De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
Kerexu Mirim, a primeira india guarani, de nove anos a lançar um livro no Brasil.
10/04/2005
Autor: Celso Bandarra
Fonte: Grumin/Rede de Comiunicação Indígena
Índia de 9 anos lança livro em português e guarani
Era uma vez uma indiazinha que tinha o sonho de voar como os pássaros. E ela conseguiu. Sabe como? De helicóptero. A história da índia guarani Kerexu Mirim, de 9 anos, poderia ficar apenas na lembrança. Mas a paixão da menina pela leitura foi além. O sonho se transformou no livro "A Índia Voadora". O título é claro. Traduz bem a aventura vivida por ela no céu de São Paulo.
Kerexu vive com os pais e irmãos na aldeia Krukutu, uma reserva de Mata Atlântica localizada em Parelheiros, na Capital.
A ligação com as letras vem de casa. O pai, Olívio Jekupé, de 39 anos, já escreveu 7 livros. "Kerexu começou ouvindo as histórias que eu contava. Agora, resolveu passar para o papel uma idéia dela. Imprimimos 500 exemplares com muita dificuldade, sem nenhum patrocínio, mas como acho que ela tem talento, quero que comece desde cedo", conta o índio, emocionado.
LEITURA NA OCA
Quando chegamos à aldeia, encontramos Kerexu com um livro de língua portuguesa nas mãos. "Tem que ler, senão... não aprende muito", diz a aluna da 3ª série da EE Krukutu, que fica dentro da aldeia. O que mais deve chamar a atenção dos leitores? "Acho que as pessoas vão gostar das palavras em Guarani", explica a menina, que escreveu a história na língua de seu povo, mais familiar para ela.
A versão em português foi escrita com a ajuda do pai, porque há apenas dois anos a menina começou a aprender Língua Portuguesa na escola. O pai, orgulhoso, completa. "A leitura ainda não é uma coisa muito praticada na aldeia. Agora, o livro de minha filha poderá incentivar os índios a ler. E muitos brancos também."
NO LUGAR DA FESTA, UM PEDIDO
Sobre o Dia do Índio, comemorado em 19 de Abril, ela não faz rodeios. "Não gosto muito porque as pessoas só lembram da gente nesse dia. Acho que o povo branco deveria visitar mais o povo índio". O pai de Kerexu também se queixa. "Muitas vezes, o livro de história escrito pelo branco não tem nada a ver com o que aconteceu de verdade". Por isso, Olívio Jekupé também se permite sonhar. "É importante ter índios escritores porque nós vamos ter nossos próprios livros, contando nossa própria história".
Quem sabe, a autora de um desses livros didáticos esteja mais perto de Olívio do que ele imagina. É que a pequena Kerexu Mirim, apesar da timidez, sabe o que quer. Quando perguntamos sobre o que ela vai fazer daqui pra frente, a menina respondeu na hora. "Ainda não sei a história, mas pretendo escrever outro livro."
Serviço
O livro foi lançado no dia 8 na Biblioteca "Benedito Bastos Barreto", em Santo Amaro.
Era uma vez uma indiazinha que tinha o sonho de voar como os pássaros. E ela conseguiu. Sabe como? De helicóptero. A história da índia guarani Kerexu Mirim, de 9 anos, poderia ficar apenas na lembrança. Mas a paixão da menina pela leitura foi além. O sonho se transformou no livro "A Índia Voadora". O título é claro. Traduz bem a aventura vivida por ela no céu de São Paulo.
Kerexu vive com os pais e irmãos na aldeia Krukutu, uma reserva de Mata Atlântica localizada em Parelheiros, na Capital.
A ligação com as letras vem de casa. O pai, Olívio Jekupé, de 39 anos, já escreveu 7 livros. "Kerexu começou ouvindo as histórias que eu contava. Agora, resolveu passar para o papel uma idéia dela. Imprimimos 500 exemplares com muita dificuldade, sem nenhum patrocínio, mas como acho que ela tem talento, quero que comece desde cedo", conta o índio, emocionado.
LEITURA NA OCA
Quando chegamos à aldeia, encontramos Kerexu com um livro de língua portuguesa nas mãos. "Tem que ler, senão... não aprende muito", diz a aluna da 3ª série da EE Krukutu, que fica dentro da aldeia. O que mais deve chamar a atenção dos leitores? "Acho que as pessoas vão gostar das palavras em Guarani", explica a menina, que escreveu a história na língua de seu povo, mais familiar para ela.
A versão em português foi escrita com a ajuda do pai, porque há apenas dois anos a menina começou a aprender Língua Portuguesa na escola. O pai, orgulhoso, completa. "A leitura ainda não é uma coisa muito praticada na aldeia. Agora, o livro de minha filha poderá incentivar os índios a ler. E muitos brancos também."
NO LUGAR DA FESTA, UM PEDIDO
Sobre o Dia do Índio, comemorado em 19 de Abril, ela não faz rodeios. "Não gosto muito porque as pessoas só lembram da gente nesse dia. Acho que o povo branco deveria visitar mais o povo índio". O pai de Kerexu também se queixa. "Muitas vezes, o livro de história escrito pelo branco não tem nada a ver com o que aconteceu de verdade". Por isso, Olívio Jekupé também se permite sonhar. "É importante ter índios escritores porque nós vamos ter nossos próprios livros, contando nossa própria história".
Quem sabe, a autora de um desses livros didáticos esteja mais perto de Olívio do que ele imagina. É que a pequena Kerexu Mirim, apesar da timidez, sabe o que quer. Quando perguntamos sobre o que ela vai fazer daqui pra frente, a menina respondeu na hora. "Ainda não sei a história, mas pretendo escrever outro livro."
Serviço
O livro foi lançado no dia 8 na Biblioteca "Benedito Bastos Barreto", em Santo Amaro.
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