De Povos Indígenas no Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Notícias

As propostas dos candidatos à presidência na área ambiental

25/09/2022

Fonte: HZ - https://www.agazeta.com.br/



As propostas dos candidatos à presidência na área ambiental

Isabela Castello

25/09/2022

Os próximos quatro anos serão decisivos para a sustentabilidade do planeta e para o combate e à mitigação das mudanças climáticas. O Brasil tem um papel de grande relevância em função dos seus recursos naturais e do seu potencial energético. Poderia e deveria assumir uma posição de destaque mundial nessa área, mas a nossa realidade tem sido bem distante disso.

No próximo dia 2 de outubro, vamos escolher os líderes políticos do país e é de fundamental importância votar em candidatos que estejam alinhados com a questão ambiental. Isso vale para todos os cargos: senador, deputado federal, governador, deputado estadual e, claro, o mais importante de todos, presidente da República.

Sabemos que os compromissos propostos nos planos de governo nem sempre são cumpridos e, muitas vezes, não tem nenhuma coerência com a postura e o posicionamento dos candidatos. Para ajudar os eleitores a compreender um pouco as propostas e o histórico dos candidatos, nesta edição, fizemos um breve resumo do posicionamento dos três candidatos à presidência, mais bem colocados nas pesquisas (em ordem alfabética):

CIRO GOMES

Ciro Gomes, candidato do PDT, propõe que o Brasil seja o líder mundial na questão ambiental. Segundo o candidato, o Brasil tem todas as condições e a massa crítica para ser essa liderança. Entre as ações incluídas no seu plano de governo estão:

Realizar de forma imediata um zoneamento econômico e ecológico no país, em especial na Região Amazônica para defendermos nossos ecossistemas;
Envolver a população local em atividades econômicas que sejam rentáveis e sustentáveis e que excluam a derrubada da floresta;
Investir na pesquisa cientifica e tecnológica, pelos próprios órgãos de pesquisa da Amazônia, para encontrar novos produtos e formas de produção que preservem a floresta e possibilitem o seu manejo sustentável;
Iniciar o processo para transformar a Petrobras numa empresa de ponta no desenvolvimento de novas fontes de energia, utilizando seus recursos naturais e desenvolver energia boa, barata e progressivamente limpa;
Desenvolver várias formas de energia limpa, como a eólica (on-shore e off-shore), a solar e a baseada na produção de hidrogénio verde;
Utilizar a energia hidroelétrica como fonte de reserva para picos de consumo de energia, evitando a elevação tarifária em momentos de escassez, como ocorre atualmente, quando termoelétricas, mais caras e poluidoras, são acionadas para atender a demanda contratada;
Convidar o setor privado para atuar intensamente nos mercados de geração e comercialização das diversas novas fontes de energia, a partir de um planejamento das necessidades e da oferta energética no Brasil;
Fazer a transição e a conversão para energia limpa e, até 2030, eliminar o uso da energia termoelétrica, que contribui para a emissão de gases prejudiciais na atmosfera. A meta é alcançar uma matriz energética 100% limpa;
Universalizar o acesso ao saneamento básico e água potável até 2030, por meio da combinação entre investimento privado e público e da coordenação do governo federal na montagem dos blocos que incluam regiões ricas e pobres, resultando na correta prática do chamado subsídio cruzado;
Em relação à população indígena, garantir que as reservas territoriais destinadas à sua população sejam respeitadas e preservadas, bem como a cultura indígena e o desenvolvimento de atividades produtivas que garantam o seu sustento. Também é necessário que médicos sejam capacitados para o atendimento das enfermidades indígenas e cuidem especificamente da saúde desta população;
Implementar os dispositivos contidos na Lei 1095/2019, que cria regras especificas de proteção aos animais, e debater e implementar uma política nacional para tratar do tema. Em entrevistas, Ciro Gomes se posicionou contra a tese jurídica do Marco Temporal, que segue em análise no Supremo Tribunal Federal (STF) e que consideradas demarcadas apenas as Terras Indígenas que receberam titulação até a promulgação da Constituição de 1989;
E também afirma ser contrário ao Projeto de Lei 191/20, para liberar a mineração nas Terras Indígenas.

JAIR BOLSONARO

O candidato do PL, Jair Bolsonaro, apresenta as seguintes propostas para a área ambiental no seu plano de governo.

