De Povos Indígenas no Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.
Notícias
Terras Indígenas situadas fora da Amazônia Legal estão 31,5% mais preservadas que áreas ao redor, mostra estudo
02/04/2025
Fonte: O Globo - https://oglobo.globo.com
Terras Indígenas situadas fora da Amazônia Legal estão 31,5% mais preservadas que áreas ao redor, mostra estudo
Pesquisadores do ISA avaliam que o resultado aferido na Caatinga, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal reforça a importância da demarcação dos territórios para a recuperação ambiental
Luis Felipe de Azevedo
02/04/2025
Um estudo divulgado pelo Instituto Socioambiental (ISA) nesta quarta-feira mostra que Terras Indígenas (TIs) situadas fora da Amazônia Legal estão 31,5% mais preservadas do que as áreas ao redor. Para os pesquisadores, o resultado aferido na Caatinga, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal reforçam a importância da demarcação para a recuperação ambiental.
O levantamento mostra que as TIs nesses biomas perderam, em média, 36,5% da vegetação original - desmatamento ocorreu, sobretudo, antes da regularização dos territórios. Foi constatado um "aumento significativo" na regeneração da vegetação após a demarcação.
- Há um processo de demarcação no Brasil que se arrasta e traz prejuízos muito sérios de degradação e descaracterização do território. Há, posteriormente, um grande esforço da população indígena de recuperar a vegetação - analisa Tiago Moreira, antropólogo e pesquisador do ISA.
O Pampa foi o bioma com maior supressão da vegetação original das TIs (62,5%), enquanto a Amazônia perdeu apenas 1,74% para o desmatamento.
Segundo os pesquisadores, as políticas de demarcação, proteção e gestão "devem ser integradas, considerando aspectos sociais, culturais e ambientais, já que a degradação ambiental, os conflitos e as invasões ameaçam os direitos e a segurança física dos povos indígenas".
Entenda o cenário em cada bioma:
Caatinga
85% dos territórios foram delimitados só após 1990 e, até 2023;
Foram suprimidos 28,8% de sua vegetação original;
Áreas fora das TIs estão, em média, 51% mais degradadas;
Desde 1996, a extensão em recuperação, convertida em vegetação secundária, é, em média, 50% maior do que aquela desmatada;
38,8% das TIs da Caatinga tiveram um ganho positivo na relação entre regeneração e supressão.
Mata Atlântica
Mais de 90% do desmatamento nas TIs do bioma ocorreu até 2000, contudo, a demarcação das áreas têm se mostrado muito eficaz na recuperação ambiental do bioma;
Após a década de 1990, quando mais de um quarto dos territórios foi regularizado, 50% das áreas tiveram ganho positivo na regeneração da vegetação.
Pampa
Ainda que o bioma permaneça bastante pressionado pela expansão do agronegócio no bioma, as TIs têm apresentado taxas de desmatamento muito mais baixas nos últimos anos;
Até 1988, o bioma possuía apenas dois territórios com a demarcação concluída. A maior parte foi regularizada após os anos 2000;
A recuperação de vegetação secundária nessas áreas foi 41% maior do que a perda de vegetação nos últimos 29 anos.
Pantanal
O desmatamento no bioma em TIs foi de apenas 4,7% da vegetação original, sendo as TIs 4,5 vezes mais preservadas em comparação às áreas ao redor;
No entanto, a TI Kadiwéu foi responsável por 67% do total desmatado dentro das TIs do bioma, refletindo a necessidade urgente de desintrusão, monitoramento e proteção efetiva desse território.
Entre as recomendações do ISA estão o fortalecimento de sistemas agrícolas indígenas, do monitoramento e fiscalização nas TIs e a execução de uma política pública de demarcação e efetivação da posse dos territórios pelos povos originários.
A demarcação das terras e proteção integral das TIs para barrar o desmatamento e outras pressões e ameaças, como a grilagem, o garimpo e o roubo de madeira, estão entre as principais demandas do movimento indígena, que se reúne a partir do próximo dia 7, em Brasília, na 21ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL).
Promessa de campanha
Promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a campanha eleitoral de 2022, a demarcação de Terras Indígenas virou uma pedra no sapato da gestão petista. Logo após a vitória nas urnas, o presidente constituiu uma equipe para levantar 14 territórios que aguardavam apenas um decreto presidencial para concluir o processo de demarcação.
Lula se comprometeu a tirá-las do papel nos cem primeiros dias do governo, mas o prazo não foi cumprido em grande parte dos casos. Passados dois anos da gestão, um desses 14 territórios ainda não foi homologado e se encontra em um impasse: Xucuru-Kariri, em Alagoas. O movimento indígena se queixa do atraso e do avanço do garimpo em suas terras.
Procurada pelo GLOBO em janeiro, a Funai afirmou que, além das novas homologações, o governo federal "avançou na promoção dos direitos territoriais indígenas por meio da assinatura de portarias que garantem o andamento do processo demarcatório". Também houve no período 11 declarações de TI, etapa anterior à homologação até a demarcação das terras.
