De Povos Indígenas no Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Notícias

Índios invadem sede da Funai na Paraíba

06/01/1996

Autor: Adelson Barbosa

Fonte: Folha de São Paulo (São Paulo - SP)



Documentos anexos


Os 60 índios potiguaras da fa­mília Paca que tiveram suas casas destruídas anteontem por outros 500 índios (também potiguaras) no município de Baía da Traição (li­toral norte da Paraíba) ocuparam, na madrugada de ontem, a sede, da Funai (Fundação Nacional do Ín­dio) em João Pessoa.
Eles fugiram de Baía da Traição com medo de serem mortos pelos índios das aldeias Calego e São Francisco.
Os índios dessas aldeias destruí­ram e incendiaram as casas do grupo da família Paca, para vingar a morte de João José da Silva.
O índio, de 31 anos, foi assassi­nado a facadas no último dia 1o, às [15h, na aldeia São Francisco.
Segundo a polícia, o índio Antonio Nascimento, conhecido por "Antonio Xangozeiro", perten­cente à família Paca, é o principal suspeito da morte de Silva. Nasci­mento está foragido.
O delegado de Rio Tinto (cida­de próxima a Baía da Traição), Walter Cunha, disse anteontem que os índios que queimaram as casas estavam armados com espin­gardas, foices, facões e facas.
Ainda segundo o delegado, eles teriam tentado linchar 69 pessoas da família Paca. Eles teriam tenta­do linchar também G.F.N., 17, e Maria José Barbosa, 29, acusados de participar do assassinato de Sil­va. Os dois negam qualquer parti­cipação no crime.

MEDO
Os índios da família Paca exigiram da Funai abrigo, proteção, roupas e alimentos.
Segundo o advogado do órgão, Otávio Uchôa, eles temem voltar para Baía da Traição e serem ata­cados novamente.
Uehôa disse que o chefe da Funai na Paraíba, Manoel Marcos Clemente, providenciaria ontem mesmo um abrigo para os 60 ín­dios em João Pessoa ou na cidade de Rio Tinto, que fica próxima à Baía da Traição.
O advogado disse que a Funai convocou a PF (Polícia Federal) para garantir a integridade física dos índios nas aldeias.
Até o início da tarde de ontem, segundo a Funai, a situação tinha voltado a normalidade em Baía da Traição.


VISITA
Para ontem, estava prevista uma visita do procurador da República na Paraíba, Luciano Maia, às al­deias Galego e São Francisco.
O objetivo da ida do procurador ao local é tentar apaziguar os âni­mos dos índios.
O delegado de Baía da Traição, Waldemir Cunha, disse que duran­te toda a mahhã de ontem o clima estava tenso.
Segundo ele, os 500 índios te­riam ameaçado invadir novamente a cidade para destruir outras casas e a delegacia. Diante da ameaça, Cunha pediu reforço ao 4o Bata­lhão da Polícia Militar, que fica no município de Guarabira (96 km de João Pessoa).
No final da manhã, o Pelotão Especial de Choque, formado por 31 policiais, chegou à Baía da Traição para garantir a segurança na cidade, juntamente com os 70 policiais que estão lá desde, an­teontem. Baía da Traição tem cer­ca de 6.000 habitantes.
 

As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.