De Povos Indígenas no Brasil
Notícias
Caiovás-guarani recusam acordo
10/01/2004
Fonte: CB, Brasil, p.14
Caiovás-guarani recusam acordo
Índios que invadiram fazendas e sítios no Mato Grosso do Sul dão prazo de dez dias para que fazendeiros retirem seu gado e bens. No caminho para a reunião, juiz federal foi parado em barreira de sem-terra
De nada adiantou o juiz federal Odilon de Oliveira dançar com os índios ao chegar para a reunião na fazenda São Jorge depois de uma caminhada de dois quilômetros. Os índios caiovás-guarani afirmaram que não desocuparão as terras nem permitirão que funcionários entrem para cuidar do gado e das lavouras em Jaoporã, no Mato Grosso do Sul. Os donos das oito fazendas e quatro sítios invadidos desde o dia 22 de dezembro reagiram com revolta ao que chamaram de inflexibilidade dos índios, e disseram que se não houver um acordo, agirão por conta própria.
Odilon foi obrigado a improvisar um gabinete no galpão ocupado pelos índios. Em um microfone, expôs a razão do encontro - uma tentativa de conciliação nas ações de reintegração de posse movidas pelos donos de cinco propriedades invadidas. Uma a uma, as propostas de acordo foram sendo rejeitadas. "É uma situação complicada, pois se os índios têm suas razões, os fazendeiros também", desabafou. "Minha preocupação é evitar o conflito, pois o risco é muito grande." Segundo o juiz, o problema está na Constituição, que, nesse caso, não prevê o pagamento pela terra, apenas pelas benfeitorias.
"Nós vamos até o fim, vamos recuperar toda a terra que nos pertence", respondeu o porta-voz dos índios, Ambrósio Fernandes.
0 juiz, que foi à fazenda invadida sem segurança - três viaturas com agentes da Polícia Federal ficaram na estrada de acesso -, teve de caminhar mais de 2 quilômetros e dançar com os índios. Segundo o porta-voz, os caiovás não aceitaram um acordo porque vêm sendo acusados injustamente de matar o gado.
clima tenso
A chegada do juiz e sua comitiva, que incluía o procurador da República Ramiro Rockembach da Silva, foi cercada de muita tensão. Na quinta-feira, os índios haviam retido durante mais de 2 horas uma equipe de policiais militares e federais que fora até a fazenda vizinha, Chaparral. No grupo estava uma delegada da PE Oliveira foi aconselhado pelos policiais a cancelar a audiência, mas não recuou.
Pintados para a guerra na cores preta e vermelha, cerca de 600 índios, armados com arco e flecha, bordunas, lanças de ferro e facões, cercaram os veículos. Eles desferiram flechadas em uma viatura da Justiça Federal, que ficou danificada na porta. A tensão se agravou quando os índios se desentenderam sobre o local da reunião. O juiz e toda a comitiva foram obrigados a deixar os carros na estrada e caminhar em direção à fazenda.
A tarde, Oliveira reuniu-se com advogados dos cerca de 80 fazendeiros que acompanhavam a movimentação a distância, da estrada, e prometeu uma decisão rápida. "No máximo, até segunda-feira", garantiu. 0 juiz ainda sobrevoou a área de helicóptero, na companhia do superintendente da Polícia Federal, Wantuir Jacini, que seguiu para a região por determinação do ministro da Justiça, M Thomaz Bastos. "Vamos m a área e buscar uma soluça ra o conflito", disse Jacini.
"Fui expulso da propriedade onde vivo há 42 anos, mas quem vai pagar as minhas 85 cabeças de gado?", perguntava o sitiante José Joaquim Nascimento. 0 dono da Fazenda São José, Itamar Varago, acusou os índios de terem praticado violências contra sua mulher. Ele tentou reagir e teve o corpo perfurado com
flechas. Um grupo de fazendeiros reuniu-se no fim da tarde em Iguatemi. Eles decidiram esperar até segunda-feira por um, decisão da Justiça. "Depois, vamos agir por conta própria" disse um deles.
