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Mudanças climáticas colocam biomas brasileiros no centro do debate na Casa da Ciência

18/11/2025

Fonte: MCTI - https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/noticias/2025/11/mudancas-climaticas-colocam-b



Mudanças climáticas colocam biomas brasileiros no centro do debate na Casa da Ciência
Especialistas discutem resiliência da Amazônia, Caatinga e Cerrado e reforçam importância da pesquisa científica para orientar políticas públicas.

Publicado em 18/11/2025 16h06 Atualizado em 18/11/2025 16h09

A Casa da Ciência, instalada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação no Museu Paraense Emílio Goeldi durante a COP30, recebeu nesta segunda-feira (17) a mesa redonda Biodiversidade e Restauração Ecológica, que colocou lado a lado conhecimentos técnicos, saberes tradicionais e tecnologias de ponta. O encontro mapeou desafios práticos - do preparo do solo ao retorno da fauna - e destacou que restaurar é, ao mesmo tempo, ciência, política e economia local.

A especialista do Instituto Socioambiental (ISA) Danielle Celentano iniciou o debate lembrando que restauração é ação intencional e que a conservação continua sendo prioridade. Segundo ela, a restauração deve ser parte de estratégias maiores, além de respeitar saberes tradicionais. "Restauração ecológica é o processo intencional de apoiar o restabelecimento de um ecossistema degradado, danificado ou destruído; não é paliativo. Conservar é sempre a prioridade, e os modos de vida dos povos indígenas e das comunidades tradicionais são referência para manter e recuperar a floresta", afirmou.

Os participantes da mesa destacaram as metas globais e brasileiras para a restauração, com ênfase nos compromissos internacionais que colocam o tema no centro das agendas de clima e biodiversidade. Entre eles, está o compromisso assumido pelo Brasil de restaurar 12 milhões de hectares até 2030, alinhada a acordos multilaterais que tratam a restauração como uma solução baseada na natureza - sempre condicionada à existência de territórios seguros, processos de demarcação e apoio efetivo às gestões locais.

Do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, Emiliano Ramalho trouxe o olhar da ciência feita dentro da Amazônia e o papel do monitoramento da fauna para avaliar resultados de restauração. "Nós desenvolvemos metodologias de monitoramento, como a contagem do pirarucu feita por comunidades, e agora estamos integrando imagens e sons com inteligência artificial para saber rapidamente como a fauna volta às áreas restauradas", explicou.

A pesquisadora do Instituto Tecnológico Vale, Sâmia Nunes, detalhou o potencial da vegetação secundária como estratégia para dar escala à restauração e alertou para a dinâmica rápida de ganho e perda dessas áreas. "A vegetação que surge após o desmatamento, a secundária, tem uma dinâmica muito grande. Mapear sua idade e quantas vezes foi desmatada é essencial para avaliar saúde da paisagem e planejar intervenções com maior chance de sucesso", complementou.

O Instituto de Psicologia Aplicada (Inpa) foi representado por Rogério Gribel, que aportou a experiência de intervenções de campo e a lição de que solos muito degradados exigem trabalho técnico prévio para permitir a regeneração. "Existem manchas que não se regeneram por anos. Quando o horizonte superficial é removido e o solo compactado, é preciso descompactar, só então a sucessão natural consegue recomeçar", concluiu.

A discussão reforçou que intervenções feitas sem diagnóstico prévio tendem ao fracasso e que o conhecimento produzido diretamente no campo gera soluções replicáveis para diferentes contextos da Amazônia. Ficou evidente que a recuperação de áreas severamente degradadas exige, antes de tudo, a reconstrução da estrutura do solo e que técnicas testadas em áreas experimentais têm mostrado caminhos concretos para restaurar locais onde a regeneração natural não avança sozinha.

A mesa reuniu abordagens que vão desde o uso de sementes nativas e estratégias comunitárias até tecnologias de monitoramento e metodologias de mapeamento temporal, evidenciando que restaurar florestas significa também fortalecer economias locais e promover justiça socioambiental.

Casa da Ciência

A Casa da Ciência do MCTI, no Museu Paraense Emílio Goeldi, é um espaço de divulgação científica, com foco em soluções climáticas e sustentabilidade, além de ser um ponto de encontro de pesquisadores, gestores públicos, estudantes e sociedade. Até o dia 21, ela será a sede simbólica do ministério e terá exposições, rodas de conversa, oficinas, lançamentos e atividades interativas voltadas ao público geral. Veja a programação completa.


https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/noticias/2025/11/mudancas-climaticas-colocam-biomas-brasileiros-no-centro-do-debate-na-casa-da-ciencia
 

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