De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
COP30 deve ter ênfase maior no engajamento da sociedade do que na negociação entre países
03/07/2025
Fonte: O Globo - https://oglobo.globo.com/
COP30 deve ter ênfase maior no engajamento da sociedade do que na negociação entre países
Com cenário marcado por tensões geopolíticas, conferência terá foco em soluções e no chamado à ação
03/03/2025
A posição do governo americano sob o segundo mandato de Donald Trump, que anunciou a saída do Acordo de Paris, e as tensões geopolíticas cada vez mais elevadas dificultam muito um avanço relevante em termos de acordos diplomáticos na COP30, a conferência anual das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, que será em Belém (PA), em novembro.
Algumas discordâncias já apareceram em Bonn (Alemanha), que sediou neste mês as mais importantes reuniões diplomáticas da UNFCCC, a convenção das Nações Unidas que trata das mudanças climáticas, antes da conferência anual no Brasil.
As tensões geopolíticas só pioraram nos últimos meses, com a guerra comercial deflagrada pelo tarifaço dos EUA, no início de abril, a continuidade do conflito entre Rússia e Ucrânia e a escalada militar no Oriente Médio, renovada pelos ataques de Israel ao Irã. O mais recente e grave capítulo foram os ataques americanos às instalações nucleares iranianas.
Nesse cenário, observadores ouvidos pelo GLOBO ressaltam a importância da agenda paralela, da sociedade civil e do empresariado. Como tem ocorrido nas conferências anuais, os eventos paralelos às negociações diplomáticas têm ganhado cada vez mais relevância.
Entre outros fóruns, os debates se organizam na Agenda de Ação, o conjunto de compromissos voluntários que a Presidência propõe aos países, aos governos subnacionais e ao setor privado, adotado pela primeira vez na COP20, segundo o blog Central da COP, do GLOBO.
Alinhamento de esforços
Já se preparando para isso, a Presidência brasileira da COP30 vem apontando publicamente a importância dessa agenda. Em Bonn, o Brasil divulgou a quarta carta - na diplomacia do clima, os países que presidem as conferências se manifestam dessa forma - da Presidência da COP30 à comunidade internacional, com sua visão para a Agenda de Ação Climática Global.
"Nosso objetivo é trazer uma nova dinâmica à ação climática global, alinhando os esforços de empresas, sociedade civil e todos os níveis de governo em uma ação coordenada", diz o documento, assinado pelo embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30.
Semanas antes, em discurso num evento no Rio, Corrêa do Lago ressaltou a importância do engajamento do empresariado e da sociedade civil:
- O Brasil entende que isso tem uma particular importância na COP de Belém, porque as principais questões que tinham que ser negociadas entre os países para definir o que a gente tem que fazer para combater a mudança do clima já foram negociadas.
No discurso, Corrêa do Lago ressaltou que a COP de Dubai, em 2023, fez um balanço geral do Acordo de Paris, firmado na COP de 2015, e que a COP de Baku, em 2024, "avançou tanto na questão de mercado de carbono como na questão de financiamento internacional":
- Belém tem que ser uma COP de soluções e, nesse sentido, os atores que participam da Agenda de Ação é que são os principais. Eles são quem vai implementar o que os governos decidirem.
Alguns dos especialistas ouvidos pelo GLOBO concordam com a estratégia. Independentemente das tensões geopolíticas, a líder da World Climate Foundation (WCF) no Brasil, Flora Bitancourt, lembra que o tempo dos governos é outro, mais lento, enquanto decisões do mundo corporativo, como metas próprias de descarbonização adotadas por empresas ou mesmo setores inteiros, tendem a ser mais rapidamente implementadas:
- Belém é a primeira COP em que a Presidência está posicionando essa linguagem do mutirão, da ação coletiva, do chamado para a ação, a COP da implementação. Isso é o diferencial da COP30, porque quando a gente fala de implementação, fala de indústria. A abertura do setor privado está gigante para a COP30.
