De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
BR-319: geólogo alerta para risco de inundações
19/10/2025
Autor: Thiago Monteiro
Fonte: A Critica - https://www.acritica.com
A repavimentação do chamado "trecho do meio" da rodovia BR-319 (nos quilômetros 250 ao 655,7), que liga o Amazonas a Rondônia, é tida como crucial para o desenvolvimento de ambos os estados. Contudo, a obra levanta sérias preocupações sobre seus impactos geológicos e no ciclo das águas da região.
O geólogo e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Lucindo Antunes Fernandes Filho, alerta para o risco de inundações e problemas de longo prazo se os estudos adequados não forem realizados.
O professor Lucindo Filho se declara a favor da BR-319, classificando a interestadual como imprescindível para a nossa região. Segundo ele, o foco da preocupação não é a oposição à obra, mas sim a sua execução técnica.
Para Filho, o maior desafio da BR-319 reside no "trecho do meio", que se apoia sobre rochas geologicamente jovens, incoesas e porosas. O geólogo explica que a obra, se não for planejada corretamente, pode interferir na circulação da água superficial (rios e igarapés) e subterrânea (nível freático).
"A obra ela não pode interferir na circulação da água superficial, que são as águas que correm nos igarapés e nos rios, que vai, tipo, que a gente define as bacias hidrográficas. Se você fizer uma obra que vai intervir na circulação da água, vai gerar problema", comenta.
O professor alerta que a obstrução do escoamento pode causar "enchente de um lado, vazante e escassez de água do outro". Além do impacto ambiental, ele destaca o risco à própria infraestrutura, pois os processos subterrâneos são lentos e os defeitos na rodovia podem levar dois, três anos para começar a dar defeito.
A solução, de acordo com Filho, exige um estudo completo para caracterizar os processos naturais, o que implica um custo mais elevado. "Essa obra ela é diferente e complexa. Então, tem que ser levado em consideração várias particularidades para que a obra saia perfeita", disse o professor.
Contestação
No entanto, o presidente da Associação Amigos e Defensores da BR-319, André Marsílio, contesta veementemente a ideia de que a rodovia federal será inundada com a pavimentação da estrada. Marsílio afirma que a estrada tem se mantido trafegável nos últimos dois anos, mesmo "sem estrutura, sem o repavimento".
"Esses últimos dois anos, só para ter uma ideia, com as chuvas rigorosas, a BR continuou trafegável, ela não ficou parada como nos outros anos", afirmou o presidente da associação.
Impasse entre Dnit e Ibama
O andamento do licenciamento ambiental para a pavimentação do trecho do meio da BR-319 enfrenta obstáculos burocráticos. No dia 9 de outubro, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) prestou esclarecimentos adicionais sobre o licenciamento. Em cumprimento às exigências da Licença Prévia (LP), emitida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em julho de 2022, o Dnit submeteu, em junho de 2024, o Plano Básico Ambiental (PBA) e o Relatório do Diagnóstico Socioambiental Participativo (DSAP).
Em resposta, o Ibama informou que a análise desses documentos somente será realizada quando todos os demais requisitos e condicionantes da licença forem atendidos e protocolados em conjunto.
Em nota, o Dnit esclareceu que tais condicionantes envolvem uma ampla gama de ações, como protocolos com comunidades indígenas, estudos complementares e medidas de governança socioambiental. Essas exigências vão além das atribuições regimentais exclusivas da autarquia federal, abrangendo competências de diversas instituições federais. Dessa forma, a exigência do Ibama, na prática, inviabiliza qualquer pedido imediato de Licença de Instalação por parte do Dnit.
A autarquia reitera seu compromisso com o cumprimento integral das normas ambientais e continua em diálogo com o Ibama e demais órgãos envolvidos, buscando superar os desafios de forma colaborativa para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Galerias
afirma que a solução para o ponto problemático da 319 será técnica, com a instalação de galerias que irão melhorar a drenagem.
