De Povos Indígenas no Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Notícias

Funai alerta para impactos irreversíveis sobre os povos indígenas e seus territórios com a aprovação do PL do Licenciamento Ambiental na Câmara

18/07/2025

Fonte: Funai - https://www.gov.br



A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) alerta que o Projeto de Lei no 2.159/2021, que trata do Licenciamento Ambiental, chamado de "PL da Devastação", pode gerar impactos irreversíveis sobre os povos indígenas e seus territórios. Entre os principais efeitos apontados estão: exclusão de Terras Indígenas ainda não regularizadas, redução dos estudos de impacto socioambiental, autolicenciamento e excessiva simplificação do processo, enfraquecimento das condicionantes ambientais, violação de direitos constitucionais e tratados internacionais, além do risco de intensificação do desmatamento e agravamento das mudanças climáticas.

A Funai analisa que um dos pontos mais críticos é a exclusão das Terras Indígenas ainda não homologadas do processo de licenciamento ambiental. O texto aprovado ignora essas áreas, permitindo a liberação de grandes empreendimentos sem a devida análise socioambiental. Isso abre caminho para invasões, grilagem, desmatamento e abandono estatal em territórios que ainda estão em processo de regularização fundiária, além de representar uma ameaça direta ao direito à consulta prévia, livre e informada, previsto na Convenção 169 da OIT.

No Brasil, existem 764 Terras Indígenas (TIs) em diferentes fases do processo de demarcação, segundo a Funai. Dessas, apenas 448 são homologadas ou reservadas, ou seja, já estão delimitadas e protegidas pelo governo federal. Assim, com a aprovação do PL, mais de 40% das terras indígenas ficariam expostas a atividades e empreendimento impactantes, sem a atuação da Funai.

Outra análise sobre o processo de licenciamento é a restrição da participação de órgãos como a própria autarquia, o INCRA e o ICMBIO. O PL restringe a atuação do INCRA apenas aos casos de territórios quilombolas regularizados, excluindo a atuação do órgão em áreas em processo de regularização. No caso do ICMBIO, retira a manifestação vinculante em licenciamentos que impactem Unidades de Conservação.

Outro aspecto preocupante é a limitação dos estudos de impacto apenas à chamada "Área Diretamente Afetada" (ADA), desconsiderando efeitos indiretos e cumulativos, como a fragmentação de habitats, alterações em bacias hidrográficas e deslocamento de comunidades. Esse recorte técnico restrito ignora a complexidade dos danos gerados por grandes obras e ameaça os direitos garantidos pela Constituição Federal e por tratados como a Convenção no 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

O projeto também introduz a chamada "Licença por Adesão e Compromisso" (LAC), que permite o licenciamento automático de empreendimentos de médio impacto com base apenas em autodeclaração on-line, sem qualquer análise técnica prévia. A Funai entende que essa medida contraria decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e aumenta o risco de conflitos ambientais e jurídicos.

Outro dispositivo preocupante é a criação da Licença Ambiental Especial (LAE) para os empreendimentos considerados estratégicos, como os do PAC, permitindo que a decisão final sobre a licença seja tomada pela Presidência da República e não por órgãos técnicos.

A proposta ainda enfraquece as condicionantes ambientais - exigências como medidas preventivas, mitigadoras e compensatórias. Com isso, torna-se mais provável a ocorrência de invasões de territórios indígenas, degradação de solos, contaminação de recursos naturais e impactos nocivos à saúde e à cultura das comunidades tradicionais.

A Funai alerta para o risco de intensificação do desmatamento e dos impactos climáticos. Estima-se que até 18 milhões de hectares da Amazônia possam ficar desprotegidos sob o novo modelo de licenciamento, comprometendo metas ambientais e climáticas assumidas pelo Brasil.

Para a Funai, o PL do Licenciamento representa um dos maiores desmontes já promovidos contra a proteção dos povos indígenas e do meio ambiente. Trata-se de um retrocesso legal com consequências graves não apenas para as comunidades indígenas, mas para toda a sociedade brasileira, especialmente aos biomas mais sensíveis e estratégicos para o enfrentamento às mudanças climáticas e preservação ambiental.

https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2025/funai-alerta-para-impactos-irreversiveis-sobre-os-povos-indigenas-e-seus-territorios-com-a-aprovacao-do-pl-do-licenciamento-ambiental-na-camara
 

As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.