De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias

Calendário 2023 homenageia mulheres e línguas indígenas

20/01/2023

Fonte: Amazônia Real - https://amazoniareal.com.br/calendario-2023-homenageia-mulheres-e-linguas-indigenas/



Calendário 2023 homenageia mulheres e línguas indígenas

Por Amazônia Real
Publicado em: 20/01/2023 às 14:27

A Amazônia Real está lançando nesta sexta-feira, 20 de janeiro, Dia de São Sebastião, o Calendário 2023 para trazer às leitoras e aos leitores um despertar e deixar para a Justiça cuidar de tudo de ruim que aconteceu em Brasília e seguirmos em frente valorizando as pessoas que realmente lutaram pelo nosso país antes da invasão de Cabral: os povos indígenas. 

No ano em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, eleito pelo voto democrático, tomou posse, no dia 1o de janeiro de 2023, e levou consigo uma das maiores lideranças indígenas do mundo, o cacique Raoni Metuktire, para subir a rampa mais diversa de todos os tempos, o nosso calendário não poderia deixar de homenagear as mulheres indígenas de diversas etnias brasileiras e a Década Internacional das Línguas Indígenas, que começou no ano passado e seguirá até 2032, como declarou a Unesco. 

Todas essas homenagens já fazem parte das atividades do 10o aniversário da agência Amazônia Real, que será comemorado no dia 20 de outubro.

Como afirma a antropóloga e linguista Ana Clara Bruno, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), no Brasil, atualmente, são faladas entre 160 e 180 línguas indígenas de diversas famílias linguísticas, e em diferentes estágios e situações de vitalidade. "Não temos um retrato da situação sociolinguística das diversas etnias do nosso país", diz ela, que destaca:

"Mais do que uma comemoração [a década internacional da Unesco], é um alerta para visibilizar a diversidade linguística do mundo, mas também para que atentemos para a fragilidade destas línguas; aliás, das condições de vida e existência de seus falantes. Sobretudo num contexto onde seus territórios não são respeitados e estão ameaçados: a diversidade cultural e linguística não são respeitadas e os agentes sociais falantes destas línguas são estigmatizados".

As 12 mulheres ilustradas no calendário - entre elas, Vanda Witoto e Sâmela Sateré Mawé (ambas do Amazonas); Alawero Mehinako (Mato Grosso); Wakrewá Krenak e sua bebê Yãnin (MG); Sonia Barbosa Guarani (São Paulo); e Alessandra Munduruku (Pará) - fazem parte da série especial da agência Amazônia Real "A Força Delas - Ancestralidade, Territórios e o Feminino". O especial foi produzido pela fotógrafa Marizilda Cruppe e pelas jornalistas Maria Fernanda Ribeiro e Jullie Pereira. Elas foram fotografadas durante a 2ª Marcha das Mulheres Indígenas, que aconteceu em Brasília de 7 a 11 de setembro de 2021 e reuniu 5 mil pessoas, de 172 povos de todos os Estados do Brasil. 

Convidar as mulheres indígenas para compor com suas vestimentas, colares e cocares as ilustrações do calendário foi uma ideia da coordenadora do projeto, a jornalista Kátia Brasil. O trabalho contou com ilustrações de Pablito baseadas nas fotografias de Marizilda Cruppe e participação na pesquisa da jornalista Maria Fernanda Ribeiro. 

"Quando observei mais detidamente o olhar de cada uma dessas mulheres e a força que elas trazem em sua própria imagem, decidi na hora: são elas as homenageadas. É incrível como elas valorizam suas culturas, modos de vida e como são bonitas e poderosas. Nós precisamos visibilizar essas pessoas para que seus povos sejam reconhecidos e respeitados no Brasil", disse a jornalista.  

O ilustrador Pablito disse que utilizou para fazer os desenhos das mulheres a técnica digital. "Foi um prazer desenhá-las e fazer parte desse projeto que comemora os 10 anos da Amazônia Real."

Kátia lembrou que esse é o terceiro ano que a Amazônia Real publica calendário. Ela disse que a produção deste ano foi realizada com financiamento das leitoras e dos leitores que doaram recursos para campanha da agência no Catarse-me. "Então, é um projeto que tem o apoio de cada pessoa que foi lá e fez sua doação. Com os recursos, a agência paga transporte das reportagens, compra equipamentos e serviços. Essa é a nossa retribuição para todes com muito amor e alegria", afirmou a jornalista.

