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Notícias

Dia da Amazônia: Áreas de mineração e agropecuária crescem em meio ao desmatamento no Maranhão

05/09/2022

Autor: Rafael Cardoso, g1 MA

Fonte: g1: https://g1.globo.com/



Somente a área de mineração é quase cinco vezes do que o existente em 1985, quando começaram as medições. Ocupação da área para agropecuária também dobrou no mesmo período.

No Dia da Amazônia, celebrado em 05 de setembro, dados do Projeto MapBiomas apontam um alto crescimento do território maranhense ocupado para a agropecuária e para a mineração, em detrimento da queda das áreas de floresta no estado.

Os números são referentes ao período entre 1985 - quando as medições começaram - e 2021. O MapBiomas faz parte de uma iniciativa do Observatório do Clima e desenvolvida por ONGs e empresas de tecnologia com o propósito de mapear a cobertura e uso da terra do Brasil e monitorar as mudanças do território.

De acordo com o MapBiomas, o território florestal do bioma amazônico, na região maranhense, já conta com menos de 24% do que tinha em 1985. Por outro lado, as áreas para mineração e agropecuária mais do que dobraram no mesmo período. Só a mineração cresceu quase cinco vezes.

Em relação a mineração, alguns municípios mais afetados com a perda de mata nativa foram Godofredo Viana, Luís Domingues e Centro Novo do Maranhão, onde é forte a extração do ouro.

Em Centro Novo do Maranhão e Luís Domingues, boa parte da coleta do ouro é feita por meio do garimpo ilegal, o que mudou drasticamente os territórios dos municípios em pouco tempo. Com o uso de materiais químicos no processo, o dano ambiental também assusta.

O dano ambiental é altíssimo. Naquelas grandes cavas de mineração, a recuperação do meio ambiente é muito mais demorada do que num desmatamento tradicional"
- Renato Madsen, superintendente da Polícia Federal/MA, durante uma operação realizada em 2021.

Em setembro de 2021, policiais federais apreenderam máquinas e equipamentos usados na extração do ouro e cumpriram mandados de busca e apreensão e prisão preventiva, tendo como um dos alvos o prefeito de Centro Novo do Maranhão, Júnior Garimpeiro, suspeito de atuar no garimpo ilegal.

No município, a PF afirma que há cerca de três anos uma organização criminosa estaria desmatando extensas áreas e transformando em garimpos ilegais de ouro. Ela foi responsável pelo desmatamento ilegal de mais de 60 mil hectares de áreas, sem qualquer autorização dos órgãos competentes.

No município, cerca de 10 mil hectares de floresta nativa já foi perdida, enquanto a área de mineração cresceu quase sete vezes de 1985 até 2021. Só na última década, o crescimento foi de 322%.

Já em Luís Domingues, clarões imensos abertos podem ser vistos no meio de áreas de vegetação. Há pelo menos três grandes áreas de garimpo e uma exploração intensa e desenfreada, feita sem qualquer licenciamento ambiental.


Há pelo menos três grandes áreas de garimpo, inclusive em regiões próximas aos rios e o resultado é assoreamento e poluição. Os moradores da região dizem que até a cor da água mudou.

Uma pesquisa feita pelo Departamento de Geografia da Universidade Estadual do Maranhão encontrou contaminação por mercúrio acima do tolerável em amostras coletadas na região.

No mesmo município, mais de 12 mil hectares de floresta já foram perdidos, sendo a maior parte entre 2005 e 2021. No mesmo período, a área de mineração quase dobrou.

Em Godofredo Viana, a situação é diferente porque a extração de ouro é legalizada e explorada por uma empresa privada, a Equinox Gold, responsável pela Mineração Aurizona S.A. Mas nem mesmo isso evitou problemas ambientais.

Em março de 2021, o rompimento de uma lagoa que era usada como barragem alagou grande parte da região de Aurizona, deixando a comunidade sem acesso à área urbana da cidade.

Um ano depois, laudos de análise da água e do solo apontaram contaminação por metais pesados de 100 a mil vezes acima do máximo permitido.

A região ainda sofre com as consequências do rompimento da barragem de rejeitos, especialmente por conta dos danos às casas e também às lagoas de Juiz de Fora e Lago do Cachimbo, que serviam para o abastecimento de água potável, recreação e pesca pela comunidade de Aurizona.

Já a Equinox Gold vem afirmando que está garantindo funcionamento do sistema de abastecimento para a comunidade e que relatórios técnicos certificam a qualidade da água.

O que ainda resta de floresta no MA
Em números, dados do MapBiomas indicam que o Maranhão tem pouco mais de 11 milhões de hectares de formação florestal do bioma amazônico. Desse território, 85% ainda com vegetação nativa está em áreas indígenas e Unidades de Conservação de proteção integral.

Em São Luís, as únicas áreas onde ainda resta floresta amazônica estão nas Unidades de Conservação dos Parques do Bacanga e do Rangedor, além das Áreas de Proteção Ambiental do Itapiracó e da Região do Maracanã.

Os motivos da perda da floresta foram as queimadas por conta do clima, da ação de criminosos e a exploração ilegal de madeireiros, de acordo com os especialistas.

Veja abaixo os municípios com maior desmatamento na Amazônia Legal nas últimas décadas, segundo um estudo publicado por pesquisadores da UFMA, em 2019. A pesquisa revelou que 25 municípios possuem 70% do desmatamento da Amazônia legal no Maranhão, com destaque para Barra do Corda e Grajaú

https://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2022/09/05/dia-da-amazonia-areas-de-mineracao-e-agropecuaria-crescem-em-meio-ao-desmatamento-no-maranhao.ghtml
 

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