De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
BR-319: entenda o impasse sobre obra em rodovia na Amazônia, defendida por Lula e motivo de briga com Marina no Senado
27/05/2025
Fonte: O Globo - https://oglobo.globo.com/brasil/
BR-319: entenda o impasse sobre obra em rodovia na Amazônia, defendida por Lula e motivo de briga com Marina no Senado
Projeto envolve a pavimentação de 20 quilômetros de rodovia que liga Porto Velho a Manaus
Por O Globo
27/05/2025 17h11 Atualizado há 6 horas
O bate-boca na Comissão de Infraestrutura do Senado Federal que levou a ministra do Meio Ambiente Marina Silva a abandonar a sessão foi motivada por discussões relacionadas às obras da BR-319, estrada que liga Porto Velho a Manaus. Defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a obra envolve a pavimentação de 20 quilômetros da rodovia e já rendeu críticas de ambientalistas.
Marina Silva deixou a sessão depois que o líder do PSDB, senador Plínio Valério (AM), afirmou querer separar a mulher da ministra porque a primeira merecia respeito, e a segunda não. A ministra disse que só continuaria na comissão se houvesse um pedido de desculpas. Plínio se recusou. Em março, disse ter vontade de enforcar a ministra.
Momentos antes, o senado Omar Aziz acusou a ministra de "atrapalhar o desenvolvimento do país" por questões ambientais. Marina, por sua vez, afirmou que defende o desenvolvimento econômico com sustentabilidade e que explorações ambientais ilegais e suas consequências são "concretas".
Entre as obras mencionadas por Aziz estava a BR-319. Por um lado, asfaltar a rodovia pode facilitar a integração da região e questões econômicas. Por outro, pode facilitar o desmatamento e ameaçar a biodiversidade da região.
- A senhora atrapalha o desenvolvimento do país. Lhe digo isso com a maior naturalidade do mundo. A senhora está atrapalhando o desenvolvimento do nosso país. Tem mais de 5 mil obras paradas por causa dessa conversinha 'governança', nhe nhe nhe.
Marina, por sua vez, defendeu a realização de estudos de impacto ambiental e afirmou que há picos de atividade ilegal na região quando o tema da BR-319 volta a ser discutido.
- Desde o processo em que vem se discutindo o anúncio da estrada, quando se fala da estrada a primeira coisa que tem é uma corrida de grilarem. Por isso o que se propõe desde lá é a avaliação ambiental estratégica. Qual é o problema de fazer? De ter governança? Estamos propondo desde sempre, por que não faz? Agora o ministro Renan [dos Transportes] está trabalhando para fazer, porque é isso que dá segurança aos empreendimentos (...) Não é questão ideológica. Desmatamento, exploração ilegal de madeira, garimpo ilegal é objetivo.
Marina também afirmou que o tema é complexo e por isso não teve solução ao longo dos 15 anos em que ficou fora do governo.
- Temos visões que podem ser diferentes, mas gostei de uma equação que Vossa Excelência coloca: que não é conversa fiada, mas coisa concreta (...) Uma coisa é concreta, concretíssima. O debate da 319 virou um debate em cima de "bode expiatório", que chama Marina Silva. É concreto que saí do governo em 2008. Até 2023, são 15 anos. Por que as pessoas tão dadas a coisas concretas não fizeram a BR?
Em julho do ano passado, uma decisão liminar da 7ª Vara Ambiental e Agrária da Seção Judiciária do Amazonas suspendeu a licença prévia, concedida no governo Bolsonaro, para a reconstrução e asfaltamento do trecho do meio da estrada. Na época, o advogado do Observatório do Clima, Paulo Busse destacou que o Ibama "vem alertando para os riscos socioambientais do empreendimento". O especialista ressalta que, caso a obra seja retomada, as consequências serão "catastróficas e irrecuperáveis para a floresta, os povos que lá vivem e para o clima do planeta".
- A mera expectativa gerada pela concessão da licença prévia já aumentou o desmatamento às margens do traçado da futura estrada. Os povos indígenas sequer foram ouvidos, o que viola uma série de direitos - aponta Busse.
Pesquisador da USP e da Universidade Federal do Amazonas, Lucas Ferrante apontou que a rodovia não tem viabilidade científica atestada e destaca que a seca - elemento levantado por Lula para justificar a importância da obra - não deve ser motivo para pressionar o licenciamento.