Há 15 anos, a WCF atua nos encontros paralelos às negociações diplomáticas das conferências anuais nas Nações Unidas. O foco principal é fomentar parcerias intersetoriais para o financiamento de investimentos em adaptação e na transição para uma economia de baixo carbono.
Dez anos após Acordo de Paris
Em Belém, a entidade terá pavilhão coorganizado com o Instituto Clima e Sociedade (iCS) para acompanhar negociações; promoverá a 16ª edição do World Climate Summit (em 14 e 15 de novembro), que terá executivos globais discutindo ações de descarbonização para cumprimento das metas do Acordo de Paris; e organizará a Investment COP (em 13 de novembro), em parceria com a Converge Capital, que funcionará como hub de investidores.
Maria Netto, diretora executiva do iCS, lista motivos pelos quais a COP30 será crucial, como os dez anos do Acordo de Paris e a importância de fortalecer o multilateralismo em momentos de tensões geopolíticas.
Segundo a diretora do iCS, as discussões paralelas da Agenda de Ação ganharam corpo na COP26, em Glasgow (Escócia), quando "o governo do Reino Unido aproveitou sua Presidência para expandir o espaço da conferência, incorporando à agenda formal de negociação da UNFCCC plataformas paralelas dedicadas à mobilização de atores relevantes do setor privado, sistema financeiro, governos subnacionais e sociedade civil".
- Dado o caráter transversal da agenda climática, a definição de metas, ações e marcos de colaboração por parte do setor corporativo e financeiro pode exercer um papel crucial na alavancagem dos investimentos para mitigação e adaptação às mudanças climáticas - diz Maria.
Agora, dadas as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris, a Agenda de Ação ganhou ainda mais relevância. Por isso, Maria vê de forma positiva a posição da Presidência brasileira da COP30:
- Considerando o papel central da implementação nos próximos dez anos (e, portanto, o foco estratégico da COP30), uma agenda sólida de propostas e compromissos de non-state actors pode reforçar significativamente a confiança internacional e a capacidade de colaboração multilateral.
Já a secretária executiva do Instituto Socioambiental (ISA), Adriana Ramos, ressalta que a sociedade civil tem papel fundamental nas discussões sobre o enfrentamento das mudanças climáticas, mas pondera que "o ideal em um evento como esse é que a sociedade civil possa exercer seu papel de forma livre e autônoma".
- A sociedade participa das COPs acompanhando negociações e promovendo debates e mobilizações, inclusive espaços próprios como a Cúpula dos Povos, que está prevista para ocorrer em Belém - diz Adriana.
Para ela, "a Agenda de Ação é o debate que acontece fora das salas de negociação, em que setores da sociedade trazem suas ideias e propostas para avançar nas ações climáticas":
- É etapa importante do debate climático global e idealmente deve considerar a participação dos diferentes segmentos da sociedade global.
Por causa das tensões geopolíticas, Adriana vê poucas chances de a COP30 terminar com resultados relevantes:
Para ela, "a Agenda de Ação é o debate que acontece fora das salas de negociação, em que setores da sociedade trazem suas ideias e propostas para avançar nas ações climáticas":
- É etapa importante do debate climático global e idealmente deve considerar a participação dos diferentes segmentos da sociedade global.
Por causa das tensões geopolíticas, Adriana vê poucas chances de a COP30 terminar com resultados relevantes:
- Há baixa expectativa de avanços na agenda de negociação da COP30. Não é à toa que a própria Presidência da COP está dando mais ênfase na agenda de ação do que na de negociação.
A posição contrária do governo Trump a qualquer acordo diplomático internacional sobre as mudanças climáticas deverá ser o maior entrave.
