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Régia Capital lança política antidesmatamento, a primeira do setor de gestão de ativos do Brasil

24/06/2025

Fonte: Valor Econômico - https://valor.globo.com/



Régia Capital lança política antidesmatamento, a primeira do setor de gestão de ativos do Brasil
Na prática, gestora não poderá investir em empresas associadas a desmatamento ilegal e que não compensam desmatamento. Iniciativa foi desenvolvida com apoio técnico do WWF-Brasil

24/06/2025

Naiara Bertão

A gestora de investimentos Régia Capital anunciou nesta terça-feira (24) a adoção da primeira política antidesmatamento do setor de gestão de recursos no Brasil. A medida, desenvolvida com suporte técnico da organização WWF-Brasil, estabelece critérios rigorosos e detalhados para impedir que os fundos administrados pela casa financiem empresas envolvidas em desmatamento ilegal ou que não adotem medidas de compensação ambiental.

A nova diretriz passará a valer para todos os investimentos a partir de 2026 e representa um marco para o mercado financeiro nacional, ainda que outros players, como bancos e fundos especializados em ESG, já incorporem análises de risco relacionadas ao desmatamento em seus processos de decisão.

A partir da implementação, a Régia Capital - uma joint venture entre a BB Asset e a JGP, com cerca de R$ 10,3 bilhões sob gestão - exigirá de suas investidas comprovações concretas de que suas cadeias produtivas são livres de desmatamento. O corte de financiamento valerá não apenas para casos de desmatamento ilegal, mas também para situações de desmatamento não compensado a partir de 2025, tendo como marco temporal a data de 31 de dezembro de 2020.

De acordo com Bruno Bernardo, responsável pela área de análise ESG da gestora, a política abrange cadeias de commodities com histórico de risco ambiental, como soja, pecuária, óleo de palma, madeira, papel e celulose. "Nossa abordagem se apoia em três pilares: rastreabilidade rigorosa das cadeias de fornecimento, verificação independente por terceiros e um protocolo de ações graduais, que inclui desde notificações formais até o desinvestimento em casos de descumprimento", explica.

Além das questões ambientais, a política incorpora diretrizes sociais, com foco no respeito aos direitos humanos. Projetos que afetem comunidades tradicionais - como povos indígenas, trabalhadores rurais e defensores ambientais - precisarão apresentar consentimento livre, prévio e informado dessas populações para serem elegíveis a investimentos.

José Pugas, sócio e diretor de sustentabilidade da Régia, reforça que a medida vai além de uma decisão ética: "O setor financeiro tem um papel determinante na transição para uma economia de baixo carbono. Incorporar critérios ambientais e sociais nas decisões de investimento é, hoje, uma obrigação estratégica e fiduciária."
A nova política terá alcance sobre todas as classes de ativos sob gestão, com atenção especial aos biomas mais vulneráveis da América do Sul, como Amazônia, Cerrado e Chaco. Empresas consideradas de alto risco passarão por revisões semestrais, e a governança sobre o cumprimento das metas ficará a cargo de um Comitê de Biodiversidade, integrado pela liderança executiva da casa e especialistas de diversas áreas.

Os avanços serão reportados anualmente por meio de relatórios públicos, com base em frameworks internacionais, como o Accountability Framework Initiative (AFI) e a Taskforce on Nature-related Financial Disclosures (TNFD).

Segundo Jaciele Neto, do WWF-Brasil, a política incorpora as diretrizes do AFi ao estabelecer metas para eliminar o desmatamento ilegal até 2025 e todas as formas de desmatamento e conversão até 2030, com transparência garantida por relatórios anuais. Também segue os padrões da TNFD ao adotar a abordagem LEAP, com mapeamento georreferenciado de ativos para identificar riscos e impactos socioambientais, tanto individualmente quanto no conjunto do portfólio, incluindo sobreposições com áreas protegidas e territórios indígenas. "Essa integração entre as diretrizes do AFi e os métodos da TNFD permite uma implementação robusta e verificável, alinhando compromissos normativos com ferramentas técnicas", diz.

Mesmo assim, ela afirma que, para garantir a aplicabilidade da política e evitar investimentos que impliquem na prática de greenwashing, "é fundamental o comprometimento com os mecanismos de verificação trazidos na política, como a microanálise semestral e macro análise anual, mas também o engajamento proativo e bem estruturado, promovendo o diálogo com as investidas para acelerar a transição para modelos sustentáveis".

Para Jaciele, a iniciativa da Régia se destaca pela objetividade dos critérios de exclusão, pela definição de metas claras e por um modelo estruturado de engajamento com as empresas investidas. "Essa política representa um passo importante para realinhar o fluxo de capital rumo a cadeias de produção sustentáveis, evitando o financiamento de atividades ligadas à conversão de vegetação nativa", afirma.

A Régia Capital também é signatária de compromissos internacionais voltados à preservação ambiental no setor financeiro, como a Finance Sector Deforestation Action Initiative e os Principles for Responsible Investment (PRI).

https://valor.globo.com/financas/esg/noticia/2025/06/24/regia-capital-lanca-politica-antidesmatamento-a-primeira-do-setor-de-gestao-de-ativos-do-brasil.ghtml
 

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