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Pré-COP das quebradeiras de coco babaçu denuncia impactos socioambientais
25/10/2025
Autor: Mariana Castro
Fonte: Brasil de Fato - https://www.brasildefato.com.br/
Pré-COP das quebradeiras de coco babaçu denuncia impactos socioambientais
Encontros preparam delegação para participação na COP30 e Cúpula dos Povos e reforçam papel em defesa do meio ambiente.
Às vésperas da COP30, o Bem Viver, programa do Brasil de Fato, apresenta um conteúdo especial com as vozes que precisam ser ouvidas no maior evento mundial sobre o clima, entre elas, atuando na defesa dos territórios e das florestas, mais de 300 mil mulheres dos estados Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins compõem o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) e debatem os impactos das mudanças climáticas, reforçando que as soluções para a crise começam nas comunidades.
O babaçu é fruto de palmeiras nativas do Cerrado, encontradas especialmente nos estados do Norte e Nordeste, comumente chamadas de "mãe" pelas quebradeiras, que dali geram renda e impulsionam a economia sustentável na região a partir da venda das amêndoas e produção diversificada como óleo, cosméticos, artesanato e farinha.
Em encontros regionais de formação, elas se preparam para o envio de uma comissão de 80 mulheres para a COP-30 e Cúpula dos Povos, que vão acontecer paralelamente durante o mês de novembro, em Belém, como explica a quebradeira de coco e coordenadora de base no estado do Pará, Cledeneuza Maria.
"Nós defendemos o meio ambiente, o clima, e necessitamos deles. Precisamos defender e precisamos dizer a necessidade para nós. Precisamos que nossas palmeiras de babaçu continuem produzindo e a situação climática afeta nosso trabalho, nossa convivência e tudo que nós temos".
Da palmeira do babaçu, tudo é aproveitado pelas quebradeiras para o beneficiamento, mas ao longo das formações pré-COP elas denunciam que o desmatamento ameaça as condições de vida digna, como aponta Maria José, quebradeira de coco e coordenadora de base no Maranhão.
"Queremos reivindicar que diminuam o desmatamento da floresta de babaçu, porque nós, quebradeiras de coco babaçu precisamos do babaçu em pé para que possamos viver de forma digna".
A pré-COP das quebradeiras foi lançada no mês de julho, em Brasília, com a entrega de uma carta com demandas de 28 segmentos que compõem os povos e comunidades tradicionais, representados pelo MIQCB e pela Rede de Povos e Comunidades Tradicionais (Rede PCTs).
A partir de então, elas seguem em articulação nos territórios com rodas de diálogo, oficinas, intervenções culturais e audiências públicas em defesa dos babaçuais e do meio ambiente, como aponta Maria de Sousa, quebradeira de coco do município de Itupiranga e coordenadora de base do MIQCB no Pará.
"Vão ter muitas pessoas do Brasil, mas quero que o povo fora do Brasil tenha conhecimento que tem quebradeiras no Pará, no Tocantins, no Maranhão e no Piauí, então vamos estar lá na COP-30 para ser reconhecidas e dizer que o clima é muito importante para nossa produção, para nosso babaçu produzir, porque eles estão ficando escassos", explica Maria.
A organização das mulheres em torno do babaçu é símbolo de resistência e liberdade em territórios marcados pela grilagem e violência no campo. Dessa maneira, a pré-COP segue como um processo formativo e combativo de denúncia e apresentação de soluções populares.
De cada território, as quebradeiras apontam os impactos vindos das mais diversas frentes, a exemplo da pulverização de agrotóxicos nas chamadas pindovas, que são as palmeiras de babaçu mais jovens.
"O nosso babaçu está sendo acabado, está sendo "extiorado" pelo envenenamento e a derrubada das palmeiras está muito grande, a matança das pindovas que é um grande impacto para nós todas, quebradeiras de coco, não só na regional Pará, mas no Maranhão, Tocantins e Piauí, onde atuamos", pontua Maria.