Promoção do Uso da Tecnologia e da Inovação para a Sustentabilidade Ambiental;
Fortalecimento do Controle e da Fiscalização das Queimadas Ilegais, do Desmatamento e dos Crimes Ambientais;
Fortalecimento dos Incentivos Positivos para a Promoção de Modelos Produtivos Sustentáveis;
Fortalecimento e Ampliação das Políticas de Promoção do Verde e do Desenvolvimento Sustentável;
Proteção e Promoção dos Direitos dos Povos Indígenas e Quilombolas;
Defesa, Proteção e Promoção do Desenvolvimento Sustentável da Amazônia;
Promoção da Pesca Sustentável;
Promoção da Saúde Animal;
Promoção e Fortalecimento da Justiça Ambiental;
Defesa, Proteção e Promoção do Desenvolvimento Sustentável da Amazônia.

LULA

O candidato do PT, Luís Inácio Lula da Silva, propõe as seguintes ações para a área ambiental, no seu Plano de Governo:

O fortalecimento da produção agrícola, nas frentes da agricultura familiar, agricultura tradicional e do agronegócio sustentável;
A Embrapa será fortalecida para identificar potencialidades dos agricultores e assegurar mais avanços tecnológicos no campo, essenciais para a competitividade e sustentabilidade tanto dos pequenos quanto dos grandes produtores;
Avançar rumo a uma agricultura e uma pecuária comprometidas com a sustentabilidade ambiental e social. Sem isso, perderemos espaço no mercado externo e não contribuiremos para superar a fome e o acesso a alimentos saudáveis dentro e fora das nossas fronteiras;
Garantir a soberania e a segurança energética do país, com ampliação da oferta de energia, aprofundando a diversificação da matriz, com expansão de fontes limpas e renováveis a preços compatíveis com a realidade brasileira;
Cumprir, de fato, as metas de redução de emissão de gás carbono que o país assumiu na Conferência de 2015 em Paris e ir além, garantindo a transição energética;
A transformação das atividades produtivas para um paradigma de sustentabilidade em suas dimensões ambiental, social e econômica;
A recuperação de terras degradadas por atividades predatórias; reflorestamento das áreas devastadas; e um amplo processo de conservação da biodiversidade e dos ecossistemas brasileiros.

Essas são apenas as principais propostas dos candidatos e estão todas mais detalhadas nos respectivos planos de governo. Além de conhecer os compromissos de cada candidato é importante conhecer sua trajetória e como tem sido seu posicionamento quanto à essas questões ao longo da sua trajetória política. Porque já diz o famoso ditado "o papel aceita tudo".

Apesar do plano de governo do candidato Jair Bolsonaro trazer boas propostas, a gestão do governo dele na área ambiental foi péssima. O desmatamento foi recorde e houve um grande desmonte de todos os órgãos de combate ao desmatamento e às atividades ilegais na Amazônia. Os dados não mentem e é interessante perceber no gráfico abaixo que no primeiro mandato do presidente Lula também teve recordes de desmatamento.

A mesma análise vale para as queimadas, que tiveram picos nos governos de Lula e de Bolsonaro. Mais detalhes podem ser encontrados neste link.

Quanto à demarcação de terras indígenas, os dados também são impactantes e revelam que o discurso nem sempre equivale à prática. Nos anos de 2018 a 2021, do governo Bolsonaro, não houve demarcações de terras indígenas.

Mas quando comparamos as gestões dos presidentes Fernando Henrique Cardoso com as gestões do PT, de Lula e Dilma, estes últimos também demarcaram muito menos terras indígenas. Confira os dados neste link.

Importante registrar também o enorme desastre ambiental que foi o investimento na hidrelétrica de Belo Monte, iniciativa dos governos Lula e Dilma e que foi concluída no Governo Bolsonaro. O país investiu R$ 40 bilhões na usina de Belo Monte, que tem turbinas para gerar aproximadamente 11,5 GW, e gera apenas 350 MW. O projeto causou um grande impacto ambiental na região, criadouro de inúmeras espécies da fauna e flora na Volta Grande do Xingu, e gerou enormes prejuízos sociais para ribeirinhos e para os povos nativos. Resumindo, um problema ambiental gigantesco e hoje temos uma usina que utiliza menos de 3% da sua capacidade instalada.

Por isso, além de olhar para as propostas, é importante ficar atento ao histórico dos candidatos, especialmente os dois que já assumiram a presidência e que assumem compromissos que não foram praticados enquanto estavam no poder.

Esta edição é uma pequena contribuição para que possamos fazer a melhor escolha nas eleições que se aproximam. E que, além de avaliar as propostas e histórico dos candidatos à presidência e também para os postulantes aos demais cargos.

A nossa escolha no próximo dia 2 vai determinar o nosso futuro, não somente relacionado à agenda ambiental, mas a outras questões de enorme relevância para o futuro do nosso país.

https://www.agazeta.com.br/hz//viver-bem/as-propostas-dos-candidatos-a-presidencia-na-area-ambiental-0922
 

As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.