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"Guerra" por terra em Dourados é destaque na mídia internacional

14/12/2013

Autor: Valéria Araújo

Fonte: Dourados Agora - http://www.douradosagora.com.br



O conflito agrário registrado em Mato Grosso do Sul é destaque do jornal El País um dos mais renomados da imprensa internacional e com a maior tiragem da Espanha. Em reportagem publicada no último dia 10, com o título "Tambores de guerra na terra Vermelha", o diário relatou a situação em que vivem indígenas de Dourados. O primeiro relato destaca a pequena comunidade Apyka'i , em Dourados, onde três pessoas foram mortas, em circunstâncias não esclarecidas, no último ano.

Conforme a publicação o clima é de medo. " (...) A tensão em Apyka'i é uma pequena mostra do clima de guerra que se instaurou no Mato Grosso do Sul pela propriedade das terras. É uma "guerra-fria", define um oficial da Força Nacional, espécie de tropa de elite formada por homens da Polícia Militar de vários Estados, que foi despachada para a região no final do mês passado pelo Governo federal, justamente para evitar que a situação se torne uma guerra de fato. Por questões de segurança, o Governo decidiu não revelar o efetivo da Força enviada", mostra a reportagem.

A publicação explica a situação de ambas as partes. "(...) De um lado, estão os cerca de 61 mil índios, a maioria das etnias guarani-kaiowá, guarani-nhandeva e terena, que vivem em dez municípios do Estado e reivindicam as terras que pertenciam aos seus ancestrais. Eles têm como trunfo estudos antropológicos que provam que as áreas já foram habitadas por seus parentes e, por isso, têm direito a elas. Do outro, estão aproximadamente 60 mil produtores rurais que dizem que as terras são deles, e mostram o registro de propriedade para provar", disse.

O jornal também destaca a morosidade do governo para resolver a crise e o jogo de empurra registrado no Brasil. "O impasse acontece porque a Constituição de 1988 explicita que é de direito dos povos indígenas ocupar as chamadas terras tradicionais. Mas, nas décadas que antecederam a Constituição, o Governo do Mato Grosso do Sul assim como o de outros Estados brasileiros, retiraram os índios de suas terras e as venderam para os fazendeiros, que se tornaram os proprietários legais das áreas. O Governo Federal acredita que as terras devem ser devolvidas para os índios e o Ministério da Justiça já autorizou a demarcação de muitas delas. Mas os fazendeiros, para evitar o despejo, entram na Justiça e afirmam que só saem se forem ressarcidos pelo prejuízo, prolongando a discussão no Judiciário. O Governo do Estado diz que quem deve pagar a conta é a União, tutora dos indígenas no país. E a União joga a responsabilidade para o Estado, que vendeu o que não poderia ter vendido", diz trecho da matéria.

Em outro trecho a reportagem fala sobre a situação de vulnerabilidade com que vivem os indígenas de Dourados. " A insegurança gerada pelo conflito, a incerteza sobre o futuro e as precárias condições de vida, trouxeram para a aldeia um outro inimigo, dessa vez invisível: o alcoolismo. Quando a reportagem esteve no local, ao menos dez pessoas estavam extremamente alcoolizadas, entre elas e uma menina de, no máximo, 15 anos. A cena se repete em outras aldeias e pelas ruas de Dourados, para onde muitos dos 11.000 índios da reserva Dourados, localizada no que se tornou a periferia do município com o crescimento da cidade, costumam ir para pedir dinheiro, revirar lixeiras em busca de restos de alimento e se prostituir". A reportagem esteve em Dourados no último dia 05.



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