De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
Desmatamento em reserva indígena do PR teve 'crescimento exponencial e criminoso' desde que cacique assumiu, diz MPF
22/08/2025
Autor: Millena Sartori, Samilli Penteado, Bruno Fávaro
Fonte: G1 - https://g1.globo.com/
Desmatamento em reserva indígena do PR teve 'crescimento exponencial e criminoso' desde que cacique assumiu, diz MPF
Cacique José Carlos Gabriel, de aldeia Kaingang, foi preso nesta quinta (22). Ministério Público Federal (MPF) afirma que ele era conivente com os crimes ambientais. Defesa dele afirma que ele é inocente.
As investigações apontam que, desde que o cacique José Carlos Gabriel assumiu o cargo em uma aldeia da etnia Kaingang que fica na reserva indígena de Mangueirinha, na região central do Paraná, o desmatamento na região teve um "crescimento exponencial e criminoso", segundo o Ministério Público Federal (MPF).
O indígena se tornou cacique em 2021 e foi preso nesta quinta-feira (21) pela Polícia Federal (PF), suspeito de integrar uma quadrilha especializada no crime ambiental, formada por indígenas e não-indígenas. Na operação, a PF também prendeu o vice-cacique e outras duas pessoas. Relembre mais abaixo.
"Relatos indicam que o cacique utilizava suas prerrogativas para promover o arrendamento de terras e a exploração ilícita de madeira, cobrando pelo uso de maquinários que deveriam ser de uso comum da comunidade. A extensão do dano ambiental é alarmante. Durante o mandato dele, foram identificados 255 alertas de desmatamento na área, com um laudo pericial da PF revelando um padrão sistemático de exploração florestal irregular e danos à flora", afirma o MPF.
De acordo com o órgão, o principal foco dos suspeitos eram árvores cujas espécies estão ameaçadas de extinção, especialmente araucárias.
As investigações apontam que o transporte da madeira ocorria frequentemente durante a madrugada, para fugir de fiscalizações, e que as negociações envolviam grandes volumes - como um pedido de duas mil tábuas em uma única transação.
"A conivência de parte da liderança indígena com o desmatamento, muitas vezes ignorando as denúncias ou avisando os envolvidos sobre fiscalizações, intensificou o problema. Além disso, houve relatos de ameaças e o fortalecimento de grupos madeireiros através da violência, criando um cenário de instabilidade interna na comunidade", afirma o MPF.
O Ministério Público Federal também divulgou que o grupo criminoso operava de forma estruturada, com divisão de tarefas que incluíam desde a coordenação e execução do corte, até a logística de transporte e a recepção da madeira ilícita.
Para os promotores e os policiais federais, o cacique e o vice-cacique eram "peças-chave" no esquema, e se beneficiavam econômica e politicamente da prática ilegal.
Eles estão sendo investigados pelos crimes de organização criminosa, furto qualificado, receptação qualificada e crimes ambientais, com penas que podem ultrapassar 20 anos de reclusão.
Em nota, a advogada Franciele Fagundes Brandoli Kelin, que atua na defesa do cacique, do vice-cacique e de outro detido nesta quinta (21), alega que eles são inocentes. A advogada afirma que, como a investigação ainda está em andamento e não foi concluída, "não se pode, em hipótese alguma, atribuir culpa ou responsabilidade definitiva a quaisquer dos investigados neste momento".
Terra indígena de Mangueirinha
A terra indígena de Mangueirinha fica no bioma Mata Atlântica e é considerada a maior reserva de araucárias do Brasil e uma das maiores e últimas do mundo. Ela também abriga outras espécies vegetais ameaçadas de extinção, como angico, cedro e xaxim.
A região possui cerca de 17 mil hectares, entre as cidades de Chopinzinho, Coronel Vivida e Mangueirinha e abriga aproximadamente 780 famílias das etnias Kaingang e Guarani, o que totaliza mais de três mil indígenas, em 8 aldeias.
