De Povos Indígenas no Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Notícias

Mulheres indígenas assumem a linha de frente na luta por direitos

07/10/2017

Fonte: Rede Brasil Atual - http://www.redebrasilatual.com.br



"A mulher tem força. A gente descobriu o nosso direito. A gente vai lutar pra que o direito das mulheres indígenas seja reconhecido, no Brasil inteiro, para a gente viver em paz, tanto dentro da cultura não indígena, quanto dentro cultura indígena", diz Maria Arapoty dos Santos.

Ela é uma das líderes da aldeia guarani localizada no Pico do Jaraguá, em São Paulo, que agora luta pela sobrevivência da comunidade, ameaçada após decisão do ministério da Justiça que revogou a demarcação da reserva ali criada em 2015.

Nascida em uma aldeia no Paraná, veio para São Paulo ainda menina com o sonho de conhecer a cidade grande. "A gente vivia muito isolado, não tinha acesso a nada, nem estudo, mas a vida era boa". Hoje, Maria diz que gostaria de passar os dias integrada à natureza.

Mas Maria é apenas um dos diversos exemplos de mulheres indígenas que estão cada vez mais engajadas na luta política pela preservação e demarcação de suas terras. Como as outras mulheres, elas também se dividem na luta por direitos e os cuidados às crianças e com a aldeia.

A reportagem de Vanessa Nakasato para o Seu Jornal, da TVT, mostra que muitas delas também trabalham fora e estudam, enfrentando a tripla jornada, que sobrecarrega as mulheres devido à divisão desigual dos trabalhos domésticos entre homens e mulheres. Segundo a coordenadora do grupo Aldeias, Sônia Barbosa, a mulher indígena "pode fazer o que quiser", e com a mesma força e garra dos homens.

"A gente precisa conscientizar as pessoas sobre quem somos nós e o porquê de estarmos aqui, a necessidade da demarcação de terra. Temos que expandir essas falas e mostrar que as mulheres não são só para ficar dentro de casa, lavando e cozinhando. Ela também tem a força de politicamente estar fazendo esse trabalho dentro da comunidade", ressalta Sônia.

Patrícia Rodrigues, a Pagu, também veio de uma pequena aldeia de Pernambuco para São Paulo. Hoje socióloga e assessora do vereador Eduardo Suplicy (PT-SP), em seu trabalho de pesquisa, ela pretende desmistificar a visão atrasada e de submissão que a sociedade tem da mulher indígena.

Ela diz que, em todas as etnias pesquisadas, é possível identificar um processo em que as mulheres tomam a frente na luta por direitos. "A mulher indígena tem tomada de decisão dentro dos processos internos na aldeia. Ela é ciente dos processos de luta por demarcação e de enfrentamento à violência, estuda e transita em diversos espaços", diz a pesquisadora.

Pagu destaca a importância das mulheres indígenas tomarem posições também no mundo acadêmico. "Em vez de a gente ser objeto de estudo, passa a falar sobre nós mesmas, para fora, e lutar na frente, na liderança dos nossos próprios processos. A gente, em alguma medida, abandona ou diz não ao processo de tutela que vivia até pelo menos a Constituição de 1988."



http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2017/10/mulheres-indigenas-assumem-a-linha-de-frente-nas-lutas-por-direitos
 

As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.