De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias

Equipe indígena busca recursos e quer levar atletas a clubes tradicionais

11/02/2025

Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/



Equipe indígena busca recursos e quer levar atletas a clubes tradicionais
Primeiro time de futebol profissional formado por indígenas, Gavião Kyikatejê procura patrocínio e pede fim do preconceito

Jorge Abreu

11/02/2025

Pioneiro no futebol profissional com jogadores indígenas, o Gavião Kyikatejê Futebol Clube aposta em uma campanha publicitária em busca de patrocínio para se manter no cenário esportivo, com bons rendimentos em campo e projetando novos talentos para times de todo o Brasil.

A equipe foi fundada em 2009, em Marabá (PA), pelo cacique e técnico Zeca Gavião -o primeiro indígena do Brasil a ter formação superior em futebol. Ele conta que decidiu criar o clube após ver suas tentativas frustradas de emplacar jovens jogadores indígenas em times paraenses.

"No cenário do futebol [profissional], os indígenas não aparecem muito. Até criar o Gavião Kyikatejê, eu passei por um caminho de preconceitos", disse. "Falta espaço para a juventude indígena."

"O que me motivou a criar o time foi quando eu levei alguns atletas [indígenas] para se apresentar em um clube no Pará. Eles foram discriminados, cortados do clube e voltaram para aldeia. Aquilo mexeu muito comigo", acrescentou.

Zeca promove uma campanha com um grupo de publicitários, de forma voluntária, para contar a história do time e de seus jogadores com objetivo de combater o preconceito e atrair investidores. Segundo ele, a falta de recursos impacta o desenvolvimento dos treinos e dos jogos.

"A gente depende de apoio para manter, por exemplo, um jogador do estado do Rio Grande do Sul, e trazer mais indígenas de outras regiões. A nossa maior dificuldade é chegar à elite dos times paraenses. Precisamos ter mais jogadores de ponta para reforçar o time", destacou.

O Gavião Kyikatejê FC já competiu no Campeonato Paraense, o Parazão, na primeira divisão, em 2013 e 2014, e chegou a jogar contra os tradicionais Paysandu e Remo. Agora, sonha em voar mais alto e estrear em competições como a Copa do Brasil e a Copa Verde.

O time ainda se recupera dos prejuízos causados pelo período da pandemia de Covid-19, além de problemas recentes como o das queimadas -o Pará foi estado que mais sofreu com o problema em 2024- e o desmatamento ilegal na região, que impactam o modo de vida dos povos tradicionais.

"A resposta ao preconceito será a nossa capacidade, condição e conhecimento, para chegar a um nível alto. Somos um time indígena profissional. Em nossas camisas [que levam as pinturas corporais da etnia gavião], carregamos muitas histórias", concluiu Zeca.

PEDIDO DE DESCULPA E CAMPEONATO NO XINGU
Em julho do ano passado, o técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, usou a expressão "time de índios" para abordar uma desorganização da equipe, ao analisar a vitória por 3 a 1 sobre o Atlético Goianiense. A declaração foi considerada xenofóbica.

Em sua conta no Instagram, Abel pediu desculpas logo após a repercussão. "Repudio toda e qualquer forma de preconceito e discriminação. Infelizmente, há expressões que continuamos a perpetuar sem que nos debrucemos sobre o seu conteúdo", diz trecho do comunicado.

Já neste ano, o Palmeiras promoveu nos dias 29 e 30 de janeiro, em parceria com a Embaixada da Noruega no Brasil, a primeira "Copa Xingu: Por Um Futuro Mais Verde", campeonato de futebol disputado por povos indígenas que vivem no Território Indígena do Xingu, em Mato Grosso.

A competição foi realizada na aldeia Yawalapiti e contou com equipes femininas e masculinas. O campeão na categoria masculina foi o Arayo FC, que derrotou o FC Wakatxi. Já na competição feminina, o título ficou com a equipe Morená FC, que venceu o Bayer Pirino.

https://www1.folha.uol.com.br/esporte/2025/02/equipe-indigena-busca-recursos-e-quer-levar-atletas-a-clubes-tradicionais.shtml
 

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