From Indigenous Peoples in Brazil
News
Infância e adolescência dos índios - Os jovens que se preocupam com suas tribos
17/12/2010
Autor: Daniele Lessa
Fonte: Rádio Câmara - http://www.camara.gov.br/
A terceira reportagem apresenta três jovens índios que que investiram na educação com o objetivo de voltar e trabalhar pelas comunidades onde nasceram.
A voz é mansa, a beleza da jovem chama a atenção pela discrição. Jaqueline Ciríaco saiu das praias de uma aldeia Potiguara, na Paraíba, para debater o futuro da juventude indígena.
"Acho que a principal preocupação é a de não perder esse jovem para a sociedade envolvente, não nas questões boas, mas nas questões ruins, questão de droga, alcoolismo, ociosidade, a juventude não se preocupar com o seu povo. Você pode muito bem fazer o que você quiser fora da sua aldeia sem precisar deixá-la."
Jaqueline terminou Pedagogia e avança para o curso de Direito. Com 24 anos, conta que nessa idade, as mulheres da aldeia já estão casadas e com filhos. Ela ri, e fala que algumas pessoas podem ser diferentes.
Como Jaqueline, muitos outros saíram de suas aldeias em direção às universidades. Com um pé na modernidade e outro na tradição, Fernanda Kaikang acaba de voltar de Genebra, em um encontro sobre proteção dos conhecimentos tradicionais. Na formação profissional, ela obedeceu à determinação de seu povo.
"Se eu fosse optar, eu teria feito comunicação social, teria feito jornalismo. Mas como não era uma opção individual, como muitas coisas não são na nossa cultura, a geração dos meus pais decidiu que eu precisava fazer Direito, porque nós não tínhamos um advogado no nosso povo. Eles diziam: olha, o fato de nós termos direitos assegurados não garante que esses direitos sejam cumpridos, então nós precisamos de alguém do nosso povo que entenda desses direitos e possa traduzir esses direitos em linguagem acessível pra gente."
O que para a juventude não indígena poderia ser uma interferência imperdoável, para Fernanda é natural. A coletividade indígena se eleva acima de cada pessoa, e isso é recebido com alegria.
O povo Kaigang agrega mais de 40 mil pessoas espalhadas pelo Sul do Brasil. Os problemas são muitos e pedem o esforço de todos.
"A gente sempre trabalha com as demandas que a comunidade tem, é claro que sempre se leva em conta a aptidão individual de uma pessoa. No meu caso, eu tinha sido criada para estudar, eu sabia que era a única arma que a gente dispunha. Nós somos o terceiro maior povo do país, o povo indígena Kaingang, e habita nas menores terras. Então a gente tem todo tipo de problema por não ter territórios demarcados e a gente precisa de outras alternativas, e a educação é uma delas."
Roupas ocidentais se misturam com acessórios indígenas, um colar de pena fica à mostra por trás do notebook onde as conclusões dos debates são anotadas.
Osmanier Bernardo já nasceu entre dois povos. De mãe Terena e pai Kadiweu, morou nas duas aldeias no Mato Grosso do Sul. Conta que a família se orgulha da conclusão do curso de Administração, feito em Campo Grande.
A primeira dificuldade foi financeira: poucas famílias podem arcar com os gastos de manter um jovem na faculdade. Os incentivos nas universidades nem sempre são suficientes para permitir que os jovens concluam a graduação. A segunda dificuldade é o impacto das relações humanas na cidade.
"Na sua aldeia você conhece cada patrício que mora lá. Você cumprimenta, dá oi, e na cidade não, você olha para as pessoas e elas nem sequer dão um sorriso pra gente, é completamente diferente em Campo Grande. Essa é uma realidade bem difícil pra nós, mas me adaptei, aprendi a conviver no meio das pessoas não indígenas e estou aí, na luta."
Osmanier surpreende pela aparência. Gel no cabelo, aparelho nos dentes. Mas no lado de dentro do corpo, leva sua história, sua raiz.
"Me sinto enraizado na minha comunidade, por mais que eu possa estar de aparelho, tênis, como dizem os brancos, mais moderno, mas eu nunca vou deixar de ser indígena, está no sangue, está na gente. O que eu mais valorizo é a questão da tradição, a dança, a reza, a pajelança, essa é uma questão muito forte na minha aldeia."
Ele conta que os colegas de faculdade perguntam de sua vida de indígena e já fez o convite para que eles conheçam a aldeia.