Único ponto que sofreu alagamento
André Marsílio reconhece que apenas um ponto da rodovia, uma parte original da década de 1970 que nunca foi elevada, sofreu alagamento na pior cheia da história do Amazonas (2021). No entanto, ele destaca que a maioria das outras partes críticas, como as vias de acesso entre o Careiro da Várzea e o Careiro Castanho, que foram elevadas. Segundo ele, o que existe é muito "charco de um lado e de outro".
https://www.acritica.com/geral/br-319-geologo-alerta-para-risco-de-inundac-es-1.386601
O geólogo e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Lucindo Antunes Fernandes Filho, alerta para o risco de inundações e problemas de longo prazo se os estudos adequados não forem realizados.
O professor Lucindo Filho se declara a favor da BR-319, classificando a interestadual como imprescindível para a nossa região. Segundo ele, o foco da preocupação não é a oposição à obra, mas sim a sua execução técnica.
Para Filho, o maior desafio da BR-319 reside no "trecho do meio", que se apoia sobre rochas geologicamente jovens, incoesas e porosas. O geólogo explica que a obra, se não for planejada corretamente, pode interferir na circulação da água superficial (rios e igarapés) e subterrânea (nível freático).
"A obra ela não pode interferir na circulação da água superficial, que são as águas que correm nos igarapés e nos rios, que vai, tipo, que a gente define as bacias hidrográficas. Se você fizer uma obra que vai intervir na circulação da água, vai gerar problema", comenta.
O professor alerta que a obstrução do escoamento pode causar "enchente de um lado, vazante e escassez de água do outro". Além do impacto ambiental, ele destaca o risco à própria infraestrutura, pois os processos subterrâneos são lentos e os defeitos na rodovia podem levar dois, três anos para começar a dar defeito.
A solução, de acordo com Filho, exige um estudo completo para caracterizar os processos naturais, o que implica um custo mais elevado. "Essa obra ela é diferente e complexa. Então, tem que ser levado em consideração várias particularidades para que a obra saia perfeita", disse o professor.
Contestação
No entanto, o presidente da Associação Amigos e Defensores da BR-319, André Marsílio, contesta veementemente a ideia de que a rodovia federal será inundada com a pavimentação da estrada. Marsílio afirma que a estrada tem se mantido trafegável nos últimos dois anos, mesmo "sem estrutura, sem o repavimento".
"Esses últimos dois anos, só para ter uma ideia, com as chuvas rigorosas, a BR continuou trafegável, ela não ficou parada como nos outros anos", afirmou o presidente da associação.
Impasse entre Dnit e Ibama
O andamento do licenciamento ambiental para a pavimentação do trecho do meio da BR-319 enfrenta obstáculos burocráticos. No dia 9 de outubro, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) prestou esclarecimentos adicionais sobre o licenciamento. Em cumprimento às exigências da Licença Prévia (LP), emitida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em julho de 2022, o Dnit submeteu, em junho de 2024, o Plano Básico Ambiental (PBA) e o Relatório do Diagnóstico Socioambiental Participativo (DSAP).
Em resposta, o Ibama informou que a análise desses documentos somente será realizada quando todos os demais requisitos e condicionantes da licença forem atendidos e protocolados em conjunto.
Em nota, o Dnit esclareceu que tais condicionantes envolvem uma ampla gama de ações, como protocolos com comunidades indígenas, estudos complementares e medidas de governança socioambiental. Essas exigências vão além das atribuições regimentais exclusivas da autarquia federal, abrangendo competências de diversas instituições federais. Dessa forma, a exigência do Ibama, na prática, inviabiliza qualquer pedido imediato de Licença de Instalação por parte do Dnit.
A autarquia reitera seu compromisso com o cumprimento integral das normas ambientais e continua em diálogo com o Ibama e demais órgãos envolvidos, buscando superar os desafios de forma colaborativa para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Galerias
afirma que a solução para o ponto problemático da 319 será técnica, com a instalação de galerias que irão melhorar a drenagem.
Único ponto que sofreu alagamento
André Marsílio reconhece que apenas um ponto da rodovia, uma parte original da década de 1970 que nunca foi elevada, sofreu alagamento na pior cheia da história do Amazonas (2021). No entanto, ele destaca que a maioria das outras partes críticas, como as vias de acesso entre o Careiro da Várzea e o Careiro Castanho, que foram elevadas. Segundo ele, o que existe é muito "charco de um lado e de outro".
https://www.acritica.com/geral/br-319-geologo-alerta-para-risco-de-inundac-es-1.386601
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