De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias

Funai defende preservação das culturas indígenas como forma de assegurar direitos territoriais e enfrentar mudanças climáticas

25/06/2025

Fonte: Funai - https://www.gov.br



A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) destacou nesta quarta-feira (25) a relação entre a preservação e proteção das culturas indígenas, as terras tradicionalmente habitadas e o enfrentamento às mudanças climáticas. Em participação na abertura do colóquio "Expressões Culturais Tradicionais e Experiências Museográficas no Século XXI", realizado em Paris, capital francesa, a Funai explicou que a cultura dos povos indígenas é fundamental nos estudos antropológicos para assegurar os direitos territoriais. As terras demarcadas, por sua vez, são um instrumento de preservação das culturas e tradições indígenas.

Essa conexão é vital, pois faz parte de uma cadeia de práticas que ultrapassam os limites territoriais e impactam toda a sociedade. A reprodução cultural nos territórios e a proteção à cosmovisão, à espiritualidade e à relação especial com as terras habitadas são alguns dos resultados que beneficiam toda a coletividade. Isso porque as práticas sustentáveis dos povos indígenas, em harmonia com o meio ambiente, estão entre as principais estratégias de enfrentamento às mudanças climáticas, como ressalta a presidenta da Funai, Joenia Wapichana.

"Os povos indígenas têm atuado para a proteção não só de suas famílias, mas de todo o planeta, não apenas dos seres humanos, mas de toda a biodiversidade", destaca a presidenta. Ela reforça que a Funai e as organizações indígenas têm lutado para que os povos indígenas sejam inseridos no processo de enfrentamento às mudanças climáticas, no qual o mundo tem canalizado esforços. "Inseridos, inclusive, com suas culturas, porque, a partir dos conhecimentos tradicionais, os povos indígenas vêm colaborando para que haja uma proteção maior da floresta em pé e um cuidado maior com mananciais de água", exemplifica Joenia.

A Funai defende a demarcação e proteção das terras indígenas como um dos principais instrumentos para a redução do desmatamento e mitigação das mudanças climáticas. Isso porque as práticas e modos de vida dos povos indígenas contribuem de forma significativa para a proteção da biodiversidade e, consequentemente, para o fornecimento de serviços ecossistêmicos. Os territórios habitados por indígenas abrigam uma grande quantidade de espécies da flora e da fauna brasileiras, incluindo espécies ameaçadas de extinção.

Por isso, a autarquia indigenista também reforçou seu posicionamento contrário à Lei 14.701/2023, que, entre outros pontos prejudiciais aos povos indígenas, estabelece a tese do marco temporal para a demarcação de terras indígenas e destacou a luta para reafirmar os direitos indígenas assegurados pela Constituição Federal de 1988. Além disso, a Funai alertou para o avanço, no Congresso Nacional, de propostas de lei que representam graves retrocessos na proteção dos direitos indígenas e na preservação ambiental.

O colóquio
O colóquio "Expressões Culturais Tradicionais e Experiências Museográficas no Século XXI", realizado em Paris, teve início nesta quarta-feira (25) e se estende até sexta-feira (27). O evento é uma realização do Museu/Funai e da universidade francesa Sorbonne Nouvelle, com apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O objetivo é abordar a importância das expressões culturais tradicionais que é integrada pelo patrimônio material e imaterial dos povos indígenas e refletir sobre os processos de apropriação e expropriação de saberes e fazeres dos povos indígenas do Brasil para propor medidas de reparação cultural.

As expressões culturais tradicionais que integram o patrimônio cultural dos povos indígenas fazem parte de sua identidade cultural e visão de mundo. Os povos indígenas mantiveram essas expressões, por meio de suas normas e padrões culturais próprios. Transmitidas de geração em geração, elas se distinguem sobretudo pelo valor que representam para a sobrevivência cultural do povo que engloba um conjunto de práticas ancestrais.

A apropriação e monetização de expressões culturais tradicionais fora de seu contexto sociocultural traz à tona as discussões em torno de boas práticas de pesquisa, gestão compartilhada, reparação cultural e repatriação de bens culturais como medida de afirmação dos direitos negados historicamente aos povos indígenas.

Participaram da abertura, além da presidenta da Funai, a diretora do Museu/Funai, Fernanda Kaingang; a antropóloga pela Universidade de Brasília (UnB), Juliana Tupinambá; a vice-presidente de Pesquisa da universidade francesa Sorbonne Nouvelle, Capucine Boidin; a deputada federal do Brasil, Juliana Cardoso Terena; a delegada permanente do Brasil na Unesco, Paula Alves de Souza; e representantes da Organização Mundial do Comércio (OMC); e Altaci Kokama, Coordenadora de Promoção à Política Linguística (MPI).

A diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai, Lucia Alberta, também participou do primeiro dia do colóquio, na mesa "Diversidade Linguística em Expressões Culturais Tradicionais". Ela defendeu que a língua é uma estratégia de resistência frente à homogeneização cultural e destacou a diversidade linguística no Brasil. O país abriga mais de 305 povos, falantes de mais de 274 línguas indígenas.

A programação do colóquio prevê ainda debates sobre experiências e desafios para a proteção de expressões culturais tradicionais; reparação cultural e repatriação; inovação e tradição na arte indígena contemporânea; entre outros temas. O evento pode ser acompanhado ao vivo pelo canal do Museu/Funai no Youtube.

https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2025/funai-defende-preservacao-das-culturas-indigenas-como-forma-de-assegurar-direitos-territoriais-e-enfrentar-mudancas-climaticas
 

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