- O tema do financiamento é afetado pela posição dos EUA. Não só pelo anúncio de Trump de sair do Acordo de Paris, mas pelo rearranjo de investimentos que o governo dele promoveu com a extinção da USAID e outras medidas como a retirada de apoio militar à Europa - diz Adriana.
https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2025/07/03/cop30-deve-ter-enfase-maior-no-engajamento-da-sociedade-do-que-na-negociacao-entre-paises.ghtml
Com cenário marcado por tensões geopolíticas, conferência terá foco em soluções e no chamado à ação
03/03/2025
A posição do governo americano sob o segundo mandato de Donald Trump, que anunciou a saída do Acordo de Paris, e as tensões geopolíticas cada vez mais elevadas dificultam muito um avanço relevante em termos de acordos diplomáticos na COP30, a conferência anual das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, que será em Belém (PA), em novembro.
Algumas discordâncias já apareceram em Bonn (Alemanha), que sediou neste mês as mais importantes reuniões diplomáticas da UNFCCC, a convenção das Nações Unidas que trata das mudanças climáticas, antes da conferência anual no Brasil.
As tensões geopolíticas só pioraram nos últimos meses, com a guerra comercial deflagrada pelo tarifaço dos EUA, no início de abril, a continuidade do conflito entre Rússia e Ucrânia e a escalada militar no Oriente Médio, renovada pelos ataques de Israel ao Irã. O mais recente e grave capítulo foram os ataques americanos às instalações nucleares iranianas.
Nesse cenário, observadores ouvidos pelo GLOBO ressaltam a importância da agenda paralela, da sociedade civil e do empresariado. Como tem ocorrido nas conferências anuais, os eventos paralelos às negociações diplomáticas têm ganhado cada vez mais relevância.
Entre outros fóruns, os debates se organizam na Agenda de Ação, o conjunto de compromissos voluntários que a Presidência propõe aos países, aos governos subnacionais e ao setor privado, adotado pela primeira vez na COP20, segundo o blog Central da COP, do GLOBO.
Alinhamento de esforços
Já se preparando para isso, a Presidência brasileira da COP30 vem apontando publicamente a importância dessa agenda. Em Bonn, o Brasil divulgou a quarta carta - na diplomacia do clima, os países que presidem as conferências se manifestam dessa forma - da Presidência da COP30 à comunidade internacional, com sua visão para a Agenda de Ação Climática Global.
"Nosso objetivo é trazer uma nova dinâmica à ação climática global, alinhando os esforços de empresas, sociedade civil e todos os níveis de governo em uma ação coordenada", diz o documento, assinado pelo embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30.
Semanas antes, em discurso num evento no Rio, Corrêa do Lago ressaltou a importância do engajamento do empresariado e da sociedade civil:
- O Brasil entende que isso tem uma particular importância na COP de Belém, porque as principais questões que tinham que ser negociadas entre os países para definir o que a gente tem que fazer para combater a mudança do clima já foram negociadas.
No discurso, Corrêa do Lago ressaltou que a COP de Dubai, em 2023, fez um balanço geral do Acordo de Paris, firmado na COP de 2015, e que a COP de Baku, em 2024, "avançou tanto na questão de mercado de carbono como na questão de financiamento internacional":
- Belém tem que ser uma COP de soluções e, nesse sentido, os atores que participam da Agenda de Ação é que são os principais. Eles são quem vai implementar o que os governos decidirem.
Alguns dos especialistas ouvidos pelo GLOBO concordam com a estratégia. Independentemente das tensões geopolíticas, a líder da World Climate Foundation (WCF) no Brasil, Flora Bitancourt, lembra que o tempo dos governos é outro, mais lento, enquanto decisões do mundo corporativo, como metas próprias de descarbonização adotadas por empresas ou mesmo setores inteiros, tendem a ser mais rapidamente implementadas:
- Belém é a primeira COP em que a Presidência está posicionando essa linguagem do mutirão, da ação coletiva, do chamado para a ação, a COP da implementação. Isso é o diferencial da COP30, porque quando a gente fala de implementação, fala de indústria. A abertura do setor privado está gigante para a COP30.
Há 15 anos, a WCF atua nos encontros paralelos às negociações diplomáticas das conferências anuais nas Nações Unidas. O foco principal é fomentar parcerias intersetoriais para o financiamento de investimentos em adaptação e na transição para uma economia de baixo carbono.
