From Indigenous Peoples in Brazil

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Guardiã da língua

14/03/1999

Fonte: Agência de Notícias-Florianópolis-SC



Um dos responsáveis pela saída dos xoclengue da mata foi Eduardo de Lima e Silva Hoerhan, o Eduardinho. Foi ele que tirou a família da índia Aigu Patté. Retirada do mato em 1914, quando ainda era adolescente, ninguém sabem exatamente a sua idade. Sabe-se apenas que já passou dos 100 anos. Segundo parentes, deve estar entre os 110 e 115 anos de idade. A velha índia não fala português e se comunica somente com os parentes. Ainda lúcida, conta, através de outro índio que serviu de interprete, suas angústia durante todos esses anos de domínio do povo branco e o desaparecimento das origens do seu povo.

Ela ainda mantém referenciais da cultura dos antepassados. quando morrer, o povo xoclengue perderá sua mais importante referência da língua. "Ela nunca saiu da reserva, faz artesanatos e sobrevive disso. O governo ainda estabeleceu uma aposentadora de R$ 130,00 para garantir algum sustento", diz Vomblê Priprá, que serviu de interlocutor.

A velha índia é uma das poucas que ainda sabe os poderes das ervas medicinais: da folha de goiaba se faz um excelente chá para dores de barriga; da ameixa, para os nervos; da tangerina, para febres altas e da folha de abacate para resolver dores estomacais. Os índios mais antigos sabem quando algo está para acontecer. Sentada num banco de madeira, Aigu Patté

aguardava a chegada de alguém que viria de longe só para vê-la. "Ela sabia que alguém chegaria para conhecê-la e saber de sua vida", revelou um parente, referindo-se a reportagem de A Notícia.

A falta de dinheiro e outros recursos faz um velho índio adoecer, argumenta o intérprete Vomblê. "O índio sempre sobreviveu da carne e do mel silvestre. Hoje, sem dinheiro, se falta carne e açucar, o índio adoece". (MAB)
 

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