De Povos Indígenas no Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Notícias

Ibama dá licença a obra de explosão de pedral onde atuam milhares de pescadores, e MPF diz ser ilegal

26/05/2025

Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/



Ibama dá licença a obra de explosão de pedral onde atuam milhares de pescadores, e MPF diz ser ilegal
Autorização prévia foi concedida no governo Bolsonaro, e governo Lula emite licença de instalação, que permite derrocamento do Pedral do Lourenço, no rio Tocantins, no Pará

26.mai.2025 às 19h43

Vinicius Sassine

Belém O presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Rodrigo Agostinho, concedeu nesta segunda-feira (26) licença para a explosão de um pedral numa extensão de 35 km no rio Tocantins, no Pará.

A licença de instalação permite o derrocamento do Pedral do Lourenço, o que inclui a montagem de canteiros de apoio e de um paiol de explosivos.

A autorização numa fase anterior -a licença prévia- foi concedida no governo Jair Bolsonaro (PL), em outubro de 2022. Agora, o governo Lula (PT) concordou com a permissão ao empreendimento, para garantir a navegabilidade da hidrovia Tocantins-Araguaia nos períodos secos.

Poucas horas após a concessão da licença de instalação, o MPF (Ministério Público Federal) no Pará afirmou que a autorização é ilegal e viola uma decisão judicial, "em especial no que se refere à obrigatoriedade de apresentação dos estudos do desembarque pesqueiro".

"A licença viola as chamadas medidas condicionantes, estabelecidas pelo próprio Ibama, e o direito de povos e comunidades tradicionais à consulta livre, prévia e informada, conforme prevê convenção da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que tem força de lei no Brasil", afirmou a Procuradoria da República no Pará.

O Ibama disse que não vai comentar a posição do MPF sobre a licença concedida.

A autorização foi dada ao DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), um órgão do governo federal.

Além da explosão do pedral, o empreendimento prevê a dragagem de bancos de areia no curso do rio. Esses bancos estão numa faixa de 177 km no curso d'água. Todo o trecho envolvido tem 300 km. A licença de instalação faz menção ao derrocamento do pedral.

A explosão impacta diretamente comunidades de pescadores na região. O próprio EIA/Rima (estudo e relatório de impacto ambiental) do empreendimento, que está a cargo do Dnit, aponta a existência de 6.500 pescadores nos municípios impactados. O relatório afirma, porém, que esse número deve ser maior, de 12 mil, conforme informações das colônias de pescadores.

Pesquisadores que acompanham o provável impacto de obras do tipo na região estimam em 10 mil a quantidade de pescadores que vivem diretamente da atividade na região atingida.

Em junho de 2021, o MPF em Marabá (PA), uma das cidades impactadas, recomendou que o Ibama suspendesse o licenciamento da hidrovia até que houvesse consulta das comunidades ribeirinhas.

Ribeirinhos da região do pedral, em tupiranga (PA), denunciaram a procuradores da República que não eram consultados e que o Ibama não os considerava como comunidades tradicionais. O mesmo quadro se manteve até a emissão da licença prévia, segundo lideranças dessas comunidades.

Além disso, pareceres técnicos do Ibama apontaram, em 2019 e em 2020, a necessidade de um diagnóstico das comunidades pesqueiras afetadas pelas obras antes da emissão da licença.

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), afirmou que a obra vai permitir maior escoamento de cargas na região, com maior movimentação por via hidroviária de Marabá a Barcarena (PA), onde está o Porto de Vila do Conde.

https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2025/05/ibama-da-licenca-a-obra-de-explosao-de-pedral-onde-atuam-milhares-de-pescadores-e-mpf-diz-ser-ilegal.shtml
 

As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.