Veja quem são as mulheres indígenas convidadas para o calendário 2023: 

Janeiro: Jussimara Pataxó (Bahia) - língua é do tronco Macro-Jê e da família linguística Maxakalí.

Fevereiro: Alawero Mehinako (Mato Grosso) - língua da família Aruak.

Março: Alessandra Munduruku (Pará) - família lingüística Munduruku, do tronco Tupi.

Abril: Wakrewá Krenak e a bebê Yãnin (Minas Gerais) - grupo lingüístico Macro-Jê, falando uma língua denominada Borun.  

Maio: Vanda Witoto (Amazonas) - família linguística Witoto.

Junho: Geremita Xokleng (Santa Catarina) - língua do ramo meridional da família Jê. 

Julho: Ivanilda Pankará (Pernambuco) - segundo o Instituto Socioambiental são falantes do português. 

Agosto: Sâmela Sateré-Mawé (Amazonas) - língua Sateré-Mawé, integra o tronco linguístico Tupi.

Setembro: Luene Karipuna (Amapá) - conforme o ISA, falam português e patois. 

Outubro: Letícia Krikati (Maranhão) - segundo o Cimi, a língua é Macro-Jê da família linguística Jê.

Novembro: Sonia Barbosa Guarani (São Paulo) - língua Guarani.

Dezembro: Mareva Sakirabiar (Rondônia) - língua Sakurabiat (ou Mekens) pertence à família linguística Tupari, do tronco Tupi.

O calendário pode ser baixado nestes links em dois formatos: em PDF para imprimir ou em JPG para postar nas redes sociais.
Calendário da Amazônia Real 2023 (Arte Pablito sob fotos de Marizilda Cruppe)

Quem é quem na produção do Calendário 2023

Kátia Brasil, coordenadora geral dos calendários, é jornalista, cofundadora e editora executiva da agência Amazônia. Lidera os projetos de diversidade inclusiva com jovens e mulheres nos temas das reportagens como o Blog Jovens Cidadãos, em que estudantes contam suas histórias das aldeias e comunidades; Um Vírus e Duas Guerras, um monitoramento nacional da violência doméstica e feminicídio; os documentários Ciência na Amazônia; e é uma das ganhadores do Prêmio Vladimir Herzog Especial 2022.    

Pablito Aguiar é quadrinista. Vive e trabalha em Alvorada, no Rio Grande do Sul. Desde 2015 escuta histórias de pessoas e as transforma em quadrinhos. Atualmente, está entrevistando moradores de Porto Alegre para os projetos "Fala que eu Desenho" e "Conversas em Porto Alegre". E em 2022 lançou o livro "Almoço, uma conversa com Eliane Brum", publicado pela editora Arquipélago.

Marizilda Cruppe é fotojornalista. Nascida em São Paulo e criada no Rio de Janeiro, atualmente vive na Amazônia. Trabalhou em jornal por um bom tempo e hoje colabora com organizações ambientais e humanitárias e mídias independentes. Seu foco está nos temas relacionados às emergências climáticas e violações de direitos humanos.

Maria Fernanda Ribeiro é jornalista multimídia com foco nos povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Documenta e compartilha histórias em reportagens, crônicas e vídeos. Entre os anos de 2916 e 2018 viajou pela floresta amazônica munida apenas da minha mochila, uma câmera e um gravador para conhecer quem são as pessoas que habitam a floresta. Rodou por oito estados (só faltou o Tocantins entre os que compõem a Amazônia Legal), de barco, de carro e de avião. 

Para garantir a defesa da liberdade de imprensa e da liberdade de expressão, a agência de jornalismo independente e investigativa Amazônia Real não recebe recursos públicos, não recebe recursos de pessoas físicas ou jurídicas envolvidas com crime ambiental, trabalho escravo, violação dos direitos humanos e violência contra a mulher. É uma questão de coerência. Por isso, é muito importante as doações das leitoras e dos leitores para produzirmos mais reportagens sobre a realidade da Amazônia. Agradecemos o apoio de todas e todos. Doe aqui.


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