ato, Conferência Amazônica, é o mais bonito visualmente, com projeções sobre o cenário de formas quadrangulares inspirada na cadeia molecular do "jogo da vida", que ocupa metade das cadeiras do teatro.
Os textos projetados, com diversas estatísticas alarmantes - que tanto já são noticiadas quando desdenhadas - sobre fome, poluição e extinção de espécies de plantas e animais, mais a encenação da conferência, da qual participam um índio, uma cientista, um político e um economista, dão um tom didático à encenação, como uma aula de ecologia sobre o ciclo da água, a fotossíntese e a emissão de gás carbônico na atmosfera e suas consequências. Quem espera ver índio dançando, imagens deslumbrantes da fauna e da flora ou procura entretenimento, que vá ver outra coisa. A visão do problema climático aqui é apocalíptica.
OESP, 22/07/2010, Caderno 2, p. D5
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100722/not_imp584426,0.php
Encenação discute problema climático em tom didático e causa impacto visual mesclando arte, ciência e tecnologia
Lauro Lisboa Garcia
Em 1982, o compositor paraibano Vital Farias profetizava a tragédia ambiental cada vez mais próxima do ponto irreversível na obra-prima Saga da Amazônia. Mesclando arte, ciência e tecnologia, o espetáculo Amazônia - Teatro Música em Três Partes ocupa o Sesc Pompeia até domingo enfatizando o quadro aterrador que Farias já pintava na canção. Anteontem, na sessão de pré-estreia para convidados, ao fim de mais de três horas (contando o tempo de dois intervalos), a impressão que ficou foi a de que o fim da aventura humana na Terra já está determinado. Por mais que se sugiram ações emergenciais, problemas decorrentes da superpopulação que demanda consumo de alimento em quantidades caudalosas - o que motiva a devastação da floresta em ritmo desesperador para cultivo de lavoura e criação de gado - parecem sem solução.
Dirigida por Michael Scheidl e Christiane Riedel, a ópera é dividida em três partes e dois ambientes. A produção intercontinental é do Sesc em parceria com o Instituto Goethe e o Teatro São Carlos de Lisboa, o ZKM (Centro de Arte e Mídia de Karisruhe, Alemanha), a Hutukara Associação Yanomami e a Bienal de Munique, onde estreou em maio.
Não é exatamente uma ópera nos padrões que se conhece do gênero, com dramalhão amoroso, interpretações empostadas e figurinos cafonas. É uma encenação nada convencional, mas tem tragédia, canto lírico (polifônico), é multimídia e às vezes pesada. Principalmente na primeira parte, Tilt, que trata da visão do colonizador, com libreto baseado num relato de Sir Walter Raleigh, de 1596. É um ato longo, minimalista, complexo e um tanto cansativo. No mesmo espaço de convivência, o segundo ato, A Queda do Céu, é sobre o olhar dos indígenas e convida o público à interatividade, como se passasse uma noite na floresta, com seus ruídos e luzes estranhas, com música de vanguarda (do brasileiro Tato Taborda) mais interessante e impactante que da primeira.
O terceiro ato, Conferência Amazônica, é o mais bonito visualmente, com projeções sobre o cenário de formas quadrangulares inspirada na cadeia molecular do "jogo da vida", que ocupa metade das cadeiras do teatro.
Os textos projetados, com diversas estatísticas alarmantes - que tanto já são noticiadas quando desdenhadas - sobre fome, poluição e extinção de espécies de plantas e animais, mais a encenação da conferência, da qual participam um índio, uma cientista, um político e um economista, dão um tom didático à encenação, como uma aula de ecologia sobre o ciclo da água, a fotossíntese e a emissão de gás carbônico na atmosfera e suas consequências. Quem espera ver índio dançando, imagens deslumbrantes da fauna e da flora ou procura entretenimento, que vá ver outra coisa. A visão do problema climático aqui é apocalíptica.
OESP, 22/07/2010, Caderno 2, p. D5
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100722/not_imp584426,0.php
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