Dez anos após Acordo de Paris
Em Belém, a entidade terá pavilhão coorganizado com o Instituto Clima e Sociedade (iCS) para acompanhar negociações; promoverá a 16ª edição do World Climate Summit (em 14 e 15 de novembro), que terá executivos globais discutindo ações de descarbonização para cumprimento das metas do Acordo de Paris; e organizará a Investment COP (em 13 de novembro), em parceria com a Converge Capital, que funcionará como hub de investidores.
Maria Netto, diretora executiva do iCS, lista motivos pelos quais a COP30 será crucial, como os dez anos do Acordo de Paris e a importância de fortalecer o multilateralismo em momentos de tensões geopolíticas.
Segundo a diretora do iCS, as discussões paralelas da Agenda de Ação ganharam corpo na COP26, em Glasgow (Escócia), quando "o governo do Reino Unido aproveitou sua Presidência para expandir o espaço da conferência, incorporando à agenda formal de negociação da UNFCCC plataformas paralelas dedicadas à mobilização de atores relevantes do setor privado, sistema financeiro, governos subnacionais e sociedade civil".
- Dado o caráter transversal da agenda climática, a definição de metas, ações e marcos de colaboração por parte do setor corporativo e financeiro pode exercer um papel crucial na alavancagem dos investimentos para mitigação e adaptação às mudanças climáticas - diz Maria.
Agora, dadas as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris, a Agenda de Ação ganhou ainda mais relevância. Por isso, Maria vê de forma positiva a posição da Presidência brasileira da COP30:
- Considerando o papel central da implementação nos próximos dez anos (e, portanto, o foco estratégico da COP30), uma agenda sólida de propostas e compromissos de non-state actors pode reforçar significativamente a confiança internacional e a capacidade de colaboração multilateral.
Já a secretária executiva do Instituto Socioambiental (ISA), Adriana Ramos, ressalta que a sociedade civil tem papel fundamental nas discussões sobre o enfrentamento das mudanças climáticas, mas pondera que "o ideal em um evento como esse é que a sociedade civil possa exercer seu papel de forma livre e autônoma".
- A sociedade participa das COPs acompanhando negociações e promovendo debates e mobilizações, inclusive espaços próprios como a Cúpula dos Povos, que está prevista para ocorrer em Belém - diz Adriana.
Para ela, "a Agenda de Ação é o debate que acontece fora das salas de negociação, em que setores da sociedade trazem suas ideias e propostas para avançar nas ações climáticas":
- É etapa importante do debate climático global e idealmente deve considerar a participação dos diferentes segmentos da sociedade global.
Por causa das tensões geopolíticas, Adriana vê poucas chances de a COP30 terminar com resultados relevantes:
Para ela, "a Agenda de Ação é o debate que acontece fora das salas de negociação, em que setores da sociedade trazem suas ideias e propostas para avançar nas ações climáticas":
- É etapa importante do debate climático global e idealmente deve considerar a participação dos diferentes segmentos da sociedade global.
Por causa das tensões geopolíticas, Adriana vê poucas chances de a COP30 terminar com resultados relevantes:
- Há baixa expectativa de avanços na agenda de negociação da COP30. Não é à toa que a própria Presidência da COP está dando mais ênfase na agenda de ação do que na de negociação.
A posição contrária do governo Trump a qualquer acordo diplomático internacional sobre as mudanças climáticas deverá ser o maior entrave.
- O tema do financiamento é afetado pela posição dos EUA. Não só pelo anúncio de Trump de sair do Acordo de Paris, mas pelo rearranjo de investimentos que o governo dele promoveu com a extinção da USAID e outras medidas como a retirada de apoio militar à Europa - diz Adriana.
https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2025/07/03/cop30-deve-ter-enfase-maior-no-engajamento-da-sociedade-do-que-na-negociacao-entre-paises.ghtml
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