O MPF explica que em terras indígenas, a madeira é considerada propriedade coletiva, e seu corte é proibido individualmente, dependendo de decisão conjunta da liderança e autorização prévia do Ibama.
Ações criminosas relacionadas a desmatamento no local vêm sendo alvo de investigações da PF e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) há pelo menos dois anos. Saiba mais abaixo.
Cacique e vice-cacique presos
José Carlos Gabriel, cacique de uma das aldeias da região, e o vice-cacique dele, Cristian Ricardo Carneiro, foram presos nesta quinta-feira (21) pela Polícia Federal (PF).
Foram expedidos 17 mandados judiciais em Mangueirinha e outras cidades da região, sendo cinco de prisão preventiva e os outros de busca e apreensão e de quebra de sigilo bancário.
Um dos alvos não foi encontrado e passou a ser considerado foragido.
Agora, a PF busca identificar quem eram os compradores da madeira extraída ilegalmente da área.
Ações anteriores da PF
Em maio de 2023, uma serraria móvel foi apreendida no local pelo Ibama. Além do maquinário, os agentes também encontraram uma grande quantidade de toras de Araucária, espécie ameaçada de extinção, serradas ilegalmente.
RELEMBRE: Pela primeira vez serraria móvel é apreendida dentro de reserva indígena no Paraná, diz Ibama
Em setembro do mesmo ano, agentes da PF e do Ibama multaram quatro madeireiras da região. Na época, foram encontradas mais araucárias nativas serradas.
RELEMBRE: Ibama e PF apreendem araucárias extraídas de terra indígena em Mangueirinha
Em junho de 2025, dois homens indígenas, de 51 e 53 anos, foram presos pela PF por corte ilegal de árvores ameaçadas de extinção para comércio clandestino, segundo a corporação. Eles foram pegos em flagrante em uma área de mata da reserva indígena de Mangueirinha.
https://g1.globo.com/pr/campos-gerais-sul/noticia/2025/08/22/desmatamento-em-reserva-indigena-do-pr-teve-crescimento-exponencial-e-criminoso-desde-que-cacique-assumiu-diz-mpf.ghtml
Cacique José Carlos Gabriel, de aldeia Kaingang, foi preso nesta quinta (22). Ministério Público Federal (MPF) afirma que ele era conivente com os crimes ambientais. Defesa dele afirma que ele é inocente.
As investigações apontam que, desde que o cacique José Carlos Gabriel assumiu o cargo em uma aldeia da etnia Kaingang que fica na reserva indígena de Mangueirinha, na região central do Paraná, o desmatamento na região teve um "crescimento exponencial e criminoso", segundo o Ministério Público Federal (MPF).
O indígena se tornou cacique em 2021 e foi preso nesta quinta-feira (21) pela Polícia Federal (PF), suspeito de integrar uma quadrilha especializada no crime ambiental, formada por indígenas e não-indígenas. Na operação, a PF também prendeu o vice-cacique e outras duas pessoas. Relembre mais abaixo.
"Relatos indicam que o cacique utilizava suas prerrogativas para promover o arrendamento de terras e a exploração ilícita de madeira, cobrando pelo uso de maquinários que deveriam ser de uso comum da comunidade. A extensão do dano ambiental é alarmante. Durante o mandato dele, foram identificados 255 alertas de desmatamento na área, com um laudo pericial da PF revelando um padrão sistemático de exploração florestal irregular e danos à flora", afirma o MPF.
De acordo com o órgão, o principal foco dos suspeitos eram árvores cujas espécies estão ameaçadas de extinção, especialmente araucárias.
As investigações apontam que o transporte da madeira ocorria frequentemente durante a madrugada, para fugir de fiscalizações, e que as negociações envolviam grandes volumes - como um pedido de duas mil tábuas em uma única transação.
