De Povos Indígenas no Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.
Notícias
Após assassinato de indígena, garimpeiros e indígenas Yanomami podem voltar ao confronto em Roraima, alerta MPF
29/10/2022
Fonte: O Globo, Brasil, p. 15
Após assassinato de indígena, garimpeiros e indígenas Yanomami podem voltar ao confronto em Roraima, alerta MPF
Subprocuradora-geral da República pediu às Forças Armadas que cedam helicópteros para uma operação de urgência na região do Rio Uraricoera
Por Bruno Abbud
29/10/2022 09h45 Atualizado há 4 semanas
Há um "risco iminente de confronto de grandes proporções" entre garimpeiros e indígenas ianomâmi em Roraima, segundo alerta feito em um ofício enviado ao Ministério da Defesa pela subprocuradora-geral da República Eliana Torelly, no dia 14 de outubro. A subprocuradora pediu às Forças Armadas que cedam helicópteros para uma operação de urgência na região do Rio Uraricoera, no Noroeste do estado.
Com 870 quilômetros, o rio é o mais extenso de Roraima e se tornou cenário de uma sangrenta disputa. No dia 2 de outubro, data do primeiro turno das eleições, um grupo de garimpeiros assassinou um indígena e baleou outro, de 15 anos. As vítimas estavam com outros três indígenas em um igarapé perto de uma localidade conhecida como Porto do Estreitinho. O adolescente foi internado, mas já recebeu alta. O ataque foi relatado à Procuradoria-Geral da República pelo procurador do Ministério Público Federal que atua em Roraima, Alisson Marugal.
Segundo o Ministério Público Federal, as tensões na região recomeçaram a partir desse incidente. Em maio do ano passado, já houve conflitos com mortes entre garimpeiros e indígenas no local.
As disputas são antigas. Permanentemente, garimpeiros tentam invadir áreas de proteção indígena em Roraima. Com área equivalente a 10 mil campos de futebol, a terra ianomâmi abriga 26 mil indígenas em mais de 30 aldeias e quase 30 mil garimpeiros.
Tiro atravessou a nuca
O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, informou em um ofício enviado na terça-feira à subprocuradoria que o pedido irá para o Ministério da Justiça, que deverá detalhar a necessidade de apoio dos militares à operação. Nogueira alegou, no entanto, que participações das Forças Armadas em ações de segurança pública são "extremamente excepcionais".
Os ministérios da Justiça e da Defesa não responderam aos questionamentos. Mas O GLOBO apurou que a Polícia Federal deverá pedir que a solicitação de helicópteros seja atendida pela Defesa, por intermediação da pasta da Justiça.
A Hutukara Associação Yanomami confirmou, por nota, o ataque no dia 2 de outubro. A entidade diz que lideranças indígenas foram informadas por garimpeiros de que um ianomâmi chamado Cleomar havia sido morto com "vários tiros na testa e no tórax" e o segundo indígena, de 15 anos, havia sido baleado no rosto. "O tiro atravessou a nuca do indígena que, por sorte, sobreviveu", detalhou a nota.
Segundo a Hutukara, cinco ianomâmis estavam num comércio perto da comunidade de Napolepi, no rio Uraricoera, quando o dono do local alertou que um grupo de garimpeiros estava a caminho para atacá-los.
Ataque dos "lobos"
"O comerciante soube do ataque iminente em grupos de WhatsApp por onde se comunicam os garimpeiros que atacam pessoas, que se denominam de lobos", informou a associação. Antes que os ianomâmis pudessem se esconder, um grupo grande chegou, dividido em dois barcos, e disparou tiros contra os indígenas, que tentaram se proteger mergulhando nas águas turvas do Uraricoera.
- Há quase quatro anos pedimos às autoridades proteção para os ianomâmis, principalmente a proibição de entrada na terra indígena de garimpeiros ilegais. Mas os confrontos só aumentam. O Ministério Público Federal já pediu duas vezes ajuda às Forças Armadas para fazer operação. O Ministério da Defesa está demorando. O governo não quer fazer operações porque apoia a mineração ilegal nas terras indígenas - acusa Dário Kopenawa, vice-presidente da Hutukara.