- O desmatamento na Amazônia é maior na beira das estradas. A pavimentação da rodovia provocaria uma situação extremamente crítica, que impacta no ciclo hídrico inclusive de outros países. Também não há contingente para combater o crime organizado caso o projeto vá a frente. O presidente precisa se guiar por critérios técnicos e reverter a obra imediatamente - avalia.
https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2025/05/27/br-319-entenda-o-impasse-sobre-obra-em-rodovia-na-amazonia-defendida-por-lula-e-motivo-de-briga-com-marina-no-senado.ghtml
Projeto envolve a pavimentação de 20 quilômetros de rodovia que liga Porto Velho a Manaus
Por O Globo
27/05/2025 17h11 Atualizado há 6 horas
O bate-boca na Comissão de Infraestrutura do Senado Federal que levou a ministra do Meio Ambiente Marina Silva a abandonar a sessão foi motivada por discussões relacionadas às obras da BR-319, estrada que liga Porto Velho a Manaus. Defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a obra envolve a pavimentação de 20 quilômetros da rodovia e já rendeu críticas de ambientalistas.
Marina Silva deixou a sessão depois que o líder do PSDB, senador Plínio Valério (AM), afirmou querer separar a mulher da ministra porque a primeira merecia respeito, e a segunda não. A ministra disse que só continuaria na comissão se houvesse um pedido de desculpas. Plínio se recusou. Em março, disse ter vontade de enforcar a ministra.
Momentos antes, o senado Omar Aziz acusou a ministra de "atrapalhar o desenvolvimento do país" por questões ambientais. Marina, por sua vez, afirmou que defende o desenvolvimento econômico com sustentabilidade e que explorações ambientais ilegais e suas consequências são "concretas".
Entre as obras mencionadas por Aziz estava a BR-319. Por um lado, asfaltar a rodovia pode facilitar a integração da região e questões econômicas. Por outro, pode facilitar o desmatamento e ameaçar a biodiversidade da região.
- A senhora atrapalha o desenvolvimento do país. Lhe digo isso com a maior naturalidade do mundo. A senhora está atrapalhando o desenvolvimento do nosso país. Tem mais de 5 mil obras paradas por causa dessa conversinha 'governança', nhe nhe nhe.
Marina, por sua vez, defendeu a realização de estudos de impacto ambiental e afirmou que há picos de atividade ilegal na região quando o tema da BR-319 volta a ser discutido.
- Desde o processo em que vem se discutindo o anúncio da estrada, quando se fala da estrada a primeira coisa que tem é uma corrida de grilarem. Por isso o que se propõe desde lá é a avaliação ambiental estratégica. Qual é o problema de fazer? De ter governança? Estamos propondo desde sempre, por que não faz? Agora o ministro Renan [dos Transportes] está trabalhando para fazer, porque é isso que dá segurança aos empreendimentos (...) Não é questão ideológica. Desmatamento, exploração ilegal de madeira, garimpo ilegal é objetivo.
Marina também afirmou que o tema é complexo e por isso não teve solução ao longo dos 15 anos em que ficou fora do governo.
- Temos visões que podem ser diferentes, mas gostei de uma equação que Vossa Excelência coloca: que não é conversa fiada, mas coisa concreta (...) Uma coisa é concreta, concretíssima. O debate da 319 virou um debate em cima de "bode expiatório", que chama Marina Silva. É concreto que saí do governo em 2008. Até 2023, são 15 anos. Por que as pessoas tão dadas a coisas concretas não fizeram a BR?
Em julho do ano passado, uma decisão liminar da 7ª Vara Ambiental e Agrária da Seção Judiciária do Amazonas suspendeu a licença prévia, concedida no governo Bolsonaro, para a reconstrução e asfaltamento do trecho do meio da estrada. Na época, o advogado do Observatório do Clima, Paulo Busse destacou que o Ibama "vem alertando para os riscos socioambientais do empreendimento". O especialista ressalta que, caso a obra seja retomada, as consequências serão "catastróficas e irrecuperáveis para a floresta, os povos que lá vivem e para o clima do planeta".
- A mera expectativa gerada pela concessão da licença prévia já aumentou o desmatamento às margens do traçado da futura estrada. Os povos indígenas sequer foram ouvidos, o que viola uma série de direitos - aponta Busse.
Pesquisador da USP e da Universidade Federal do Amazonas, Lucas Ferrante apontou que a rodovia não tem viabilidade científica atestada e destaca que a seca - elemento levantado por Lula para justificar a importância da obra - não deve ser motivo para pressionar o licenciamento.
- O desmatamento na Amazônia é maior na beira das estradas. A pavimentação da rodovia provocaria uma situação extremamente crítica, que impacta no ciclo hídrico inclusive de outros países. Também não há contingente para combater o crime organizado caso o projeto vá a frente. O presidente precisa se guiar por critérios técnicos e reverter a obra imediatamente - avalia.
https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2025/05/27/br-319-entenda-o-impasse-sobre-obra-em-rodovia-na-amazonia-defendida-por-lula-e-motivo-de-briga-com-marina-no-senado.ghtml
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