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Brasil pode liderar uma nova economia a partir da regeneração da terra

19/09/2025

Autor: BUSSACOS, Henrique; MARTINS, Kaísa

Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/



Brasil pode liderar uma nova economia a partir da regeneração da terra
Pauta representa oportunidade econômica para impulsionar negócios, gerar empregos e atrair investimentos
Brasil está em posição privilegiada para liderar transição global

19/09/2025

Henrique Bussacos
Mestre em desenvolvimento socioeconômico, administrador público e diretor-executivo do Impact Hub São Paulo

Kaísa Martins
Jornalista especialista em comunicação empresarial, atuando na área de impacto socioambiental

Regeneração da terra deixou de ser um debate restrito ao campo ambiental e tornou-se tema central na agenda econômica global.

Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), 33% dos solos do planeta estão degradados, afetando diretamente segurança alimentar e meios de subsistência de mais de 3,2 bilhões de pessoas.

No Brasil, 109,7 milhões de hectares de pastagens apresentam nível de degradação de moderada a severa, de acordo com a Embrapa.

Esses números revelam não apenas a gravidade do problema, mas também a dimensão da oportunidade. O que poderia ser apenas uma ameaça se revela como caminho fértil para gerar novos negócios, criar empregos verdes e atrair investimentos.

Ao colocar a terra no centro das soluções, é possível integrar clima, alimentação, tecnologia e biodiversidade em uma mesma agenda de impacto. A economia da restauração representa uma das maiores frentes de crescimento sustentável do século.

A regeneração do solo não é apenas uma pauta ambiental. Trata-se de um ponto de interseção que conecta múltiplas áreas: água potável, segurança alimentar, mitigação das mudanças climáticas e uso de tecnologias de monitoramento e inteligência artificial aplicadas ao campo.

Startups como a Genera Bioeconomia, que impulsiona negócios sustentáveis e escaláveis na bioeconomia da Amazônia, têm mostrado como ciência e inovação podem ser aplicadas para recuperar áreas degradadas, ao mesmo tempo em que criam valor econômico.

Grandes empresas também começam a se movimentar. A Nestlé, por exemplo, anunciou recentemente iniciativas de restauração ambiental na Bahia e no Pará, em regiões de produção de café e cacau, como parte da meta de reduzir a emissão de gases de efeito estufa.

Ao lado dessas grandes empresas, instituições de pesquisa e fundos de investimento começam a enxergar nesse campo um território fértil para unir impacto ambiental e retorno financeiro.

O Brasil ocupa uma posição estratégica no cenário global. Além de deter a maior floresta tropical do mundo, possui vastas áreas agrícolas que podem se tornar laboratório vivo para a economia regenerativa. Programas como o Partnerships for Forests têm apoiado modelos de negócios que mostram como é possível unir conservação, geração de renda e investimento de impacto.

Mas, para que essa agenda avance, é necessário reduzir barreiras de financiamento, ampliar o apoio a startups que já operam nesse campo e criar políticas públicas capazes de fomentar a transição para uma economia regenerativa. O movimento de aceleradoras e hubs de inovação, como o Impact Hub, tem esse papel de conectar empreendedores, investidores e grandes empresas em torno de soluções viáveis e escaláveis.

Com a COP30 marcada para logo mais em Belém, o Brasil tem a oportunidade de colocar a regeneração da terra no centro das negociações internacionais. Não apenas como guardião de sua biodiversidade, mas como líder capaz de propor soluções replicáveis em escala global.

A proposta é regenerar a terra e regenerar também nossas perspectivas de futuro. Transformar solos degradados em terras produtivas e resilientes significa abrir caminho para uma economia que une inovação, impacto social e conservação ambiental.

Se o século 20 foi marcado pela exploração desenfreada dos recursos naturais, o século 21 pode ser lembrado como o momento em que o Brasil e o mundo decidiram restaurar, regenerar e prosperar. O país tem todos os elementos para liderar esse movimento. Basta escolher assumir esse papel.

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/papo-de-responsa/2025/09/brasil-pode-liderar-uma-nova-economia-a-partir-da-regeneracao-da-terra.shtml
 

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