Além disso os grandes empreendimentos estão na mira das denúncias, como o projeto de derrocamento do Pedral do Lourenço, no município de Itupiranga, no Pará, que deve servir ao escoamento da produção do agronegócio e mineral, mas vai impactar profundamente a vida de povos e comunidades tradicionais.
"Vai ser um impacto para toda a comunidade que mora no entorno do Lourençal, vai impactar os pescadores que sobrevivem da pesca, porque eles pegam o peixe para se alimentar e para vender. Com essa hidrovia acontecendo, nada disso vai ter mais. E para nós quebradeiras é a mesma coisa, não vamos poder atravessar o rio para coletar o coco do outro lado. Onde quebramos nosso coco, vai estar passando navios cheios de soja, milho, gado e até minério. Como vamos conseguir atravessar nosso rio para coletar nosso coco do outro lado?", questiona.
E tem mais...
O Bem Viver traz também dentro do contexto da COP30, vivências do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) nos assentamentos da Amazônia para mostrar que a agroecologia brota do chão como solução real para o futuro.
Belém do Pará é marcada por uma das maiores manifestações de fé do mundo, que é o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, reunindo todos os anos mais de 2,5 milhões de pessoas. Mas além da famosa procissão, desde 1993 artistas dedicam homenagens em forma de espetáculo nas ruas, que já se tornou Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil - é o Auto do Círio, que este ano homenageou os povos da floresta na COP30.
Já na outra ponta do país, em Porto Alegre (RS), um grupo de artistas resolveu usar o teatro de rua e o teatro de vivência para combater a ditadura militar em 1977. Desde lá, vem desenvolvendo uma linguagem cênica inovadora, unindo arte e ativismo político e também formação de atores. É a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, premiado grupo teatral que segue acreditando no poder do teatro.
E tem receita! A chef Gema Soto ensina as tradicionais empanadas venezuelanas com jeitinho brasileiro.
Editado por: Marina Duarte de Souza
https://www.brasildefato.com.br/2025/10/25/pre-cop-das-quebradeiras-de-coco-babacu-denuncia-impactos-socioambientais/
Encontros preparam delegação para participação na COP30 e Cúpula dos Povos e reforçam papel em defesa do meio ambiente.
Às vésperas da COP30, o Bem Viver, programa do Brasil de Fato, apresenta um conteúdo especial com as vozes que precisam ser ouvidas no maior evento mundial sobre o clima, entre elas, atuando na defesa dos territórios e das florestas, mais de 300 mil mulheres dos estados Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins compõem o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) e debatem os impactos das mudanças climáticas, reforçando que as soluções para a crise começam nas comunidades.
O babaçu é fruto de palmeiras nativas do Cerrado, encontradas especialmente nos estados do Norte e Nordeste, comumente chamadas de "mãe" pelas quebradeiras, que dali geram renda e impulsionam a economia sustentável na região a partir da venda das amêndoas e produção diversificada como óleo, cosméticos, artesanato e farinha.
Em encontros regionais de formação, elas se preparam para o envio de uma comissão de 80 mulheres para a COP-30 e Cúpula dos Povos, que vão acontecer paralelamente durante o mês de novembro, em Belém, como explica a quebradeira de coco e coordenadora de base no estado do Pará, Cledeneuza Maria.
"Nós defendemos o meio ambiente, o clima, e necessitamos deles. Precisamos defender e precisamos dizer a necessidade para nós. Precisamos que nossas palmeiras de babaçu continuem produzindo e a situação climática afeta nosso trabalho, nossa convivência e tudo que nós temos".
Da palmeira do babaçu, tudo é aproveitado pelas quebradeiras para o beneficiamento, mas ao longo das formações pré-COP elas denunciam que o desmatamento ameaça as condições de vida digna, como aponta Maria José, quebradeira de coco e coordenadora de base no Maranhão.