O Ministério dos Povos Indígenas disse, em nota, que a demarcação de TIs é um compromisso do governo federal e ressaltou que o número de 13 homologações nos dois primeiros anos de gestão é superior às 11 alcançadas na década anterior à criação da pasta.
https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2025/04/02/terras-indigenas-situadas-fora-da-amazonia-legal-estao-315percent-mais-preservadas-que-areas-ao-redor-mostra-estudo.ghtml
Pesquisadores do ISA avaliam que o resultado aferido na Caatinga, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal reforça a importância da demarcação dos territórios para a recuperação ambiental
Luis Felipe de Azevedo
02/04/2025
Um estudo divulgado pelo Instituto Socioambiental (ISA) nesta quarta-feira mostra que Terras Indígenas (TIs) situadas fora da Amazônia Legal estão 31,5% mais preservadas do que as áreas ao redor. Para os pesquisadores, o resultado aferido na Caatinga, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal reforçam a importância da demarcação para a recuperação ambiental.
O levantamento mostra que as TIs nesses biomas perderam, em média, 36,5% da vegetação original - desmatamento ocorreu, sobretudo, antes da regularização dos territórios. Foi constatado um "aumento significativo" na regeneração da vegetação após a demarcação.
- Há um processo de demarcação no Brasil que se arrasta e traz prejuízos muito sérios de degradação e descaracterização do território. Há, posteriormente, um grande esforço da população indígena de recuperar a vegetação - analisa Tiago Moreira, antropólogo e pesquisador do ISA.
O Pampa foi o bioma com maior supressão da vegetação original das TIs (62,5%), enquanto a Amazônia perdeu apenas 1,74% para o desmatamento.
Segundo os pesquisadores, as políticas de demarcação, proteção e gestão "devem ser integradas, considerando aspectos sociais, culturais e ambientais, já que a degradação ambiental, os conflitos e as invasões ameaçam os direitos e a segurança física dos povos indígenas".
Entenda o cenário em cada bioma:
Caatinga
85% dos territórios foram delimitados só após 1990 e, até 2023;
Foram suprimidos 28,8% de sua vegetação original;
Áreas fora das TIs estão, em média, 51% mais degradadas;
Desde 1996, a extensão em recuperação, convertida em vegetação secundária, é, em média, 50% maior do que aquela desmatada;
38,8% das TIs da Caatinga tiveram um ganho positivo na relação entre regeneração e supressão.
Mata Atlântica
Mais de 90% do desmatamento nas TIs do bioma ocorreu até 2000, contudo, a demarcação das áreas têm se mostrado muito eficaz na recuperação ambiental do bioma;
Após a década de 1990, quando mais de um quarto dos territórios foi regularizado, 50% das áreas tiveram ganho positivo na regeneração da vegetação.
Pampa
Ainda que o bioma permaneça bastante pressionado pela expansão do agronegócio no bioma, as TIs têm apresentado taxas de desmatamento muito mais baixas nos últimos anos;
Até 1988, o bioma possuía apenas dois territórios com a demarcação concluída. A maior parte foi regularizada após os anos 2000;
A recuperação de vegetação secundária nessas áreas foi 41% maior do que a perda de vegetação nos últimos 29 anos.
Pantanal
O desmatamento no bioma em TIs foi de apenas 4,7% da vegetação original, sendo as TIs 4,5 vezes mais preservadas em comparação às áreas ao redor;
No entanto, a TI Kadiwéu foi responsável por 67% do total desmatado dentro das TIs do bioma, refletindo a necessidade urgente de desintrusão, monitoramento e proteção efetiva desse território.
Entre as recomendações do ISA estão o fortalecimento de sistemas agrícolas indígenas, do monitoramento e fiscalização nas TIs e a execução de uma política pública de demarcação e efetivação da posse dos territórios pelos povos originários.
A demarcação das terras e proteção integral das TIs para barrar o desmatamento e outras pressões e ameaças, como a grilagem, o garimpo e o roubo de madeira, estão entre as principais demandas do movimento indígena, que se reúne a partir do próximo dia 7, em Brasília, na 21ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL).
Promessa de campanha
Promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a campanha eleitoral de 2022, a demarcação de Terras Indígenas virou uma pedra no sapato da gestão petista. Logo após a vitória nas urnas, o presidente constituiu uma equipe para levantar 14 territórios que aguardavam apenas um decreto presidencial para concluir o processo de demarcação.
Lula se comprometeu a tirá-las do papel nos cem primeiros dias do governo, mas o prazo não foi cumprido em grande parte dos casos. Passados dois anos da gestão, um desses 14 territórios ainda não foi homologado e se encontra em um impasse: Xucuru-Kariri, em Alagoas. O movimento indígena se queixa do atraso e do avanço do garimpo em suas terras.
Procurada pelo GLOBO em janeiro, a Funai afirmou que, além das novas homologações, o governo federal "avançou na promoção dos direitos territoriais indígenas por meio da assinatura de portarias que garantem o andamento do processo demarcatório". Também houve no período 11 declarações de TI, etapa anterior à homologação até a demarcação das terras.
O Ministério dos Povos Indígenas disse, em nota, que a demarcação de TIs é um compromisso do governo federal e ressaltou que o número de 13 homologações nos dois primeiros anos de gestão é superior às 11 alcançadas na década anterior à criação da pasta.
https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2025/04/02/terras-indigenas-situadas-fora-da-amazonia-legal-estao-315percent-mais-preservadas-que-areas-ao-redor-mostra-estudo.ghtml
As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.