De Povos Indígenas no Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Notícias

Difícil missão de reaver a terra

25/03/2001

Autor: Angela Bastos

Fonte: Diário Catarinense - Florianópolis - SC



Comunidades indígenas se mobilizam para demarcar áreas em Santa Catarina

Terra. Este é o maior problema para os povos indígenas que vivem em Santa Catarina. Os cerca de 6,5 mil Guarani, Xokleng e Kaingang das aldeias catarinenses enfrentam muitas dificuldades relacionadas à questão da demarcação. A presença de agricultores, construção do gasoduto Bolívia-Brasil, traçado de rodovias, instalação de barragens e até perímetro urbano de municípios em cima das áreas indígenas demonstram a discriminação com que são tratados.
Mas a luta pelos direitos tem seus desafios. Há exatos 13 dias, a intervenção da Polícia Militar para cumprimento de uma ordem judicial na Aldeia Bugio, em José Boiteux, resultou em feridos e presos. Os caciques Xokleng planejam ida a Brasília, onde pretendem pressionar o ministro da Justiça, José Gregori, para que homologue a demarcação dos 37 mil hectares. "A gente está decidido a não abrir mão dos nossos direitos", diz Pedro Lemos, presidente da Associação dos Moradores da Aldeia Bugio.
Tradicionalmente sem-terra, os Guarani de Palhoça estão preocupados. Durante a semana, a Fundação Nacional do Índio (Funai) emitiu parecer favorável à construção de um túnel da obra de duplicação da BR-101 - Trecho Sul.
A obra, entenderam os técnicos da Funai, causa um impacto menor do que se a estrada fosse duplicada. Os Guarani que vivem na região Norte de Santa Catarina também passam por momentos decisivos. Integrantes de sete aldeias espalhadas por quatro cidades buscam a autodemarcação de 2.170 hectares de terra localizados em Araquari.
O conflito é com o governo federal, que detém a propriedade da área. No Oeste de Santa Catarina existem quatro pontos de disputa de terra envolvendo populações indígenas.
A tensão maior é em Sede Trentin, em Chapecó, onde os Kaingang da Aldeia Toldo Chimbangue querem a demarcação de quase mil hectares reivindicados. O processo tramita desde 1985. No local vivem agricultores que exigem indenização pelas benfeitorias.
Para o administrador regional substituto da Funai em Chapecó, José Renato Borges Padilha, os conflitos ocorrem por uma questão tradicional: muitas comunidades foram deslocadas para as aldeias como Nonoai e Xapecó, durante a colonização, e agora querem de volta suas terras. "Temos que resolver a questão da compensação dos agricultores, que foram instalados nestas áreas e têm seus bens", conta.
"Claro que existe uma questão histórica, mas a Funai precisa passar por uma reformulação para melhor atender os povos", sugere Clóvis Brighenti, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Na opinião de Brighenti, são duas as questões básicas: orçamento (Ministério da Justiça) e pessoal. "É preciso dispor de verbas para poder desenvolver programas nas aldeias e profissionais não apegados à burocracia, à desinformação, desanimado", diz o conselheiro Brighenti.
 

As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.