De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
Cerca de 300 índios não permitem acesso de trabalhadores à Barragem Norte, em José Boiteux
18/04/2015
Autor: Aline Camargo
Fonte: Jornal de Santa Catarina - www.jornaldesantacatarina.clicrbs.com.br
Colunas feitas de toras de madeira, paredes de tábuas velhas, tetos de lona ou plástico e piso de chão batido. Esta é a estrutura sob a qual vivem 60 famílias vindas da Terra Indígena Laklãnõ-Xokleng, em José Boiteux. Acampados na Barragem Norte, os índios ergueram barracos, tomaram a torre de controle e impedem a entrada de funcionários do Estado. O sistema para prevenção de cheias está parado e assim ficará, segundo eles, até que haja uma solução às reivindicações da comunidade: a definição da demarcação das terras indígenas e a construção de casas fora da área de alagamento da barragem.
O governo de Santa Catarina busca soluções e, conforme o secretário de Estado de Defesa Civil, Milton Hobus, negocia a transferência da barragem do governo federal para o estadual, já que a estrutura de José Boiteux, apesar de operada pelo Estado, é de responsabilidade da União.
O acampamento abriga cerca de 300 pessoas desde que as chuvas que atingiram o Vale do Itajaí em junho de 2014 alagaram moradias da comunidade. Numa espécie de barraca central vive a família de Geomar Crendo, 39 anos, um dos representantes do movimento indígena. Ele mora com mais duas pessoas e leva uma vida improvisada entre uma parede da torre da barragem e outra de tábuas empilhadas, sob a cobertura de uma lona preta e com móveis velhos e improvisados. No local desde o início do protesto, Crendo diz que só uma definição da demarcação das terras e de um local seguro para que possam morar o fará sair dali:
- A gente quer que o governo respeite o nosso direito e venha conversar. Faz 30 anos que isso vem rolando, então viemos pra ficar até haver uma negociação com o governo federal, e se isso não acontecer a comunidade não vai sair daqui.
A esposa de Crendo, Kulá, 50 anos, carrega duras lembranças da barragem. O primeiro marido morreu afogado nas águas represadas quando os filhos ainda eram crianças e ela diz que quer uma moradia digna, mas hoje não tem outra possibilidade.
- Foram tirando as terras, deixaram um pedaço pequeno, e além disso o governo tirou mais pra fazer a barragem. Acham que nós estamos aqui para matar os "não índios" lá de baixo, mas não é isso. Também morremos lá em cima.
Dos sete funcionários que trabalhavam na barragem, apenas o operador Vilmar Bueno de Castilho permanece no local, morando com a esposa, dois filhos e um cunhado em uma casa ao lado da estrutura. Apesar de estar no local há seis anos, não se sente totalmente seguro:
- Desde que tomaram aqui já ameaçaram invadir minha casa duas vezes. Quando aconteceu o patrão veio, conversou com o cacique e se entenderam. Mas seguro a gente nunca fica.
Castilho conta que a estrutura sofre pouco a pouco com a presença dos índios que, além de impedirem que os funcionários façam a manutenção, puxaram ligações clandestinas de energia elétrica para as barracas.
- Antes as comportas eram movimentadas uma vez por semana, o gerador era desligado e recarregado a cada 30, 45 dias. A primeira coisa a fazer é vir um técnico aqui olhar, se ligar do jeito que está pode queimar tudo - avalia.
http://jornaldesantacatarina.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2015/04/cerca-de-300-indios-nao-permitem-acesso-de-trabalhadores-a-barragem-norte-em-jose-boiteux-4742701.html
O governo de Santa Catarina busca soluções e, conforme o secretário de Estado de Defesa Civil, Milton Hobus, negocia a transferência da barragem do governo federal para o estadual, já que a estrutura de José Boiteux, apesar de operada pelo Estado, é de responsabilidade da União.
O acampamento abriga cerca de 300 pessoas desde que as chuvas que atingiram o Vale do Itajaí em junho de 2014 alagaram moradias da comunidade. Numa espécie de barraca central vive a família de Geomar Crendo, 39 anos, um dos representantes do movimento indígena. Ele mora com mais duas pessoas e leva uma vida improvisada entre uma parede da torre da barragem e outra de tábuas empilhadas, sob a cobertura de uma lona preta e com móveis velhos e improvisados. No local desde o início do protesto, Crendo diz que só uma definição da demarcação das terras e de um local seguro para que possam morar o fará sair dali:
- A gente quer que o governo respeite o nosso direito e venha conversar. Faz 30 anos que isso vem rolando, então viemos pra ficar até haver uma negociação com o governo federal, e se isso não acontecer a comunidade não vai sair daqui.
A esposa de Crendo, Kulá, 50 anos, carrega duras lembranças da barragem. O primeiro marido morreu afogado nas águas represadas quando os filhos ainda eram crianças e ela diz que quer uma moradia digna, mas hoje não tem outra possibilidade.
- Foram tirando as terras, deixaram um pedaço pequeno, e além disso o governo tirou mais pra fazer a barragem. Acham que nós estamos aqui para matar os "não índios" lá de baixo, mas não é isso. Também morremos lá em cima.
Dos sete funcionários que trabalhavam na barragem, apenas o operador Vilmar Bueno de Castilho permanece no local, morando com a esposa, dois filhos e um cunhado em uma casa ao lado da estrutura. Apesar de estar no local há seis anos, não se sente totalmente seguro:
- Desde que tomaram aqui já ameaçaram invadir minha casa duas vezes. Quando aconteceu o patrão veio, conversou com o cacique e se entenderam. Mas seguro a gente nunca fica.
Castilho conta que a estrutura sofre pouco a pouco com a presença dos índios que, além de impedirem que os funcionários façam a manutenção, puxaram ligações clandestinas de energia elétrica para as barracas.
- Antes as comportas eram movimentadas uma vez por semana, o gerador era desligado e recarregado a cada 30, 45 dias. A primeira coisa a fazer é vir um técnico aqui olhar, se ligar do jeito que está pode queimar tudo - avalia.
http://jornaldesantacatarina.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2015/04/cerca-de-300-indios-nao-permitem-acesso-de-trabalhadores-a-barragem-norte-em-jose-boiteux-4742701.html
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