CB, 10/01/2004, Brasil, p. 14
Índios que invadiram fazendas e sítios no Mato Grosso do Sul dão prazo de dez dias para que fazendeiros retirem seu gado e bens. No caminho para a reunião, juiz federal foi parado em barreira de sem-terra
De nada adiantou o juiz federal Odilon de Oliveira dançar com os índios ao chegar para a reunião na fazenda São Jorge depois de uma caminhada de dois quilômetros. Os índios caiovás-guarani afirmaram que não desocuparão as terras nem permitirão que funcionários entrem para cuidar do gado e das lavouras em Jaoporã, no Mato Grosso do Sul. Os donos das oito fazendas e quatro sítios invadidos desde o dia 22 de dezembro reagiram com revolta ao que chamaram de inflexibilidade dos índios, e disseram que se não houver um acordo, agirão por conta própria.
Odilon foi obrigado a improvisar um gabinete no galpão ocupado pelos índios. Em um microfone, expôs a razão do encontro - uma tentativa de conciliação nas ações de reintegração de posse movidas pelos donos de cinco propriedades invadidas. Uma a uma, as propostas de acordo foram sendo rejeitadas. "É uma situação complicada, pois se os índios têm suas razões, os fazendeiros também", desabafou. "Minha preocupação é evitar o conflito, pois o risco é muito grande." Segundo o juiz, o problema está na Constituição, que, nesse caso, não prevê o pagamento pela terra, apenas pelas benfeitorias.
"Nós vamos até o fim, vamos recuperar toda a terra que nos pertence", respondeu o porta-voz dos índios, Ambrósio Fernandes.
0 juiz, que foi à fazenda invadida sem segurança - três viaturas com agentes da Polícia Federal ficaram na estrada de acesso -, teve de caminhar mais de 2 quilômetros e dançar com os índios. Segundo o porta-voz, os caiovás não aceitaram um acordo porque vêm sendo acusados injustamente de matar o gado.
clima tenso
A chegada do juiz e sua comitiva, que incluía o procurador da República Ramiro Rockembach da Silva, foi cercada de muita tensão. Na quinta-feira, os índios haviam retido durante mais de 2 horas uma equipe de policiais militares e federais que fora até a fazenda vizinha, Chaparral. No grupo estava uma delegada da PE Oliveira foi aconselhado pelos policiais a cancelar a audiência, mas não recuou.
Pintados para a guerra na cores preta e vermelha, cerca de 600 índios, armados com arco e flecha, bordunas, lanças de ferro e facões, cercaram os veículos. Eles desferiram flechadas em uma viatura da Justiça Federal, que ficou danificada na porta. A tensão se agravou quando os índios se desentenderam sobre o local da reunião. O juiz e toda a comitiva foram obrigados a deixar os carros na estrada e caminhar em direção à fazenda.
A tarde, Oliveira reuniu-se com advogados dos cerca de 80 fazendeiros que acompanhavam a movimentação a distância, da estrada, e prometeu uma decisão rápida. "No máximo, até segunda-feira", garantiu. 0 juiz ainda sobrevoou a área de helicóptero, na companhia do superintendente da Polícia Federal, Wantuir Jacini, que seguiu para a região por determinação do ministro da Justiça, M Thomaz Bastos. "Vamos m a área e buscar uma soluça ra o conflito", disse Jacini.
"Fui expulso da propriedade onde vivo há 42 anos, mas quem vai pagar as minhas 85 cabeças de gado?", perguntava o sitiante José Joaquim Nascimento. 0 dono da Fazenda São José, Itamar Varago, acusou os índios de terem praticado violências contra sua mulher. Ele tentou reagir e teve o corpo perfurado com
flechas. Um grupo de fazendeiros reuniu-se no fim da tarde em Iguatemi. Eles decidiram esperar até segunda-feira por um, decisão da Justiça. "Depois, vamos agir por conta própria" disse um deles.
CB, 10/01/2004, Brasil, p. 14
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