Ao terminar a faculdade, Osmanier se sente confuso como qualquer jovem. Não vê com clareza como pode ajudar seu povo. Mas não tem dúvidas que é isso que deve fazer.
http://www.camara.gov.br/internet/radiocamara/default.asp?selecao=MAT&Materia=114766
A voz é mansa, a beleza da jovem chama a atenção pela discrição. Jaqueline Ciríaco saiu das praias de uma aldeia Potiguara, na Paraíba, para debater o futuro da juventude indígena.
"Acho que a principal preocupação é a de não perder esse jovem para a sociedade envolvente, não nas questões boas, mas nas questões ruins, questão de droga, alcoolismo, ociosidade, a juventude não se preocupar com o seu povo. Você pode muito bem fazer o que você quiser fora da sua aldeia sem precisar deixá-la."
Jaqueline terminou Pedagogia e avança para o curso de Direito. Com 24 anos, conta que nessa idade, as mulheres da aldeia já estão casadas e com filhos. Ela ri, e fala que algumas pessoas podem ser diferentes.
Como Jaqueline, muitos outros saíram de suas aldeias em direção às universidades. Com um pé na modernidade e outro na tradição, Fernanda Kaikang acaba de voltar de Genebra, em um encontro sobre proteção dos conhecimentos tradicionais. Na formação profissional, ela obedeceu à determinação de seu povo.
"Se eu fosse optar, eu teria feito comunicação social, teria feito jornalismo. Mas como não era uma opção individual, como muitas coisas não são na nossa cultura, a geração dos meus pais decidiu que eu precisava fazer Direito, porque nós não tínhamos um advogado no nosso povo. Eles diziam: olha, o fato de nós termos direitos assegurados não garante que esses direitos sejam cumpridos, então nós precisamos de alguém do nosso povo que entenda desses direitos e possa traduzir esses direitos em linguagem acessível pra gente."
O que para a juventude não indígena poderia ser uma interferência imperdoável, para Fernanda é natural. A coletividade indígena se eleva acima de cada pessoa, e isso é recebido com alegria.
O povo Kaigang agrega mais de 40 mil pessoas espalhadas pelo Sul do Brasil. Os problemas são muitos e pedem o esforço de todos.
"A gente sempre trabalha com as demandas que a comunidade tem, é claro que sempre se leva em conta a aptidão individual de uma pessoa. No meu caso, eu tinha sido criada para estudar, eu sabia que era a única arma que a gente dispunha. Nós somos o terceiro maior povo do país, o povo indígena Kaingang, e habita nas menores terras. Então a gente tem todo tipo de problema por não ter territórios demarcados e a gente precisa de outras alternativas, e a educação é uma delas."
Roupas ocidentais se misturam com acessórios indígenas, um colar de pena fica à mostra por trás do notebook onde as conclusões dos debates são anotadas.
Osmanier Bernardo já nasceu entre dois povos. De mãe Terena e pai Kadiweu, morou nas duas aldeias no Mato Grosso do Sul. Conta que a família se orgulha da conclusão do curso de Administração, feito em Campo Grande.
A primeira dificuldade foi financeira: poucas famílias podem arcar com os gastos de manter um jovem na faculdade. Os incentivos nas universidades nem sempre são suficientes para permitir que os jovens concluam a graduação. A segunda dificuldade é o impacto das relações humanas na cidade.
"Na sua aldeia você conhece cada patrício que mora lá. Você cumprimenta, dá oi, e na cidade não, você olha para as pessoas e elas nem sequer dão um sorriso pra gente, é completamente diferente em Campo Grande. Essa é uma realidade bem difícil pra nós, mas me adaptei, aprendi a conviver no meio das pessoas não indígenas e estou aí, na luta."
Osmanier surpreende pela aparência. Gel no cabelo, aparelho nos dentes. Mas no lado de dentro do corpo, leva sua história, sua raiz.
"Me sinto enraizado na minha comunidade, por mais que eu possa estar de aparelho, tênis, como dizem os brancos, mais moderno, mas eu nunca vou deixar de ser indígena, está no sangue, está na gente. O que eu mais valorizo é a questão da tradição, a dança, a reza, a pajelança, essa é uma questão muito forte na minha aldeia."
Ele conta que os colegas de faculdade perguntam de sua vida de indígena e já fez o convite para que eles conheçam a aldeia.
Ao terminar a faculdade, Osmanier se sente confuso como qualquer jovem. Não vê com clareza como pode ajudar seu povo. Mas não tem dúvidas que é isso que deve fazer.
http://www.camara.gov.br/internet/radiocamara/default.asp?selecao=MAT&Materia=114766
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