"Queremos reivindicar que diminuam o desmatamento da floresta de babaçu, porque nós, quebradeiras de coco babaçu precisamos do babaçu em pé para que possamos viver de forma digna".
A pré-COP das quebradeiras foi lançada no mês de julho, em Brasília, com a entrega de uma carta com demandas de 28 segmentos que compõem os povos e comunidades tradicionais, representados pelo MIQCB e pela Rede de Povos e Comunidades Tradicionais (Rede PCTs).
A partir de então, elas seguem em articulação nos territórios com rodas de diálogo, oficinas, intervenções culturais e audiências públicas em defesa dos babaçuais e do meio ambiente, como aponta Maria de Sousa, quebradeira de coco do município de Itupiranga e coordenadora de base do MIQCB no Pará.
"Vão ter muitas pessoas do Brasil, mas quero que o povo fora do Brasil tenha conhecimento que tem quebradeiras no Pará, no Tocantins, no Maranhão e no Piauí, então vamos estar lá na COP-30 para ser reconhecidas e dizer que o clima é muito importante para nossa produção, para nosso babaçu produzir, porque eles estão ficando escassos", explica Maria.
A organização das mulheres em torno do babaçu é símbolo de resistência e liberdade em territórios marcados pela grilagem e violência no campo. Dessa maneira, a pré-COP segue como um processo formativo e combativo de denúncia e apresentação de soluções populares.
De cada território, as quebradeiras apontam os impactos vindos das mais diversas frentes, a exemplo da pulverização de agrotóxicos nas chamadas pindovas, que são as palmeiras de babaçu mais jovens.
"O nosso babaçu está sendo acabado, está sendo "extiorado" pelo envenenamento e a derrubada das palmeiras está muito grande, a matança das pindovas que é um grande impacto para nós todas, quebradeiras de coco, não só na regional Pará, mas no Maranhão, Tocantins e Piauí, onde atuamos", pontua Maria.
Além disso os grandes empreendimentos estão na mira das denúncias, como o projeto de derrocamento do Pedral do Lourenço, no município de Itupiranga, no Pará, que deve servir ao escoamento da produção do agronegócio e mineral, mas vai impactar profundamente a vida de povos e comunidades tradicionais.
"Vai ser um impacto para toda a comunidade que mora no entorno do Lourençal, vai impactar os pescadores que sobrevivem da pesca, porque eles pegam o peixe para se alimentar e para vender. Com essa hidrovia acontecendo, nada disso vai ter mais. E para nós quebradeiras é a mesma coisa, não vamos poder atravessar o rio para coletar o coco do outro lado. Onde quebramos nosso coco, vai estar passando navios cheios de soja, milho, gado e até minério. Como vamos conseguir atravessar nosso rio para coletar nosso coco do outro lado?", questiona.
E tem mais...
O Bem Viver traz também dentro do contexto da COP30, vivências do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) nos assentamentos da Amazônia para mostrar que a agroecologia brota do chão como solução real para o futuro.
Belém do Pará é marcada por uma das maiores manifestações de fé do mundo, que é o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, reunindo todos os anos mais de 2,5 milhões de pessoas. Mas além da famosa procissão, desde 1993 artistas dedicam homenagens em forma de espetáculo nas ruas, que já se tornou Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil - é o Auto do Círio, que este ano homenageou os povos da floresta na COP30.
Já na outra ponta do país, em Porto Alegre (RS), um grupo de artistas resolveu usar o teatro de rua e o teatro de vivência para combater a ditadura militar em 1977. Desde lá, vem desenvolvendo uma linguagem cênica inovadora, unindo arte e ativismo político e também formação de atores. É a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, premiado grupo teatral que segue acreditando no poder do teatro.
E tem receita! A chef Gema Soto ensina as tradicionais empanadas venezuelanas com jeitinho brasileiro.
Editado por: Marina Duarte de Souza
https://www.brasildefato.com.br/2025/10/25/pre-cop-das-quebradeiras-de-coco-babacu-denuncia-impactos-socioambientais/
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