O Globo, 29/10/2022, Brasil, p. 15
https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2022/10/apos-assassinato-de-indigena-garimpeiros-e-ianomamis-podem-voltar-ao-confronto-em-roraima-alerta-mpf.ghtml
Subprocuradora-geral da República pediu às Forças Armadas que cedam helicópteros para uma operação de urgência na região do Rio Uraricoera
Por Bruno Abbud
29/10/2022 09h45 Atualizado há 4 semanas
Há um "risco iminente de confronto de grandes proporções" entre garimpeiros e indígenas ianomâmi em Roraima, segundo alerta feito em um ofício enviado ao Ministério da Defesa pela subprocuradora-geral da República Eliana Torelly, no dia 14 de outubro. A subprocuradora pediu às Forças Armadas que cedam helicópteros para uma operação de urgência na região do Rio Uraricoera, no Noroeste do estado.
Com 870 quilômetros, o rio é o mais extenso de Roraima e se tornou cenário de uma sangrenta disputa. No dia 2 de outubro, data do primeiro turno das eleições, um grupo de garimpeiros assassinou um indígena e baleou outro, de 15 anos. As vítimas estavam com outros três indígenas em um igarapé perto de uma localidade conhecida como Porto do Estreitinho. O adolescente foi internado, mas já recebeu alta. O ataque foi relatado à Procuradoria-Geral da República pelo procurador do Ministério Público Federal que atua em Roraima, Alisson Marugal.
Segundo o Ministério Público Federal, as tensões na região recomeçaram a partir desse incidente. Em maio do ano passado, já houve conflitos com mortes entre garimpeiros e indígenas no local.
As disputas são antigas. Permanentemente, garimpeiros tentam invadir áreas de proteção indígena em Roraima. Com área equivalente a 10 mil campos de futebol, a terra ianomâmi abriga 26 mil indígenas em mais de 30 aldeias e quase 30 mil garimpeiros.
Tiro atravessou a nuca
O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, informou em um ofício enviado na terça-feira à subprocuradoria que o pedido irá para o Ministério da Justiça, que deverá detalhar a necessidade de apoio dos militares à operação. Nogueira alegou, no entanto, que participações das Forças Armadas em ações de segurança pública são "extremamente excepcionais".
Os ministérios da Justiça e da Defesa não responderam aos questionamentos. Mas O GLOBO apurou que a Polícia Federal deverá pedir que a solicitação de helicópteros seja atendida pela Defesa, por intermediação da pasta da Justiça.
A Hutukara Associação Yanomami confirmou, por nota, o ataque no dia 2 de outubro. A entidade diz que lideranças indígenas foram informadas por garimpeiros de que um ianomâmi chamado Cleomar havia sido morto com "vários tiros na testa e no tórax" e o segundo indígena, de 15 anos, havia sido baleado no rosto. "O tiro atravessou a nuca do indígena que, por sorte, sobreviveu", detalhou a nota.
Segundo a Hutukara, cinco ianomâmis estavam num comércio perto da comunidade de Napolepi, no rio Uraricoera, quando o dono do local alertou que um grupo de garimpeiros estava a caminho para atacá-los.
Ataque dos "lobos"
"O comerciante soube do ataque iminente em grupos de WhatsApp por onde se comunicam os garimpeiros que atacam pessoas, que se denominam de lobos", informou a associação. Antes que os ianomâmis pudessem se esconder, um grupo grande chegou, dividido em dois barcos, e disparou tiros contra os indígenas, que tentaram se proteger mergulhando nas águas turvas do Uraricoera.
- Há quase quatro anos pedimos às autoridades proteção para os ianomâmis, principalmente a proibição de entrada na terra indígena de garimpeiros ilegais. Mas os confrontos só aumentam. O Ministério Público Federal já pediu duas vezes ajuda às Forças Armadas para fazer operação. O Ministério da Defesa está demorando. O governo não quer fazer operações porque apoia a mineração ilegal nas terras indígenas - acusa Dário Kopenawa, vice-presidente da Hutukara.
O Globo, 29/10/2022, Brasil, p. 15
https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2022/10/apos-assassinato-de-indigena-garimpeiros-e-ianomamis-podem-voltar-ao-confronto-em-roraima-alerta-mpf.ghtml
As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.