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Disputa por terras armam índios e fazendeiros em Mato Grosso do Sul

25/07/2011

Fonte: Portal G1 - http://g1.globo.com



Funai diz que caciques deram ordem para jovens terenas ocuparem terras.
Fazendeiro afirma que foi rendido e está impedido de entrar na propriedade.

Há mais de dez anos fazendeiros e índios estão na disputa por terras férteis em Mato Grosso do Sul. Nas propriedades que ficam entre os municípios de Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti, a cerca de 70 quilômetros de Campo Grande, o clima é de insegurança nas últimas semanas. O pecuarista Roberto Bacha, que é dono de uma fazenda de 300 hectares na região, conta que a área já foi ocupada pelos índios seis vezes. A última foi há dois meses.

Bacha afirma que não conseguiu mais voltar à fazenda depois que ela foi ocupada pelos índios. "Nós fomos rendidos por índios armados com armas de fogo. Hoje a fazenda está invadida por cerca de dois mil descendentes de índios e nosso acesso está impedido na propriedade", conta o fazendeiro.

Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), os caciques terena deram a ordem para que os jovens das tribos ocupassem as terras, onde até então estavam os produtores rurais. Desde então, trabalham na retirada de cercas cercas da propriedade e também construíram centenas de ocas próximo as antigas sedes, além disso algumas pastagens foram queimadas.

"Estamos aqui plantando e reformando. A terra estava abandonada. Já estamos tocando uma lavoura e já temos cinco ou seis hectares de feijão de corda plantados", afirma um dos caciques da tribo.

A entrada dos índios gera um clima de conflito eminente. Os produtores que ainda não tiveram a fazenda ocupada contrataram seguranças particulares, armados, para proteger as terras.

Os fazendeiros argumentam que os índios também estão armados. Bacha mostra um livro ata, que teria sido encontrado em uma das fazendas ocupadas. Nele há anotações de armas que estariam em poder dos índios terena, como os nomes de quem usa o armamento, o modelo e o número de munições.

O ex-cacique Noel Patrocínio, de 78 anos, mora na reserva Buriti e diz que os jovens terenas estão certos na luta pelo espaço territorial.

"Quando a etnia branca chegou aqui, o que é que foi encontrado? Mata virgem e índios", enfatiza Patrocínio.

Segundo informações da Funai, a reserva indígena Buriti, que foi demarcada pelo órgão, tem aproximadamente 2,1 mil hectares e abriga 3,4 mil índios da etnia terna. Já de acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul), 13 fazendas estão ocupadas na região e a área totaliza 4,5 mil hectares.

Antropólogos da Funai já fizeram a demarcação do território. Pela lei os fazendeiros não podem ser indenizados pela terra e recebem apenas o que investiram em benfeitorias na propriedade.

"Esse levantamento é bastante detalhado, nós medimos todas as benfeitorias que estão incidentes na área, cerca, fios, postes, pastagem frutíferas, eucaliptos outras árvores de valor comercial e também as edificações que são as casas, currais e açudes. Tudo o que for benfeitoria, tudo o que foi gasto de dinheiro do ocupante para poder empreender uma área a gente faz a medição detalhada e ele será indenizado", explica o servidor da Funai, Marcelo Bresolin.

A história se repete. Um dia os índios foram retirados de suas terras para a entrada dos produtores. Hoje os produtores saem para a volta dos índios.

Bacha conta que a propriedade foi adquirida por seus pais, e pertence a família há muitos anos. "Naquela fazenda estava até o cheiro do meu pai e isso nunca mais vai ser resgatado. Eu não me sinto em condições de voltar na propriedade", conta o produtor.

O cacique Patrocínio afirma que os índios não vão desistir da ocupação. "Esse pensamento nunca vai morrer. Ele vai existir enquanto existir o índio, o sonho e o desejo de retomada de território", enfatiza o cacique.


http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2011/07/disputa-por-terras-armam-indios-e-fazendeiros-em-mato-grosso-do-sul.html
 

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