De Povos Indígenas no Brasil

“Nossos parentes estão acompanhando e realmente é muito bom ver que eles estão por dentro”

Janete Figueiredo Alves, do povo Desana, é coordenadora do Departamento de Mulheres da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN). Também faz parte da Rede de Comunicadores Indígenas do Rio Negro, formada no segundo semestre de 2017 com o lançamento do Wayuri, boletim informativo dos Povos do Rio Negro. No Acampamento Terra Livre deste ano, os comunicadores da rede colaboraram com o boletim Vozes do ATL.


Janete Figueredo Alves, desana da Terra Indígena Alto Rio Negro (AM), durante o Acampamento Terra Livre de 2018, em Brasília (DF). Foto: Mario Brunoro/ISAJanete Figueredo Alves, desana da Terra Indígena Alto Rio Negro (AM), durante o Acampamento Terra Livre de 2018, em Brasília (DF). Foto: Mario Brunoro/ISA


Eu sou Janete Figueiredo Alves, da Rede de Comunicadores Indígenas do Rio Negro e, atualmente, sou uma das coordenadoras do departamento de mulheres indígenas do Rio Negro. Estamos participando do ATL para divulgar o que está acontecendo aqui — como que a gente está na luta em prol dos nossos direitos, dos povos originários — e divulgar para nossos parentes, porque lá eles não estão sabendo disso. Esse trabalho que a gente está divulgando [sobre o ATL], eles estão gostando muito porque eles não estavam sabendo, daí a gente divulgou com áudio, com foto, mídias, redes sociais... Temos muitos seguidores. Nossos parentes estão acompanhando e realmente é muito bom ver eles acompanhando, ver que estão por dentro do que está acontecendo aqui no ATL.


ISA: Qual é a importância dos indígenas ocuparem canais de comunicação como o YouTube, Facebook...?

A importância é divulgar o que a gente realmente quer que os nossos parentes saibam — ou os nossos parentes brancos também — para eles acompanharem o que a gente quer, o que a gente está fazendo lá da nossa aldeia. A gente divulga os trabalhos, as assembleias nas redes sociais. Esse acampamento, é muito importante eles ficarem sabendo.


ISA: Achamos legal você ocupar esse lugar de divulgação, de comunicação, sendo mulher. Como é isso para você?

A gente pensou muito e a gente tá achando muito bom porque não tinha rede de comunicadores indígenas. Foi uma luta que a gente adquiriu. Tem muitas mulheres, acho que cinco mulheres, da rede de comunicadores. É muito bom participar dentro [da rede]. Tem homens também, jovens... E é muito importante a participação de mulheres, como indígenas. Eu sou desana, eu falo língua tukano. É muito bom fazer parte da Rede de Comunicadores Indígenas do Rio Negro.


ISA: Por fim, qual mensagem você deixaria para os não-indígenas?

Eu gostaria que vocês acompanhassem as nossas divulgações nas redes sociais, tanto nos boletins informativos como no Youtube. O que a gente está divulgando é muito importante para nós: é realidade, o que a gente quer alcançar. O que a gente está fazendo nos nossos povos é uma realidade, não é uma história. Eu queria que vocês acompanhassem, divulgassem... É isso. Obrigada.


A entrevista acima foi registrada em 2018 durante o 15º Acampamento Terra Livre, em Brasília (DF), por Isadora Fávero e Mario Brunoro.