"A conivência de parte da liderança indígena com o desmatamento, muitas vezes ignorando as denúncias ou avisando os envolvidos sobre fiscalizações, intensificou o problema. Além disso, houve relatos de ameaças e o fortalecimento de grupos madeireiros através da violência, criando um cenário de instabilidade interna na comunidade", afirma o MPF.
O Ministério Público Federal também divulgou que o grupo criminoso operava de forma estruturada, com divisão de tarefas que incluíam desde a coordenação e execução do corte, até a logística de transporte e a recepção da madeira ilícita.
Para os promotores e os policiais federais, o cacique e o vice-cacique eram "peças-chave" no esquema, e se beneficiavam econômica e politicamente da prática ilegal.
Eles estão sendo investigados pelos crimes de organização criminosa, furto qualificado, receptação qualificada e crimes ambientais, com penas que podem ultrapassar 20 anos de reclusão.
Em nota, a advogada Franciele Fagundes Brandoli Kelin, que atua na defesa do cacique, do vice-cacique e de outro detido nesta quinta (21), alega que eles são inocentes. A advogada afirma que, como a investigação ainda está em andamento e não foi concluída, "não se pode, em hipótese alguma, atribuir culpa ou responsabilidade definitiva a quaisquer dos investigados neste momento".
Terra indígena de Mangueirinha
A terra indígena de Mangueirinha fica no bioma Mata Atlântica e é considerada a maior reserva de araucárias do Brasil e uma das maiores e últimas do mundo. Ela também abriga outras espécies vegetais ameaçadas de extinção, como angico, cedro e xaxim.
A região possui cerca de 17 mil hectares, entre as cidades de Chopinzinho, Coronel Vivida e Mangueirinha e abriga aproximadamente 780 famílias das etnias Kaingang e Guarani, o que totaliza mais de três mil indígenas, em 8 aldeias.
O MPF explica que em terras indígenas, a madeira é considerada propriedade coletiva, e seu corte é proibido individualmente, dependendo de decisão conjunta da liderança e autorização prévia do Ibama.
Ações criminosas relacionadas a desmatamento no local vêm sendo alvo de investigações da PF e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) há pelo menos dois anos. Saiba mais abaixo.
Cacique e vice-cacique presos
José Carlos Gabriel, cacique de uma das aldeias da região, e o vice-cacique dele, Cristian Ricardo Carneiro, foram presos nesta quinta-feira (21) pela Polícia Federal (PF).
Foram expedidos 17 mandados judiciais em Mangueirinha e outras cidades da região, sendo cinco de prisão preventiva e os outros de busca e apreensão e de quebra de sigilo bancário.
Um dos alvos não foi encontrado e passou a ser considerado foragido.
Agora, a PF busca identificar quem eram os compradores da madeira extraída ilegalmente da área.
Ações anteriores da PF
Em maio de 2023, uma serraria móvel foi apreendida no local pelo Ibama. Além do maquinário, os agentes também encontraram uma grande quantidade de toras de Araucária, espécie ameaçada de extinção, serradas ilegalmente.
RELEMBRE: Pela primeira vez serraria móvel é apreendida dentro de reserva indígena no Paraná, diz Ibama
Em setembro do mesmo ano, agentes da PF e do Ibama multaram quatro madeireiras da região. Na época, foram encontradas mais araucárias nativas serradas.
RELEMBRE: Ibama e PF apreendem araucárias extraídas de terra indígena em Mangueirinha
Em junho de 2025, dois homens indígenas, de 51 e 53 anos, foram presos pela PF por corte ilegal de árvores ameaçadas de extinção para comércio clandestino, segundo a corporação. Eles foram pegos em flagrante em uma área de mata da reserva indígena de Mangueirinha.
https://g1.globo.com/pr/campos-gerais-sul/noticia/2025/08/22/desmatamento-em-reserva-indigena-do-pr-teve-crescimento-exponencial-e-criminoso-desde-que-cacique-assumiu-diz-mpf.ghtml
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