De Povos Indígenas no Brasil
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News
Ricardo Salles, somos indígenas e usamos a tecnologia para denunciar seus retrocessos
27/04/2021
Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/colunas/perifaconnection
Ricardo Salles, somos indígenas e usamos a tecnologia para denunciar seus retrocessos
Fala preconceituosa sobre 'tribo do iPhone' reforça visão racista e colonialista sobre povos originários
Walter Kumaruara
Membro da comunidade de Pedra Branca, do povo Kumaruara. É fundador do coletivo Jovem Tapajônico e mobilizador da Rede Mocoronga de Comunicação Popular
Vandria Borari
Integrante do povo Borari, comunicadora indígena e assessora jurídica do coletivo de advogados populares Maparajuba
Ana Daiane
Extrativista e brigadista na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns
Milena Raquel Tupinambá
É da Amazônia, e atua como empreendedora social no coletivo Etnomídia Tupinambá do Tapajós para o fortalecimento do protagonismo das mulheres indígenas. Executiva do Conselho Tupinambá do Baixo Tapajós
Muitos afirmam que para ser indígena é necessário morar no mato. Essas pessoas, que construíram o Brasil de forma violenta e têm as mãos marcadas com o nosso sangue, acreditam que perdemos a identidade ao pisarmos na cidade. Eles não aceitam que reescrevamos as histórias estereotipadas dos livros didáticos. No imaginário racista e colonial do homem branco, temos que ser apenas um objeto de estudo congelado no tempo.
Contrariando o preconceito, nós, indígenas, estamos em constante movimento e transformação. Moramos em muitos lugares do Brasil, como florestas, campos e periferias das grandes cidades. A nossa comunicação varia de acordo com a realidade de cada povo. O som da batida nos troncos das árvores, a ligação por celular, as fotografias, os assobios na mata, os posts nas redes sociais e os programas de rádio comunitárias são algumas formas de expressão indígena dentro e fora do seu território.
As narrativas racistas não entendem que estamos no século 21 e como foi difícil a caminhada para dominarmos as tecnologias, apesar de, infelizmente, ainda haver muita exclusão no direito e no acesso a elas.
Após protestarmos em Brasília contra a PL da Mineração (191/2020), que libera a mineração e a construção de hidrelétricas em terras indígenas, o "Sinistro do desmatamento", Ricardo Salles, se referiu com tom preconceituoso aos indígenas do Baixo-Tapajós. Em uma publicação no Instagram, Salles escreveu que somos "os índios da tribo do iPhone", reforçando preconceitos ao destacar com ironia o nosso uso de tecnologia.
Nós do Baixo-Tapajós estamos sempre na luta para mostrar a nossa força e resistência. Usamos a tecnologia em nosso favor para denunciar as ilegalidades, os crimes ambientais, e o retrocesso que o Estado impõe em nossos territórios, para fortalecer as nossas culturas e para mostrar que dentro da floresta há uma diversidade de povos que lutam pela vida.
Para os povos originários, o mês de abril é a oportunidade de reforçar e fortalecer a luta em defesa dos direitos constitucionais que há tempos têm sido violados pelo poder público. Além de utilizar um termo pejorativo e que abre espaço para chalaça de quem conhece a luta, o "Dia do Índio" virou uma data que tem cada vez menos motivos para se comemorar.
Da mesma forma que o uso do celular não nos torna menos indígenas, os seus estudos, senhor sinistro, não te garantiram um pensamento crítico. Nós somos indígenas e usamos a tecnologia para ecoar a voz da juventude, quebrar preconceitos e demarcar nossas terras para impedir a entrada de invasores.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/perifaconnection/2021/04/ricardo-salles-somos-indigenas-e-usamos-a-tecnologia-para-denunciar-seus-retrocessos.shtml
Fala preconceituosa sobre 'tribo do iPhone' reforça visão racista e colonialista sobre povos originários
Walter Kumaruara
Membro da comunidade de Pedra Branca, do povo Kumaruara. É fundador do coletivo Jovem Tapajônico e mobilizador da Rede Mocoronga de Comunicação Popular
Vandria Borari
Integrante do povo Borari, comunicadora indígena e assessora jurídica do coletivo de advogados populares Maparajuba
Ana Daiane
Extrativista e brigadista na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns
Milena Raquel Tupinambá
É da Amazônia, e atua como empreendedora social no coletivo Etnomídia Tupinambá do Tapajós para o fortalecimento do protagonismo das mulheres indígenas. Executiva do Conselho Tupinambá do Baixo Tapajós
Muitos afirmam que para ser indígena é necessário morar no mato. Essas pessoas, que construíram o Brasil de forma violenta e têm as mãos marcadas com o nosso sangue, acreditam que perdemos a identidade ao pisarmos na cidade. Eles não aceitam que reescrevamos as histórias estereotipadas dos livros didáticos. No imaginário racista e colonial do homem branco, temos que ser apenas um objeto de estudo congelado no tempo.
Contrariando o preconceito, nós, indígenas, estamos em constante movimento e transformação. Moramos em muitos lugares do Brasil, como florestas, campos e periferias das grandes cidades. A nossa comunicação varia de acordo com a realidade de cada povo. O som da batida nos troncos das árvores, a ligação por celular, as fotografias, os assobios na mata, os posts nas redes sociais e os programas de rádio comunitárias são algumas formas de expressão indígena dentro e fora do seu território.
As narrativas racistas não entendem que estamos no século 21 e como foi difícil a caminhada para dominarmos as tecnologias, apesar de, infelizmente, ainda haver muita exclusão no direito e no acesso a elas.
Após protestarmos em Brasília contra a PL da Mineração (191/2020), que libera a mineração e a construção de hidrelétricas em terras indígenas, o "Sinistro do desmatamento", Ricardo Salles, se referiu com tom preconceituoso aos indígenas do Baixo-Tapajós. Em uma publicação no Instagram, Salles escreveu que somos "os índios da tribo do iPhone", reforçando preconceitos ao destacar com ironia o nosso uso de tecnologia.
Nós do Baixo-Tapajós estamos sempre na luta para mostrar a nossa força e resistência. Usamos a tecnologia em nosso favor para denunciar as ilegalidades, os crimes ambientais, e o retrocesso que o Estado impõe em nossos territórios, para fortalecer as nossas culturas e para mostrar que dentro da floresta há uma diversidade de povos que lutam pela vida.
Para os povos originários, o mês de abril é a oportunidade de reforçar e fortalecer a luta em defesa dos direitos constitucionais que há tempos têm sido violados pelo poder público. Além de utilizar um termo pejorativo e que abre espaço para chalaça de quem conhece a luta, o "Dia do Índio" virou uma data que tem cada vez menos motivos para se comemorar.
Da mesma forma que o uso do celular não nos torna menos indígenas, os seus estudos, senhor sinistro, não te garantiram um pensamento crítico. Nós somos indígenas e usamos a tecnologia para ecoar a voz da juventude, quebrar preconceitos e demarcar nossas terras para impedir a entrada de invasores.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/perifaconnection/2021/04/ricardo-salles-somos-indigenas-e-usamos-a-tecnologia-para-denunciar-seus-retrocessos.shtml
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