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Mortes: De fortes convicções, preferiu a tradição indígena à vacina

18/06/2021

Fonte: FSP, Cotidiano, p. B6



Mortes: De fortes convicções, preferiu a tradição indígena à vacina

Carlos Terena morreu por complicações da Covid-19

Patrícia Pasquini

SÃO PAULO
Carlos Terena era amante da vida, mas não queria passar dos 65 anos. Primeiro, para não se tornar um idoso dependente; em segundo lugar, estava abalado com as mortes dos líderes indígenas por Covid-19 e tinha medo de contrair a doença.

O terceiro motivo se refere a um projeto que idealizou e criou: os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas. Havia o receio de não conseguir realizar mais o evento, devido à falta de apoio às causas indígenas por parte do governo federal. A última edição dos jogos ocorreu em 2015, em Palmas, no Tocantins.

Terena morreu dia 12 de junho, aos 66 anos, por complicações da Covid-19. Entre as comorbidades que apresentava, era diabético.

Segundo a jornalista Maíra Elluké, 36, sua filha, ele respeitou o isolamento, mas não se vacinou.

"Meu pai tinha medo de se vacinar porque estava inseguro em relação à vacina, mas eu dizia que era necessário se vacinar. Ele estudou muito, pesquisou vários artigos científicos e sobre os tipos de vacina. Na crença dele, a cura para as doenças vinha da natureza. Ele sempre respeitou essa tradição", afirma.

Natural de Aquidauana, em Mato Grosso do Sul, Terena trabalhou na Funai (Fundação Nacional do Índio) entre 1979 e 2016, quando se aposentou. Além dos jogos, criou o Conplei (Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas).

"Ele era um grande sonhador e realizador. Mesmo aposentado dedicou boa parte do seu tempo aos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas. A ideia era tirar da pauta diária dos índios questões negativas, como as mortes e as guerras no garimpo, por exemplo, levar alegria e deixar uma marca no Brasil", diz a filha.

Às filhas ensinou acreditar nos sonhos e deu condições para que elas encontrassem sozinhas os próprios caminhos.

Carlos Terena deixa a esposa, duas filhas e uma neta. "Ele foi um líder, de convicções fortes e grande defensor das tradições e da cultura indígena. Prezava os amigos e a família. Cumpria com humildade o que havia estabelecido como meta", afirma o professor Henrique Terena, 56, seu primo.

FSP, 18/06/2021, Cotidiano, p. B6.

https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2021/06/mortes-de-fortes-conviccoes-preferiu-a-tradicao-indigena-a-vacina.shtml
 

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