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Notícias

Universidade é território em retomada, afirma Funai no encontro nacional de estudantes indígenas em Manaus

11/08/2025

Fonte: Funai - https://www.gov.br



A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) defendeu na sexta-feira (8) que as universidades são territórios em retomada, durante o XII Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas (ENEI), realizado em Manaus (AM). Isso porque os povos indígenas demandam cada vez mais presença e participação nesses espaços. Para a presidenta da Funai, Joenia Wapichana, as universidades são semelhantes aos territórios indígenas, pois vão muito além de espaços físicos.

De acordo com a presidenta, as universidades são espaços dinâmicos de produção de conhecimentos, reunião de saberes e preservação de memórias. Assim como os territórios indígenas que vão além de terras demarcadas. São a base da vida, cultura, memória, identidade e força dos povos indígenas. "As universidades não são simplesmente um prédio onde está montada toda uma estrutura física, mas espaços que reúnem pensadores, formadores, educadores, profissionais. E é um espaço que não é parado, é um espaço que anda", disse Joenia, em referência à produção de conhecimento nas instituições.

Com base nesse entendimento, ela explica a relação com o território. "Ele não se separa do corpo e também da memória. Quando você coloca corpo, território e memória, o corpo é justamente o que faz o que nós somos hoje. É a nossa identidade, é a nossa força, é a forma de viver, juntamente com o nosso território. Então nós podemos comparar com a universidade", afirma a presidenta da Funai.

O XII Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas teve como tema "Justiça Climática e Direitos Humanos: As Ciências Indígenas como Rede de Trocas para o Equilíbrio Humano no Mundo Terrestre", considerando que os povos indígenas, a partir de suas ciências indígenas, têm desempenhado um importante papel na Conservação Ambiental e na promoção dos Direitos Humanos. O evento reforçou o protagonismo indígena na produção acadêmica e a defesa de políticas afirmativas no ensino superior.

Isabel Cristine dos Santos, indígena do povo Munduruku e coordenadora do ENEI, explica que foram debatidos temas como território, justiça, direito das mulheres, diversidade cultural, sociedade e identidade. Ela conta que cerca de 1,7 mil estudantes indígenas de diversos estados participaram do evento.

"Foi um momento de muito fortalecimento e de protagonismo das ciências indígenas e tudo aquilo que os estudantes indígenas têm produzido nas universidades. O nosso principal objetivo foi chamar a atenção das universidades para conhecer a luta dos estudantes indígenas a nível nacional. E também para que olhem para os estudantes indígenas do Amazonas e cedam o nosso direito ao vestibular indígena diferenciado, com acesso, permanência e direito a uma formação exitosa com direito à bolsa, com direito à moradia", enfatiza.

Conexão Povos da Floresta
Na sexta-feira (8), a Funai participou também do painel "Desafios e Perspectivas para a Conectividade Significativa nos Territórios da Floresta", durante o segundo encontro da rede Conexão Povos da Floresta, realizado em Manaus. De acordo com os organizadores, o Conexão Povos da Floresta é uma iniciativa que tem como objetivo conectar em rede, através de internet banda larga, mais de 1 milhão de pessoas de comunidades indígenas, quilombolas, extrativistas e ribeirinhas da Amazônia brasileira. A ideia é aliar conectividade e energia a programas de inclusão, segurança e empoderamento nas comunidades beneficiadas.

A presidenta Joenia Wapichana reforçou a importância da internet para a comunicação, mas ressaltou que o assunto demanda um amplo debate em razão do impacto que tal tecnologia pode causar aos povos indígenas. Isso porque cada povo indígena tem suas particularidades e especificidades culturais que devem ser respeitadas.

"Muitas vezes, quando se discute inovações, quando se pede para que a Funai se pronuncie, a gente vai nesse sentido de orientar a política indigenista no sentido dos impactos. Muitas pessoas não compreendem que é o nosso papel questionar o que vai afetar na cultura, no dia a dia e, principalmente, em relação ao modo de vida que os povos indígenas têm", pontua a presidenta, reforçando também que as comunidades indígenas devem ser incluídas nos debates.

Segundo o fundador da rede Conexão Povos da Floresta, Rodrigo Baggio, "trata-se de uma rede de proteção, de segurança, conhecimento, empreendedorismo, educação, cultura e ancestralidade." Ele destacou a participação feminina na rede e de organizações indígenas como a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).

Ludmar Kokama, da Coiab, explica que a iniciativa não tem como objetivo a prestação de serviços de internet, mas sim levar o programa Conexão Povos da Floresta às comunidades. De acordo com ele, o programa está estruturado nos seguintes eixos de trabalho: educação, saúde, empreendedorismo, cultura, ancestralidade e proteção territorial.

"Para nós, enquanto Coiab, um dos pontos principais é a utilização desse mecanismo como uma forma de resguardar nossos territórios e proteger, utilizando o meio da conexão para que qualquer violência voltada ao nosso território possa ser denunciada por nossas lideranças aos órgãos competentes o mais rápido possível. E, com isso, também informar as nossas organizações de representatividade nos nossos territórios aqui da Amazônia brasileira", afirma.

Direitos sociais
A Funai se reuniu ainda com o defensor Público Geral do Estado do Amazonas, Rafael Barbosa, para discutir parcerias relacionadas à implementação de direitos sociais voltados à população indígena do estado. A reunião serviu para estreitar os laços e qualificar o atendimento aos indígenas. Entre outros pontos, a Funai reforçou que não cabe à autarquia declarar quem é indígena ou não. As comunidades indígenas são as responsáveis pelo reconhecimento étnico.

Pela Funai, além da presidenta Joenia Wapichana, estiveram presentes no encontro a diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável, Lucia Alberta, e o coordenador regional da autarquia em Manaus, Emilson Munduruku. Também participaram o diretor da Escola Superior da Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), Helom Nunes, e a coordenadora do Núcleo Especializado na Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais da DPE-AM, Daniele Fernandes.

https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2025/universidade-e-territorio-em-retomada-afirma-funai-no-encontro-nacional-de-estudantes-indigenas-em-manaus
 

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